O Globo
Um bolsonarista invadiu uma festa, sacou o
revólver e matou um petista que comemorava o aniversário em família. O crime de
Foz do Iguaçu chocou o país a menos de três meses da eleição. É mais um fruto
do extremismo político que chegou ao poder em 2018.
Jorge Guaranho, o assassino, é uma
caricatura dos seguidores do Mito. Nas redes sociais, apresenta-se como
“conservador e cristão”. Na vida real, xinga quem não pensa como ele e se julga
autorizado a resolver as diferenças na bala.
A solução pelas armas sempre esteve na base
do discurso do capitão. Em 1999, ele disse que não era possível mudar o país
“através do voto”. “Só vai mudar quando partirmos para uma guerra civil aqui
dentro, matando 30 mil”, afirmou.
Na campanha ao Planalto, ele manteve a
mesma retórica agressiva. Falou em “fuzilar a petralhada” e chamou os
adversários de “marginais vermelhos”. “Serão banidos da nossa pátria”,
prometeu.
Jair não está sozinho. Horas antes do assassinato no Paraná, Eduardo Bolsonaro participou de uma marcha pró-armas em Brasília. Aos palavrões, atacou entidades pacifistas como Sou da Paz e Viva Rio. “A gente não tem que respeitar esses caras não”, conclamou.
No dia seguinte, o deputado usou seu
aniversário de 38 anos para fazer mais propaganda armamentista. O bolo foi
decorado com a réplica de um revólver cercada por confeitos em forma de
projéteis.
O discurso dos Bolsonaro é uma senha para
produzir Guaranhos. A liberação indiscriminada das armas, transformada em
política de governo, arrisca transformar o país num grande cenário de faroeste.
Alvo de uma facada na última eleição,
Bolsonaro deveria desestimular a violência política. Em desvantagem nas
pesquisas, prefere semear a barbárie e intimidar os adversários com ameaças de
golpe.
Na segunda-feira, o capitão fingiu não ter
responsabilidade pelo clima bélico da campanha. “O que eu tenho a ver com esse
episódio?”, questionou. O general Hamilton Mourão disse que o assassinato do
petista Marcelo Arruda “não é preocupante”: “Ocorre todo final de semana em
todas as cidades do Brasil”.
A família pede pra todo mundo se armar,depois fala que não tem nada a ver com o crime que aconteceu... A bala saiu sozinha do cano do revólver.
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