O Globo
Primeira-dama aposta no discurso messiânico
em busca de eleitoras evangélicas
Os marqueteiros do PL querem ampliar a
presença de Michelle Bolsonaro na campanha à reeleição. A julgar pelo que se
viu no domingo, não parece uma boa notícia para o Estado laico.
Escalada para falar no lançamento da
candidatura do marido, a primeira-dama investiu na mistura entre religião e
política. Em 12 minutos de discurso, repetiu 37 vezes o nome de Deus ou do
Senhor.
“A reeleição não é por um projeto de poder,
como muitos pensam. A reeleição é por um propósito de libertação, um propósito
de cura para o nosso Brasil”, disse.
Em tom messiânico, Michelle apresentou o capitão como um “escolhido de Deus” para governar. “Deus tem promessas para o Brasil, e todas as promessas irão se cumprir. Enquanto existir esse joelhinho aqui, as promessas de Deus irão se cumprir”, garantiu.
Entre “améns” e “aleluias”, a primeira-dama
fez uma revelação sobre a rotina em Brasília. Disse levar um grupo de
evangélicos ao gabinete presidencial toda terça depois do expediente. “Quando o
Planalto se fecha, eu entro com os meus intercessores e oro na cadeira dele”,
contou.
No fim da pregação eleitoral, ela tentou
equiparar a disputa política a uma guerra santa. “Essa luta não é contra homens
e mulheres, é contra potestades e principados”, discursou.
Michelle foi encarregada de uma missão
espinhosa: tentar reduzir a rejeição do marido entre as mulheres. Segundo o último
Datafolha, 61% das eleitoras dizem não votar no presidente de jeito nenhum. É
fácil entender os motivos da resistência.
Em três décadas na política, o capitão se
notabilizou por ataques e ofensas a mulheres. A lista de alvos é extensa.
Inclui artistas, repórteres e parlamentares que ousaram reagir a suas
grosserias.
No governo, Bolsonaro continuou a
desagradar o público feminino. Estimulou a compra de armas, reprovada por 78%
das eleitoras, e debochou de hospitalizações e mortes na pandemia. Pelo conjunto
da obra, as mulheres agora querem enxotá-lo do Planalto. A primeira-dama terá
que orar muito para convencê-las a mudar de ideia.
Coitada de dona Micheque.
ResponderExcluirO Bernardo esqueceu da peroração mais perigosa da Michelle. Ela fez os bolsonaristas fazerem um juramento de "Dar a vida pela liberdade". Isso é para preparar o terreno para a Operação Capitólio Brazuca.
ResponderExcluirJuntar política com religião sempre deu m... Ainda mais os religiosos canalhas que circundam a familícia Bolsonaro! O mais honesto ali rouba da própria igreja que fundou... Exploradores da ingenuidade dos crentes...
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