Valor Econômico
Presença de Bolsonaro foi movimento tático
para impedir imagem de isolamento
Em intervalo menor que uma semana, dois
atos de grande magnitude fizeram a defesa do Estado Democrático de Direito.
Ontem esse foi o tom da posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na quinta-feira, houve a leitura das cartas
democráticas no pátio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP) e em manifestações reproduzidas em várias capitais e cidades do país.
Tanto a cerimônia de posse quanto as
manifestações foram um veemente desagravo à Justiça Eleitoral, alvo frequente
de ataques e ofensas do bolsonarismo nos últimos meses, no esforço de
desacreditar as urnas eletrônicas.
A solenidade de ontem também foi uma demonstração de força política e prestígio do ministro Alexandre de Moraes, que nos últimos anos se transformou em alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores, pela relatoria do inquérito que investiga, no Supremo Tribunal Federal (STF), os atos antidemocráticos e a propagação de “fake news” nas redes sociais.
Moraes expressou esse prestígio ao citar,
nominalmente, quase todas as autoridades, inclusive os 22 governadores de
Estado. Pressionado pela ressonância dos atos em defesa da democracia e pelos
aliados do Centrão, Bolsonaro compareceu à posse, bem como os ex-presidentes
Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, José Sarney e Michel Temer, todos os
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros de Estado, entre outras
autoridades.
Foi uma cerimônia onde se reafirmaram
valores vilipendiados pelo presidente Bolsonaro e por seus seguidores da ala
mais radical, como a democracia e o sistema eleitoral. Eventual ausência de
Bolsonaro acentuaria ainda mais seu isolamento nessa retórica. Não apenas
Moraes, mas todas as demais autoridades que fizeram uso da palavra,
aproveitaram para mandar recados velados a Bolsonaro, enfatizando o compromisso
com o regime democrático e honrando a Justiça Eleitoral.
Em uma defesa enfática da eficiência das
urnas eletrônicas, Moraes lembrou que o Brasil é a única grande democracia que
anuncia o resultado da eleição no mesmo dia, com “agilidade, segurança,
competência e transparência, e isso é motivo de orgulho nacional”. Nesse
momento, foi aplaudido de pé por quase cinco minutos. Em outro trecho de sua
fala em que foi aplaudido, Moraes afirmou que o TSE vem continuamente
aperfeiçoando as urnas eletrônicas, para garantir segurança e transparência nas
eleições.
Em sintonia com Moraes, o procurador-geral
da República, Augusto Aras, afirmou que o Ministério Público está “irmanado” com
a Justiça Eleitoral na defesa do sistema eleitoral, no combate à desinformação
e nos abusos de quaisquer natureza. “Estamos atentos e vigilantes na
sustentação do regime democrático, de eleições livres, justas, diretas e
periódicas”, disse Aras. “Acataremos a soberania popular manifestada na vontade
majoritária do povo brasileiro”, disse.
Os demais oradores, o corregedor-geral, ministro Mauro Campbell, e o presidente da OAB, Beto Simonetti, também reafirmaram o compromisso com a democracia e a defesa da Justiça Eleitoral. Dentro da liturgia, Bolsonaro ouviu sem aplaudir.
Excelente texto, parabéns! Bolsonaro não está acostumado a ouvir verdades! Quando as ouve, tem que se calar, pois não tem argumento para rebatê-las. Bolsonaro, vergonha do Brasil!
ResponderExcluirPor que será que só Bolsonaro não aplaudiu?
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