Folha de S. Paulo
Datafolha mostra quadro travado,
estelionatos eleitorais ainda não fazem efeito
Entre os eleitores que recebem o Auxílio
Brasil, 45% consideravam o governo de Jair Bolsonaro "ruim ou
péssimo" em maio. No Datafolha deste
final de julho, eram 40%. Dada a margem de erro da pesquisa para esse grupo,
pode ser que essa variação seja desprezível.
O dinheiro do novo Auxílio Brasil começa a
pingar neste mês, com mais um pagamento até o primeiro turno. Ainda que muita
gente deva estar informada do aumento do benefício, é possível que o dinheirinho
vivo na mão possa
fazer alguma diferença no voto. Quanto?
A julgar por outros números do Datafolha,
não muita. Se essa era a carta maior que a campanha
bolsonarista e seus aliados tinham não mão, vão precisar meter a mão
no baralho a fim de mudar votos.
No geral, 71% dos eleitores dizem estar "totalmente decididos" a respeito do seu voto. Entre os que recebem o Auxílio Brasil, a decisão é firme para 69%. Tanto entre os eleitores de Lula da Silva (PT) como entre os Bolsonaro, os que declaram uma decisão irrevogável são 79%.
Uma possível mudança de voto não
favoreceria, no geral, Bolsonaro. Dos votos mutantes, 24% do total iriam para
Ciro Gomes (PDT), 19% para Lula e 14% para Bolsonaro, que neste caso não
ganharia mais do que 4 pontos percentuais, ficando bem longe ainda do petista.
Entre os que recebem Auxílio Brasil, 21% dos que podem mudar de voto
escolheriam Lula como alternativa.
Além disso, há uma parcela considerável de
eleitores que podem trocar Lula por Bolsonaro e vice-versa, talvez com alguma
vantagem para o petista. Para 25% dos bolsonaristas que ainda podem mudar de
voto, a alternativa seria Lula. Para 19% dos lulistas, a alternativa seria
Bolsonaro.
A rejeição de Bolsonaro é outro problema
para sua candidatura. No geral, é de 53% (os eleitores que não votariam nele
"de jeito nenhum"), o que não tem mudado de modo relevante faz tempo.
Um aspecto interessante da rejeição é que,
mesmo nas grandes regiões do país em que Bolsonaro ao menos empata com Lula,
dada a margem de erro, como no Sul e no Centro-Oeste, há quase uma maioria com
aversão ao presidente: 48% não votam nele "de jeito nenhum".
Além disso, Bolsonaro perde
um segundo turno mesmo para Ciro Gomes, por 51% a 38% (no caso da
disputa com Lula, a derrota é de 55% a 35%). Note-se que, no primeiro turno,
Lula tem 47%, Bolsonaro 29% e Ciro 8% (nos votos válidos, Lula tem 52%;
Bolsonaro, 32%). Mesmo na hipótese de Lula se desvanecer no ar, ora haveria uma
debandada para Ciro, contra Bolsonaro.
Não se trata de fazer prognóstico ou dizer
que a eleição está decidida ou uma tolice assim.
Há elementos que chamam a atenção, de fato:
ainda quase nenhum efeito do Auxílio Brasil e de estelionatos eleitorais, o
alto grau de decisão do voto, o baixo número de nulos, brancos e indecisos e a
rejeição a Bolsonaro.
Além disso, a avaliação positiva do governo
jamais foi boa, jamais passou de 37% de "ótimo ou bom", no auge do
auxílio emergencial gordo, em 2020. Bolsonaro jamais perdeu o apoio de pelo
menos 22% do eleitorado, aqueles que lhe davam nota "ótimo ou bom", o
que ajudou a evitar
o seu impeachment.
Quanto a prognósticos, esse quadro travado
pode dar uma pista para pensar o que a campanha bolsonarista pode fazer. Não
pode esperar para ver se o Auxílio Brasil vai fazer diferença. A situação
econômica não vai mudar de modo relevante até outubro e menos ainda a percepção
do que o governo fez a respeito.
Quanto a estelionatos eleitorais (favores),
haveria tempo apenas para os mais alucinados, embora alucinado seja a
palavra-chave aqui. Para o bolsonarismo, resta pouco mais do que barbarizar
ainda mais na campanha.
Será possível Bolsonaro barbarizar ainda mais? Ele poderá superar o meio milhão de mortos pela sua condução criminosa da pandemia de Covid?
ResponderExcluirA barbárie já campeia,mas pelo desespero,pode até piorar.
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