O Globo
É o fim da picada que a gente esteja de
novo tentando interpretar os recados de chefes militares. Mas é uma vigilância
necessária
Talvez nem fosse permitido pela lei
eleitoral, mas os mesários toleravam, de bom grado, que pais e avós levassem
filhos e netos para votar. Isso mesmo, votar. Às crianças mais crescidinhas e
mais espertas, era dada a oportunidade de apertar as teclas da urna eletrônica,
em nome da família.
Uma diversão, brincadeira, mas também uma
aula de educação moral e cívica — não daquele tipo de doutrinação imposta pelo
regime militar nos anos 1970. Crianças percebiam a importância do ato.
Ingenuidade? Saudosismo das antigas? Pode
ser, mas o ambiente eleitoral era realmente diferente, para melhor, antes de
2018. E muito mais saudável que nos dias de hoje.
Há algum tempo, os juízes do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) nem sequer cogitariam proibir celulares na cabine de votação.
E, sim, mesários também toleravam que pais e avós fotografassem as crianças por
ali.
Já neste ano, a decisão do TSE de proibir os celulares foi correta e tomada a tempo. Pelas redes sociais, já dava para perceber que muita gente se preparava para montar vídeos fake e espalhar falsidades sobre a segurança das urnas.
Também se discute, no TSE, sobre o
porte de armas no dia e nos locais de votação. A discussão já é um
péssimo sinal. Por que o eleitor desejaria entrar com uma pistola na seção de
votação? Ou porque pretende fazer coisa errada ou porque desconfia de que
alguém tentará ameaçá-lo. Péssimo de todo modo.
Em resumo, está na cara que ninguém pode
votar armado de qualquer coisa que não seja sua ideia.
E, entretanto, estamos discutindo isso
tudo.
Não há dúvida de que o presidente Bolsonaro
é o primeiro responsável por esse ambiente tóxico. É dele e de sua turma que
partem as ameaças ao sistema eleitoral. É nesse grupo que se cogita golpe.
Há uma distância enorme entre manifestar
preferência por uma ditadura — na conversa de bar ou nas redes — e agir
concretamente para mobilizar e financiar ações golpistas. No primeiro caso,
trata-se de um tipo de opinião que até aparece em pesquisas aqui e no mundo
todo. Muita gente ainda acha que a democracia não é um bom ambiente para apoiar
o crescimento econômico.
Essa é a doutrina chinesa, a de Putin e a
dos empresários bolsonaristas. Claro que estão pensando em diferentes
ditaduras, mas no final dá no mesmo: a supressão das liberdades e direitos
individuais e sociais.
Na primeira eleição depois da queda da
ditadura, em 1989, Collor espalhou um tipo de terrorismo. Dizia que a vitória
de Lula — bem antes do modo “paz e amor” — seria um triunfo do esquerdismo e,
pois, uma ameaça à liberdade e à propriedade privada.
Mas não se falava em golpe. Terminou que o
próprio Collor, eleito, aplicou um dos maiores golpes à noção de propriedade
privada, com o confisco da poupança. Para provar, afinal, que direita e
esquerda erram igualmente em matéria de economia. E que ações autoritárias,
como tomar o dinheiro das pessoas, são uma tentação para direita e esquerda.
O plano econômico fracassou
espetacularmente, e Collor caiu acusado de corrupção. Não foram bons momentos
para a História nacional, mas pelo menos pode-se dizer que a então novíssima
democracia funcionou bem. O presidente foi afastado, o vice, Itamar Franco,
assumiu, cumpriu o mandato regular, e as eleições seguintes se deram
livremente, na data certa. E pais e avós puderam votar com suas crianças.
A realização das eleições livres na data
certa e a posse dos eleitos — eis a base da democracia. Por isso mesmo, essa
conversarada sobre golpe requer extrema vigilância. Assim como esse ativismo
político de chefes militares.
No tempo da ditadura, jornalistas de
política precisavam adquirir uma estranha habilidade: ler discursos de
comandantes militares para tentar adivinhar tendências do regime. Com a
democracia e o regime civil, jornalistas deixaram os quartéis e foram para os
parlamentos.
É o fim da picada que a gente esteja de
novo tentando interpretar os recados de chefes militares. Mas é uma vigilância
necessária.
É o fim da picada a gente vê um bandido como Lula que chefiou uma quadrilha que assaltou Brasil causando uma verdadeira desgraça para o pais, ser candidato a Presidente
ResponderExcluirE o pior é que enquanto roubava com sua gangue todas as estatais e seus fundos de pensão, e financiava obras milionárias em ditaduras mundo a fora com dinheiro do povo brasileiro, dizia que estava defendendo os trabalhadores
O ladrão foi ressuscitado pelo ST F para ser candidato a presidente
Isso sim é o fim da picada!
É o fim da picada,é a garrafa de cana,o estilhaço na estrada,é a lama,é a lama...
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