O Globo
Texto
se remete a um documento histórico e chega na hora em que o Brasil mais precisa
dessas vozes
A
nova carta em defesa do Estado democrático de Direito que está sendo articulada
por um grupo de empresários, juristas, artistas, intelectuais, esportistas tem
a força da tradição porque se remete a um documento histórico e chega na hora
em que a democracia brasileira mais precisa dessas vozes e desse reforço. Mais
de três mil pessoas da economia, artes, esportes assinaram o documento e o
ápice será no dia 11 de agosto, no Largo de São Francisco, na faculdade de
Direito da USP. Mesma dia e mesmo local em que, em 1977, o grande professor
Goffredo da Silva Teles leu a Carta aos Brasileiros, um texto de repúdio à
ditadura, e que foi um marco da redemocratização. Agora a luta é para preservar
a democracia.
O movimento surge porque o presidente da República tem sistematicamente ameaçado a democracia brasileira e dito que não respeitará o resultado das eleições. Na convenção do PL, convocou os seguidores a ocupar as ruas no dia 7 de setembro, sequestrando o bicentenário da Independência. Mas as ameaças ao Estado de Direito foram uma constante nestes últimos anos.
Entre
os signatários estão Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles e Candido Bracher
(ex-Itaú), José Olympio Pereira (ex-presidente do Credit Suisse), economista
José Roberto Mendonça de Barros e o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, Chico
Buarque, Walter Casagrande, Fábio Barbosa (Natura), Walter Schalka (Suzano). Os
ex-ministros do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, Sepúlveda Pertence,
Carlos Ayres Britto, Carlos Velloso e Eros Grau também assinaram. A informação
é de que a carta será lida por Celso de Mello. Na carta, os autores dizem
"Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da
democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito
maior, a defesa da ordem democrática".
Esse
documento chega na urgência da hora, o momento em que as ameaças golpistas do
presidente escalaram. Em um trecho, o texto afirma " Imbuídos do espírito
cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977". Quem viveu a luta
contra a ditadura sabe como foi importante aquela carta aos brasileiros do
professor Goffredo foi um momento de esperança de que aquele pesadelo acabaria
e que havia resistência . Por isso esta nova carta surge como algo importante
porque marca uma posição de coalizão entre pessoas que pensam diferente, mas
têm o mesmo objetivo.
Em
outra parte, afirma "Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por
momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições
da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições".
A eleição é uma festa cívica, em que podemos discutir e pensar nos problemas do país. Fazer um mergulho no Brasil. Mas não estamos conseguindo porque a gente fica o tempo todo assustado com as ameaças do presidente da República contra a ordem democrática. Então, muito bem-vindo esse documento, que chega com força de todas as pessoas que assinaram e a força na tradição brasileira naquele mesmo lugar, no mesmo 11 de agosto. E que termina com a frase "Estado democrático de direito sempre".
Meu nome não tem relevância nenhuma,mas também assino embaixo à distância.
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