Folha de S. Paulo
Ao falar de 'ameaça interna' e fazer
convocação para 'guerra', presidente aposta em desordem armada
Jair Bolsonaro fez toda uma carreira em
defesa da violência como arma política. Quando era deputado, ele aplaudia
governos que assassinavam opositores e dizia esperar um conflito que matasse 30
mil pessoas, a começar pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Através do voto, você não vai mudar
nada nesse país. Você só vai mudar, infelizmente, quando
um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro", afirmou, em
entrevista à TV Bandeirantes em 1999. "Se vai morrer alguns inocentes,
tudo bem."
A ideia de que tiros podem tomar o lugar de votos permaneceu com Bolsonaro por muito tempo. Ao se candidatar a presidente, aquele parlamentar transformou em plataforma de campanha a linha nada sutil entre as armas e a política.
Em 2017, Bolsonaro rodava o país com a
proposta de facilitar o acesso às armas. O plano ia além da autoproteção ou da
defesa da propriedade. "Queremos ter o povo armado para que possa defender
a sua democracia e a sua liberdade", disse.
Antes, portanto, de se estranhar com os
tribunais e inaugurar uma campanha de ataques ao processo eleitoral, Bolsonaro
já demonstrava interesse em deixar de lado as leis e os controles
institucionais para resolver na bala o que cada um entendesse como "sua
democracia".
Para o presidente, esse
conceito depende de quem está no governo. Há alguns anos, ele tenta
convencer seguidores de que o retorno da esquerda ao poder representaria
uma "ameaça
interna de comunização" e o risco de uma ditadura.
Bolsonaro fala com desenvoltura da
necessidade de uma reação bélica a essa situação. "Se precisar, iremos à
guerra", declarou, em junho.
O presidente já indicou que a lógica da violência armada é uma aposta para fabricar tumulto no período eleitoral. "Podem ter certeza que, por ocasião das eleições, os votos serão contados no Brasil", declarou, durante um evento em março. "Tudo nós faremos, até com o sacrifício da própria vida, para que esses direitos sejam de fato relevantes e cumpridos."
O homem só fala bobagem e,pior,bobagens perigosas.
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