Na verdade, tinha pendurado as chuteiras,
após 40 anos de vida pública. Fui eleito vereador em Juiz de Fora, aos 22 anos,
em 1982, após ter sido presidente do Diretório Central dos Estudantes da
Universidade Federal. Sempre fui um
servidor público. Mas atendendo aos apelos de vereadores, prefeitos, lideranças
e deputados engraxei as minhas velhas chuteiras e estou de volta aos gramados.
Minas me chama. Sempre me advertiram: “você se expõe demais”. Nunca acreditei
nessa máxima de que os homens públicos têm que esconder suas opiniões. Não faz
bem à democracia.
Fui líder estudantil, diretor do Comitê pela Anistia, Coordenador das Diretas-Já, vereador, deputado estadual, federal, dirigente partidário municipal, estadual e nacional, e nunca escondi minhas opiniões. Fui gestor público como secretário municipal de governo de Juiz de Fora, secretário estadual de planejamento e saúde, chefe de gabinete do ministério das comunicações e secretário executivo do ministério do meio ambiente. Política e gestão pública são irmãs gêmeas. Uma não existe sem a outra. São 40 anos dedicados a gerar soluções, fora a militância democrática e estudantil.
Estava satisfeito em continuar colaborando
através do Instituto Teotônio Vilela com a organização de livros, publicações,
seminários e cursos. Mas com disse o filósofo, economista e historiador
prussiano “Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras,
o que importa é modificá-lo”. Saio da zona de conforto e vou à luta como
pré-candidato ao Governo de Minas, em nome da defesa da democracia, do combate às
desigualdades e de um governo eficiente que melhore a vida das pessoas. Minhas
inspirações estão em Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo, O pessimista, um
chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Eu sou. E emendou: “Como sou
pouco e sei pouco, faço o pouco que me cabe me dando por inteiro”. E assim
será.
Podia ficar quieto no meu canto. Me
acovardar. Mas o Brasil anda estranho e Minas, acanhada. Desde a juventude me
interpelou o texto da escritora Mariana Colasanti: “A gente se acostuma demais
para não sofrer. A gente se acostuma para não ralar na aspereza e preservar a
pele. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de
tanto se acostumar, se perde por si mesma. A gente se acostuma, eu sei, mas não
devia”. Eu nunca me acostumei.
Nosso maior escritor alertou: “O real não
está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da
travessia”. Vamos juntos. A travessia é longa. Até breve!
*Marcus Pestana, economista, Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
Boa sorte,que vença aquele que estiver mais distante das ideias toscas de Bolsonaro.
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