Revista Será? (Penso, logo duvido) – PE.
A definição da candidatura de Simone Tebet
à presidência da República (Tasso Jereissati de Vice) pela coligação MDB, PSDB
e Cidadania pode provocar uma desarrumação geral no tabuleiro eleitoral até
agora dominado pela polarização entre Lula e Bolsonaro. Simone surge como uma
novidade num cenário poluído por candidatos que brilham pelos elevados índices
de rejeição, cada um alimentando a votação do outro. As pesquisas mostram que a
polarização está consolidada, mas também que 42% dos eleitores definiram o voto
na ausência de uma candidatura alternativa consistente e viável. Simone pode
ser esta alternativa, frente a uma polarização que empobrece o debate da
campanha eleitoral, os dois candidatos destilando ódio e ressentimento, o
presente destruindo o país (Bolsonaro) e o passado ameaçando o futuro (Lula).
Não há dúvida que, a poucos meses das eleições, será difícil quebrar a polarização eleitoral a ponto de levar Simone Tebet para o segundo turno. Entretanto, a emergência de um nome novo, pouco conhecido, mas com história e experiência política e administrativa, pode sensibilizar parte importante do eleitorado, que se inclina a votar em Lula porque não vê outra forma de derrotar Bolsonaro, ou opta pelo atual presidente porque repudia o ex-presidente petista. Simone Tebet pode capitalizar este eleitorado da rejeição? Difícil, mas possível.
A simples apresentação da sua candidatura
como alternativa do centro-democrático provocará, de imediato, uma rearrumação
do tabuleiro eleitoral. Além disso, deve introduzir um fator novo e um tom
diferente na campanha, oferecendo aos eleitores a possibilidade de escapar da
armadilha de uma desastrosa escolha entre o populismo do demolidor de direita e
o populismo da esquerda naftalina. Simone pode ser a energia que quebre a
polarização, com um projeto de defesa da democracia e de reconstrução nacional
que combina inclusão social, reformas estruturais e gestão responsável das
finanças públicas.
A entrada em cena de Simone Tebet na
disputa eleitoral pode elevar o nível político da campanha, na medida em que
apresente e discuta com o eleitorado novas ideias e propostas para a
reconstrução do Brasil. A candidata do MDB pode ainda trazer à campanha uma
serenidade totalmente ausente do ambiente político brasileiro, contaminado
pelos gritos ameaçadores de Bolsonaro, pelos discursos raivosos de Lula, e
pelas agressões verbais de Ciro Gomes. Quem sabe, ela consegue mostrar que é
possível convencer o eleitor das suas propostas sem recorrer aos gritos e
gestuais populistas, lembrando a lição do bispo Desmond: “Meu pai sempre dizia:
não levante a sua voz, melhore os seus argumentos”.
Se a polarização eleitoral consolidar-se, o
acirramento da disputa entre Lula e Bolsonaro provocará uma profunda
fragmentação política no Brasil, amplificando as tensões e acirrando os ânimos
para além do pleito e dificultando a governabilidade. A alternativa do
centro-democrático que Tebet representa pode, ao contrário, com serenidade e
capacidade de negociação, esvaziar os dois polos deste confronto, isolar os
grupos fanáticos dos dois lados, contribuindo para a pacificação do Brasil.
Desta forma, pode avançar na formação de um governo de união nacional,
fundamental para a reconstrução do país para lidar com a grave crise
econômica, social e fiscal, e preparar o país para os desafios do futuro.
*Economista com mestrado em sociologia, foi
jornalista da Deutsche Welle (de 1975/1979) e correspondente da IstoÉ na
Alemanha (1977) e professor titular da FCAP/UPE (de 1982/2014), atualmente é
consultor em planejamento estratégico com base em cenários e desenvolvimento
regional e local, é sócio da Factta-Consultoria, Estratégia e Competitividade,
conselheiro do Conselho Consultivo da Fundação Astrojildo Pereira.
A candidata ideal seria Marina Silva e não Simone não sei das quantas.
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