Folha de S. Paulo
Ataque conservador e dinheiro público
aumentam tração do presidente e forçam reação do petista
Lula continua à frente nas pesquisas de
intenção de voto, mas teve que fazer alguns movimentos para correr atrás
de Jair
Bolsonaro. Nos últimos dias, o petista testou um discurso para
conter o
domínio do presidente sobre o eleitorado evangélico, começou a erguer
barreiras para limitar os dividendos eleitorais do Auxílio Brasil e ensaiou uma
estratégia de reação na campanha digital.
Depois de meses em posição confortável, o
ex-presidente sabe que não é mais possível jogar parado. Lula acumulou
capital eleitoral, mas a máquina do governo, o arsenal retórico de Bolsonaro e
a dinâmica das próximas semanas de campanhas devem fazer com que a disputa
fique mais apertada até outubro.
O avanço acelerado do presidente entre os evangélicos foi um dos fatores que ligaram o alerta do PT. O partido acreditava que a economia cambaleante seria suficiente para manter parte dos fiéis afastada de Bolsonaro, mas passou a temer um aumento dos índices de rejeição a Lula nesse grupo do eleitorado.
Os petistas perceberam que teriam um
prejuízo grande se deixassem Bolsonaro falando sozinho com esse público. A
resposta, no entanto, pareceu fruto de improviso. O ex-presidente soltou a
acusação de que o
adversário é "possuído pelo demônio", enquanto sua campanha
lançou o questionável slogan "Deus usa Lula".
Além de frear a recuperação de Bolsonaro entre
os evangélicos, o petista também se mexeu para tentar manter o controle de seu
principal bastião: o eleitorado de baixa renda. Ao lançar uma operação nas
redes com
o novo aliado André Janones,
o ex-presidente espera frear o impulso que o Auxílio Brasil turbinado pode dar
à campanha rival.
Os ataques pelo flanco conservador e o
dinheiro despejado na arena eleitoral aumentaram o poder de Bolsonaro de
influenciar o debate nesta etapa da disputa. Como líder nas pesquisas, Lula teria
a oportunidade de ditar o tom da campanha, mas a máquina do presidente força o
petista a gastar alguma energia para resistir a suas ofensivas.
A civilização precisa vencer a barbárie.
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