Folha de S. Paulo
A melhor atitude é dar ajuda para os grupos
sociais que realmente precisam
O preço dos combustíveis não é um problema. Pelo contrário, é a solução. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e países ocidentais baixaram sanções contra Moscou, a energia proveniente de hidrocarbonetos se tornou um bem mais raro. É importante que essa informação chegue às pessoas, para que elas adotem comportamentos condizentes com essa nova realidade. Os preços são a melhor forma de comunicar essa situação. Se a gasolina sobe muito, o consumidor passa instantaneamente a economizá-la. Transparência tarifária é algo a se manter.
Daí não decorre que não haja um problema
social. Só que ele não está no preço, que é uma espécie de termômetro da
conjuntura, e sim no fato de algumas pessoas se verem privadas do acesso ao
bem. É escandaloso que brasileiros estejam cozinhando com álcool porque não
podem mais pagar pelo botijão de gás. A melhor resposta para isso não é
subsídio generalizado, como governo e Parlamento, estão fazendo, mas ajuda para
os grupos
sociais que realmente precisam. Estamos falando aqui de vale-gás e tarifa
de ônibus, não de diesel barato para a minha camionete. E os recursos devem
sair do Tesouro de forma explícita, não de pressões sobre a Petrobras, dos
cofres dos estados e outras gambiarras...
Mesmo do ponto de vista eleitoral, a
manobra governista é duvidosa. Bolsonaro poderia ter sucesso se conseguisse
baixar o preço da energia e mantê-lo baixo. Mas, se as pressões da guerra e do
dólar continuarem, como é provável, aí as dezenas de bilhões de reais em
subsídios tendem a virar fumaça. É que é difícil para humanos pensar em termos
de contrafactuais. Poucos vão olhar para o preço da gasolina em outubro e
concluir que a dor de encher o tanque seria ainda maior sem os subsídios.
Aliás, a chance de dar errado é tão grande que me pergunto se Bolsonaro, achando que vai perder para Lula, não está apenas plantando uma bomba fiscal para o adversário.
O adversário, Hélio, quando pode e quando foi devidamente instruído para tomar medidas corretivas da matriz do transporte brasileiro, ignorou as sugestões feitas por integrantes de seu próprio partido, o PT. Como a História costuma dar voltas que a própria razão desconhece, cairá no colo dele (e de sua equipe) dar satisfações aos eleitores que irão consagrá-lo nas urnas, sobre o porquê de não ter tomado as medidas preconizadas em seus diversos programas de governo.
ResponderExcluirMuito bom ler comentário sem agressividade.
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