O Estado de S. Paulo
STF articula nos vestiários o jogo contra ataques à democracia e manobras bolsonaristas
Ao recrudescer os ataques ao Supremo, o
presidente Jair Bolsonaro consegue o oposto do que gostaria. Em vez de rachar,
ele une os ministros, que voltam a jogar como time contra o inimigo maior, ou
melhor, contra quem a maioria da Corte considera o inimigo da democracia: ele
próprio.
O time repetiu ontem a articulação de
bastidores (ou de vestiários...) que usou com sucesso para derrubar a liminar
do ministro Kassio Nunes Marques, bolsonarista, que devolvia o mandato e a
elegibilidade do deputado Fernando Francischini, também bolsonarista.
Nunes Marques tentou demolir a decisão do TSE que, por 6 a 1, transformou a punição de Francischini num marco contra fake news e ataques às urnas eletrônicas. Bolsonaro comemorou. Depois, por 3 a 2, a Segunda Turma mandou a liminar de Nunes Marques para o lixo e Francischini continuou cassado. Aí, Bolsonaro teve um chilique.
A decisão seria no plenário virtual, mas os
ministros se acertaram e André Mendonça pediu vista aos 43 segundos de
terçafeira, menos de um minuto antes de iniciada a votação, e jogou abo lapara
a Segunda Turma, que fez o gol. Nunes Marques perderia de qualquer jeito, mas
“foi derrota, não massacre”, diz um ministro. Um alívio.
Ontem, o plenário decidiu que os votos de
ex-ministros continuam valendo quando a ação sai do plenário virtual para o
presencial, com impacto direto na “revisão da vida toda”, pela qual, se houver
mudanças de regras, o aposentado pode optar pela mais conveniente. Bom para o
trabalhador, ruim para o governo.
Mesmo após todos os 11 ministros votarem,
Nunes Marques apresentou questão de ordem para trocar o plenário virtual pelo
físico. Seria a chance de derrubar o voto do ministro Marco Aurélio, que se
aposentou, para André Mendonça votar no lugar dele. Com placar de 6 a 5,
bastaria mudar um voto para inverter o resultado.
O presidente Luiz Fux, Ricardo Lewandowski
e Alexandre de Moraes, entre outros, entraram em ação e o voto de Marco Aurélio
continua valendo, logo, o placar também. E há várias ações que poderiam ser
mudadas no plenário físico, tanto por Mendonça quanto por Nunes Marques,
substituto de Celso de Mello. Não poderão mais.
Mantida a cassação de Francischini,
Bolsonaro disse que também fala que as urnas foram fraudadas em 2018, que pode
descumprir decisões do STF e que o ministro Edson Fachin cometeu “estupro da
democracia”. E desacatou: “Canalhas! Venham para cima de mim se são homens!”.
Os ministros estão indo, mas não com fuzil e sopapos, mas com urnas, eleição,
instituições, Federação e... democracia. No Supremo, é jogo. Com Bolsonaro, é
guerra.
Eliane o que que aconteceu você capítulo de vez?
ResponderExcluirBolsonaro não sabe e nem aceita perder,coitado.
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