Folha de S. Paulo
Para ele, a culpa dos problemas é sempre
dos outros.
Uma das características mais marcantes da
psique de Jair Bolsonaro é sua incapacidade de admitir erros. Para ele, a culpa
sempre é dos outros. Seu maior desastre foi, sem dúvida, a gestão da pandemia.
Ainda que o vírus tenha nos trazido surpresas, todas as informações necessárias
para administrar a crise estavam ao alcance de um celular, com a chancela da OMS
e de algumas das melhores instituições médico-científicas do mundo. Ainda
assim, o presidente conseguiu cometer uma série impressionante de equívocos.
Ele não só não se esforçou para conseguir vacinas como fez o que pôde para desmoralizá-las. Afirmou que as pessoas poderiam virar jacaré se as tomassem. Ele não apenas não trabalhou para reduzir as taxas de contaminação como estimulou aglomerações. Até contra a pobre da máscara ele se insurgiu. O resultado se materializou na forma de quase 700 mil mortos, contrariando sua previsão inicial de que o Sars-CoV-2 não passaria de uma gripezinha. E ainda debochou dos doentes e propagandeou drogas que não funcionavam. Numa tirada surrealista, teve a pachorra de dizer que não errara em nenhuma medida em relação à pandemia.
Para Bolsonaro, a culpa pela doença e suas
consequências deveria ser creditada a chineses, STF, governadores, prefeitos e
ao destino em geral.
Não obstante a péssima gestão, a pandemia
saiu barato para Bolsonaro. Ele não sofreu o impeachment e chegou a
experimentar picos de popularidade com o auxílio emergencial de R$ 600.
Agora, pelo que se desenha, a inflação,
pela qual Bolsonaro tem pouca culpa (as medidas econômicas insensatas que ele
tomou agravam o problema, embora não o tenham criado), lhe custará a reeleição.
E o bonito, quando se trata do "feel bad fator", o mal-estar
econômico que contamina a política, é que ele é inapelável. Esse problema
Bolsonaro não vai conseguir terceirizar.
Não acredito em deuses, mas aprecio seu
senso de ironia.
Bolsonaro fez vídeo dizendo que a máscara estava fazendo mal.
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