O Estado de S. Paulo
Nesta quinta-feira, 11 de agosto, a
sociedade brasileira se une e se insurge em defesa do Brasil. Uma vez mais.
A história do Brasil é repleta de
turbulências. Talvez tenhamos vivido mais de solavancos do que de calmarias.
Por isso, a luta pela estabilidade é uma batalha constante, prolongada e
precisa ser travada a cada novo percalço. É o que estamos atravessando, mais
uma vez, neste momento histórico.
Nesta quinta-feira, 11 de agosto, a
sociedade brasileira está unida em torno da defesa da nossa democracia, do
Estado de Direito, das instituições, da nossa Constituição e do respeito às
leis. É mais um episódio da longa jornada de lutas por avanços civilizatórios,
pela conquista de liberdades, pelo convívio harmônico e pela tolerância entre
as brasileiras e os brasileiros.
Estou onde sempre estive: do lado da nossa
democracia, das instituições e da cidadania. Porque só assim os direitos
individuais são respeitados e garantidos e os deveres podem ser exigidos de
todos de maneira impessoal, equilibrada e justa. Essa tem sido, aliás, a tônica
de toda a minha vida pública.
Assim foi quando, em meio ao período conturbado que levou ao golpe de 1964, presidi a União Nacional dos Estudantes (UNE), primeira atividade política que desempenhei. Veio a ditadura e, para evitar a repressão truculenta, me exilei no Chile, onde obtive o mestrado em Economia e trabalhei na universidade e em organismos internacionais. Anos depois, em meio à perseguição de um novo golpe de Estado naquele país, fui viver, estudar e trabalhar nos Estados Unidos, em Ithaca (Cornell University, onde obtive o doutorado em Economia) e em Princeton.
No exterior, concluí e afirmei minha
formação acadêmica, sempre tendo em vista o enfrentamento e a busca de
respostas para os problemas, os atrasos e as dificuldades, sobretudo sociais e
econômicas, que o nosso país enfrentava – muitos dos quais, lamentavelmente,
ainda enfrenta. Com a anistia política, retornei ao Brasil e iniciei minha
longa trajetória de dedicação à vida pública.
Fui secretário de Estado, deputado federal
constituinte, senador da República, ministro do Planejamento e da Saúde,
prefeito da minha cidade (São Paulo), governador do meu Estado e, novamente, em
2014, voltei ao Senado Federal para mais uma vez representar, com orgulho e
responsabilidade, a população de São Paulo. Em todos esses períodos e mandatos,
orientei a minha atuação em favor do interesse coletivo, da justiça social e,
sobretudo, da defesa das liberdades, do desenvolvimento, da democracia, das
instituições e da população mais pobre, evitando engajar-me nas correntes
populistas.
Em diferentes momentos, em diferentes
esferas, consegui promover avanços e melhorar a vida das pessoas. Foram muitas
batalhas, todas bastante árduas, enfrentadas sempre com coragem para superar
interesses contrários e poderosos. Foi assim, por exemplo, com os genéricos,
que em 23 anos permitiram aos brasileiros tratar melhor a saúde e economizar R$
213 bilhões com a compra de medicamentos. Sem mencionar a instituição do Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do seguro-desemprego.
Lideramos a batalha mundial pela quebra de
patentes na Organização Mundial do Comércio para ampliar o tratamento de aids.
A luta contra a indústria do tabaco, que resultou numa das mais bem-sucedidas e
expressivas reduções desse maldito vício entre todas as populações do mundo.
Assim foi, também, nos avanços sociais que conquistamos tanto no município
quanto no Estado de São Paulo. No Senado, fui o senador com maior número de
projetos transformados em lei. A luta por justiça, sobretudo a justiça social,
me move.
Vivemos, agora, mais um destes momentos
históricos em que é preciso se organizar para impedir retrocessos, para
assegurar direitos e defender o Estado democrático. Foi assim quando lutamos
pela volta das eleições diretas e pela redemocratização, em 1985, e vencemos.
Foi assim quando fizemos uma nova Constituição cidadã, em 1988. Foi assim
quando chegamos ao governo federal, sob a liderança do presidente Fernando
Henrique Cardoso: derrotamos a hiperinflação, modernizamos o País e promovemos
avanços sociais que perduram até hoje.
Desde então, têm sido anos difíceis. Anos
de ameaças de retrocessos institucionais, de degradação ética, de
irresponsabilidades no trato do dinheiro público. De instabilidades e de
semiparalisia econômica. Começou com os governos do PT e persiste com os
descalabros da atual gestão sob a presidência de Jair Bolsonaro. Por isso, mais
uma vez, a sociedade brasileira se une e se insurge em defesa do País. Uma vez
mais.
Com a publicação desta coluna de hoje,
suspendo mais um dos períodos de colaboração com o Estadão, iniciado em
janeiro de 2015. Neste espaço democrático, num jornal que, em seu quase um
século e meio de existência, sempre defendeu com vigor as liberdades e abriu
oportunidade para manifestações de todos os tipos de visões e opiniões, a
história do Brasil também vem sendo escrita e construída.
Despeço-me até as eleições de outubro
próximo. Espero poder escrever mais alguns capítulos desta longa trajetória a
favor do Brasil e dos brasileiros. Meu compromisso com a democracia e com o
País é o compromisso de toda uma vida. E assim continuará sendo.
*Senador (PSDB-SP)
O sr e o meu exemplo de como brasileiro vota mal fazer de Bolsonaro é e Lula presidentes sem merecerem e deixar o Sr de fora. Que presidente espetacular o Sr seria, isso é imperdoável e talvez a razão de ficarmos hoje entre dois refinados ladroes . Pagamos caro pelas burrices de alguns. Não pergunte , portanto, como chegamos aqui. Os sinos da burrice dobram e os asnos desses eleitores não se tocam.
ResponderExcluirUm grande homem e político,porém,cheio de defeitos como todo mundo.
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