Folha de S. Paulo
Cobrança de comprovante e o suborno do
eleitor são a mesma fraude
O grupo de empresários
adeptos do golpe proporciona, à revelia, o elemento decisivo para
explicar a campanha contra as urnas e, com isso, comprovar o objetivo de
fraude eleitoral
de Bolsonaro. Os empresários pró-ditadura tornaram ainda maior a gravidade
das ações do próprio ocupante da Presidência, e de seus apoios civis e
militares, para desmoralizar a Justiça Eleitoral e as eleições no Brasil.
Um dos temas dos empresários golpistas,
revelado pelo repórter Guilherme Amado no site Metrópoles, é a remuneração de
trabalhadores que aceitassem dar seu voto a Bolsonaro. Pagamento em dinheiro.
Esse foi o motivo de Bolsonaro lançar sua campanha antiurna alegando a necessidade de recibo do voto, emitido pela máquina, contra fraudes. Derrubada a tolice, a exigência ainda hoje é de qualquer comprovação do voto.
Bolsonaro e seus apoiadores jamais
encontraram um argumento para sobrepor à tola alegação de segurança "para
o próprio eleitor". A comprovação, porém, é que traria aos pagadores a
certeza do suborno a ser quitado.
Como a presença de Luciano
da Havan e outros ligados aos Bolsonaro dá certeza à conexão do grupo
Empresários & Política às táticas importadas do
planejador de Trump, Steve Bannon,
para o candidato de cá. A cobrança de comprovante e o suborno do eleitor são a
mesma fraude.
O mais eficiente dos senadores, Randolfe
Rodrigues, já requereu inquérito sobre os planos de empresários como os
donos dos 62 restaurantes Coco Bambu, do Barra World Shopping e outras
fortunas.
Entre os vários inquéritos e ações contra
Bolsonaro, porém, falta e será justo incluir o de conspiração contra o regime
de Estado democrático de Direito. E o de agir para a sedição armada contra o
Poder Judiciário e a Constituição. Propósito configurado nos atos legislativos
para armar civis, inclusive com armas de guerra, e na atração de militares para
ações corrosivas das eleições e do regime constitucional.
Os empresários golpistas completaram uma
visão clara, para os militares em geral, do que muitos deles estão apoiando ou
facilitando. Cientes ou não, o ministro
da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, outros generais e coronéis
pressionam a Justiça Eleitoral contra as urnas herméticas porque contrárias à
fraude pró-ditadura.
O 7
de Setembro vem aí com a celebração eleitoreira de Bolsonaro em
Copacabana, Exército, Marinha e Aeronáutica como participantes. E suspenso o
desfile na av. Presidente Vargas para evitar que a multidão vá à
"parada" tradicional no centro e emagreça a agitação bolsonarista.
Faltam muitos processos criminais a
Bolsonaro e seus acólitos mais próximos. Até originais, a exemplo do processo
merecido por Michelle Bolsonaro. A pajelança que faz no Planalto às noites de
terça-feira, por ela revelado com prazer, comete inúmeras transgressões.
Primeira-dama não é cargo oficial, logo,
não dá à portadora do título a entrada nas dependências executivas da
Presidência depois de encerrado o expediente. Michelle
entra com seu time de exorcismos na área mais sensível do palácio, o
gabinete presidencial, que ela acha ter sido, antes de 2019, "consagrado
aos demônios". Bem, o ocupante era Michel Temer,
a quem, no mínimo, Dilma identificou como traidor. E tinha até o hábito de
receber visitas noite a dentro, às escondidas, para entendimentos sigilosos.
Certo é que o gabinete permanece com
presença demoníaca. Michelle dá a prova definitiva. Se renova a pajelança toda
terça-feira, "depois que ele sai de lá", é porque o time de
exorcistas continua detectando fluidos diabólicos também renovados por lá.
Apesar disso, a entrada de um grupo à noite, no palácio e em dependência onde
são comuns documentos importantes, é transgressão perigosa a todas as regras de
segurança do centro de governo —seja isso mesmo ou não.
O rosto bonito e amável de Michelle iludiu
por quase quatro anos. De repente, ilustra acusações pessoais até mais fortes
que as de Bolsonaro, e com estas igualadas na falsidade. Talvez seja reação dos
demônios incomodados no Planalto.
Ainda assim, Michelle é passível de
processo criminal, cuja falta não se justifica. A concessão possível a ela, é
dar-lhe a companhia do general
Augusto Heleno Pereira, que passa por responsável pela segurança
institucional.
O inquérito dos empresários pró-ditadura
vai intoxicar ainda mais a campanha eleitoral.
Legítima
Racista contra seus irmãos negros, o
ex-presidente da Fundação Palmares quer ser deputado federal. Parece difícil,
mas não por falta de uma contribuição sem racismo para Sérgio Camargo, na
sugestão de um slogan:
"Este, sim, é um negro de alma
branca."
Um texto,enfim,bem claro do jornalista.
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