O Globo
Ex-presidente se irrita com qualquer menção
às restrições fiscais que teria de enfrentar
Em entrevista a uma emissora de rádio, na
semana passada, Lula externou com todas as letras quão irritado já está com o
pouco que tem ouvido em seus parcos contatos com representantes de instituições
financeiras.
Em meio a uma torrente de diatribes
demagógicas, declarou que “essa gente só fala de teto de gasto e política
fiscal.” “Eles não falam em política social, em distribuição de renda e
distribuição de riqueza.” (Folha de S.Paulo, 2/7)
A irritação deixa claro que Lula ainda não entendeu — ou finge não entender — a real natureza do problema central que terá de enfrentar, caso seja eleito presidente: administrar uma saída ordenada do enredado entalo fiscal em que está metido o país, para conseguir, aos poucos, abrir espaço no Orçamento para atender programas de política pública desassistidos.
Ao tentar passar ao largo dessa questão,
Lula pode até conseguir enganar a grande massa de eleitores menos informados.
Mas não pode reclamar da péssima impressão que essa esperteza populista vem
causando em segmentos mais informados do eleitorado.
É inevitável que promessas de ampliação do
gasto público, na campanha presidencial, tendam a ser tratadas com descrédito
por eleitores mais informados, a menos que venham respaldadas por argumentos
minimamente convincentes de como o candidato pretende lidar com as restrições
fiscais relevantes, para que o prometido possa ser cumprido. Sem tal respaldo,
quanto mais ousadas as promessas, mais descrédito tendem a merecer.
Deixar de lado a questão da
sustentabilidade fiscal, como se o problema não existisse, pode ser um caminho
imbatível para a vitória na eleição presidencial, desde que o candidato não se
importe com a exacerbação de expectativas desestabilizadoras com que terá de lidar
em 2023.
Lula e o PT continuam convencidos de que
não precisam anunciar nem mesmo um esboço de plano de jogo razoável, que,
supostamente, permitiria a um governo petista manter as contas públicas sob
controle, a partir do ano que vem.
Já deixaram mais do que claro que não
pretendem preservar o teto de gastos. Mas se recusam a delinear que esquema
alternativo de controle da expansão do dispêndio público seria adotado, em
substituição ao teto de gastos.
Não se trata de resistência a tornar
público um plano de jogo já existente. A verdade verdadeira é que tal plano
ainda está longe de ter sido sequer esboçado. Uma inconsequência especialmente
alarmante, tendo em vista a irresponsabilidade fiscal delirante que hoje domina
o Congresso. Com sólido apoio do PT.
O partido perdeu a oportunidade de assumir
posição contrária, no Senado, à aprovação da indefensável proposta de emenda à
Constituição (PEC) que recorre à instituição do estado de emergência para
driblar a legislação eleitoral e fiscal, e viabilizar ampla e generosa
distribuição de benesses pelo governo Bolsonaro, a menos de três meses das
eleições.
Mas a bancada petista no Senado preferiu
votar em bloco a favor da aprovação da PEC, alegando que o partido não tinha
como se opor a repasses de recursos públicos a segmentos mais desfavorecidos da
população. Inclusive porque, já na votação da PEC dos Precatórios, no final do
ano passado, o PT defendera a elevação do Auxílio Brasil para R$ 600 mensais.
E “estrategistas do partido” já se
apressaram a adiantar que, ao arrepio do que prevê a própria PEC, o valor do
Auxílio não voltará a ser de R$ 400 a partir de 31 de dezembro. Os R$ 600
mensais se tornarão definitivos. Com rótulo de Bolsa Família. (O GLOBO, 2/7)
É o prenúncio do que vem por aí. A menos de
90 dias de uma eleição presidencial em que o candidato petista desponta como
franco favorito, Lula e o PT continuam aferrados ao populismo fiscal. E
desavisadamente coniventes com Bolsonaro e o Centrão, no brutal desmantelamento
do arcabouço institucional de controle das contas públicas, construído a duras
penas, que fará muita falta a quem tiver de presidir o país a partir de 2023.
Ainda não se deram conta do que o próximo governo terá de enfrentar no Congresso.
Esse Lula é chato que doi, mas 4 ou 8 anos dele é o preço de ficar livre de Bolsonaro e Paulo Guedes.
ResponderExcluirSem escolha, Sophia no caso.
ResponderExcluirSe o PT não fosse tão chato, dono da verdade, talvez fosse mais palatável.
ResponderExcluirMas PT É LULA.
ResponderExcluirVoto de cabresto, literalmente.
ResponderExcluirO pior é que não tem alternativa a Lula,Bolsonaro não é alternativa de nada.Mesmo quem não gosta de Lula o correto seria votar nele.
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