O Estado de S. Paulo.
Ao rugir para dizer que não é um
rato, Bolsonaro afirmou que não vai respeitar decisões do
Judiciário que considere prejudiciais. Tecnicamente anunciou um golpe, deixando
claro que utilizaria as Forças Armadas como instrumento para chegar a seu
objetivo político.
Dada a incompetência política de Bolsonaro,
sua incapacidade de organização, ausência de planejamento e sentido
estratégico, o mais provável é que o golpe acabe sendo a montanha que pariu um
rato. Ele não dispõe de dispositivo militar, movimento de massas tomando as
ruas nem de suficiente apoio político.
O nível de improvisação sob o qual Bolsonaro opera não significa flexibilidade e capacidade de adaptação a situações (como na política) voláteis. Significa ausência de rumo e cálculo que leve em conta meios e fins – embora o propósito geral, neutralizar o Judiciário, seja explícito.
O processo está se acelerando à medida que
as eleições se aproximam e as pesquisas sugerem que a derrota dele tem
probabilidade de ocorrer já no 1.º turno. A improvisação para atacar a subida
dos preços dos combustíveis, por exemplo, o levou a montar uma enorme operação
política custosa para os cofres públicos, pouco relevante para a economia popular
e que promete escassos resultados eleitorais.
Mas é no seu principal eixo operacional – o
confronto com o STF – que a improvisação de Bolsonaro o impede de chegar aonde
quer. No começo do mandato presidencial, Bolsonaro ensaiou o que populistas
autoritários desenvolveram em vários países (Hungria, Venezuela, Polônia): a
“marcha através das instituições”, ou seja, a ocupação interna do Judiciário
por meio de nomeações e/ou limitações à atuação de tribunais superiores.
O voto de seus dois indicados na 2.ª Turma
do STF, anteontem, perfeitamente alinhados ao Planalto, indica aonde Bolsonaro
poderia ter chegado. Ocorre que a ocupação metódica do Judiciário cedeu lugar
nos últimos três anos a uma espiral crescente de ataques verbais e estripulias
políticas – improvisados ao sabor do momento e das redes sociais – cujo
principal resultado foi criar no STF um “espírito de união” e atuação conjunta
voltados a frear e limitar Bolsonaro.
Hoje o “mito” chegou à situação na qual tem
poucas opções na economia e na política, correndo contra o tempo e à espera de
uma “virada” nas pesquisas que até aqui não se vislumbra. Não há improvisação
que altere esse desconfortável quadro geral para quem pretende continuar
presidente.
A não ser aquela que promete ser a
derradeira: o salto rumo à ruptura. Bolsonaro deixou suficientemente claro que
pensa nisso. Mas estaria disposto a saltar? “Só Deus sabe”, diz um companheiro
dele de primeira hora.
Bolsonaro é ''mito'' de mitômano,mente compulsivamente,ou de mictório,sei lá.
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