O Globo
Os gabinetes de Brasília andam agitados com
a possibilidade de uma trégua na guerra pública entre Jair Bolsonaro e
Alexandre de Moraes em torno da segurança das urnas eletrônicas. Os líderes do
Centrão dizem que a negociação é promissora. Moraes colocou assessores do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ele passará a presidir na semana que
vem, para avaliar como atender a um ou outro pedido das Forças Armadas e tentar
desanuviar o ambiente.
Os militares já cantam vitória nos
bastidores. “Quando um não quer, dois não brigam”, me disse ontem um empolgado
auxiliar militar do presidente a quem questionei sobre o assunto. Na
superfície, a situação parece bem encaminhada. Nas internas, porém, é como se
estivéssemos assistindo a uma cena de duelo em filme de caubói.
Só que, neste caso, os protagonistas mantêm
uma das mãos com a arma engatilhada, enquanto a outra fica desimpedida, para o
caso de um acordo. O desfecho ninguém é capaz de prever, mas nem o contexto e
nem o histórico dos envolvidos autorizam otimismo. Um dos políticos que mais
conhecem Jair Bolsonaro, o filho e senador Flávio (PL-RJ), já disse aos mais
chegados que não acredita em acordo porque não confia em Moraes.
Versado em análises de pesquisas, ele sabe que o eleitor médio não quer saber de ataques às urnas e ameaças golpistas, e sim de ter mais emprego, pagar as dívidas e colocar comida na mesa da família. Mas acha coincidência demais que o sorteio do TSE tenha delegado o processo de registro da candidatura do presidente justamente a Moraes, que também comanda o inquérito das fake news e das milícias digitais no Supremo Tribunal Federal (STF).
É como se Flávio e outros bolsonaristas
vissem nesse movimento um sinal de que, em vez de acordo, os “surdos de capa
preta” estão na verdade preparando uma cilada para o presidente da República.
Também existe no núcleo ideológico do
governo um profundo incômodo com a ideia do armistício com seu inimigo público
número um. Não tanto pela possível reação dos seguidores do presidente, que já
aceitaram outras guinadas igualmente estranhas no passado. O que eles não
querem é desmobilizar a tração golpista que alimenta o bolsonarismo e certas
alas das Forças Armadas às vésperas dos atos de 7 de setembro.
A esta altura, não dá mais para comprar sem
um belo desconto o repisado discurso de que os militares são majoritariamente
antigolpe e, se necessário, conteriam os impulsos autoritários de Bolsonaro.
Não é desprezível a parcela dos fardados
que realmente acredita que as urnas eletrônicas estão sujeitas a fraudes e
considera que Supremo e TSE fazem parte de um grande conluio para facilitar a
volta de Lula ao poder.
O coronel que integrava o grupo do Exército
que fiscalizou o código-fonte das urnas, ao mesmo tempo que disseminava fake
news grosseiras contra o sistema, representa o arquétipo desse tipo de militar.
É por isso que, há algumas semanas, quando
Moraes topou conversar com os emissários de Bolsonaro — incluindo o ministro da
Defesa —, a apreensão maior do Centrão e de figurões do meio jurídico já nem
era só que o presidente da República arquitetasse um golpe.
Para defender a necessidade de buscar um
consenso, falou-se muito naqueles dias no risco de que os próprios militares
tentassem assumir o poder por conta própria, deixando Bolsonaro para trás, a
pretexto de “limpar” um processo eleitoral contaminado por fraudes.
Pode ser que o pessoal esteja vendo
assombração demais no Planalto, mas o fato de esse argumento ter se repetido
várias vezes em jantares e conversas reservadas já mostra com que tipo de
situação estamos lidando.
Tudo isso só complica ainda mais o cálculo
de Moraes. Primeiro, porque não há garantia de que fazer novas concessões
realmente desanuviará o clima político. Afinal, foi uma concessão feita lá
atrás — o convite às Forças Armadas para participar da comissão sobre a
segurança do sistema — que fez com que eles se sentissem empoderados para
levantar infindáveis questionamentos e firulas técnicas que não levam a lugar
algum, mas alimentam a narrativa do golpe.
Entre os interlocutores de Moraes, prospera
a versão de que ele atenderia a um ou outro pedido banal para não parecer inflexível
e conceder argumento para um recuo dos militares. Mas quem pode afiançar que,
mesmo depois de seus pedidos serem atendidos, eles não encontrarão novos
motivos para questionar o sistema eleitoral?
Até agora, o TSE informou publicamente que todos os pleitos que poderiam ter sido atendidos já o foram. Sendo assim, não haveria mais o que ceder. É por isso que também há quem esteja soprando aos ouvidos de Moraes que abrir novos flancos agora seria cometer a distração que falta para o adversário sacar a arma e puxar o gatilho.
Os fardados são aqueles que consomem fardos de alfafa, pacotes de Viagra e próteses penianas?
ResponderExcluirMe impressiona a fixação que um dos 'anônimos' tem pelo tal Viagra,ele dever ter disfunção erétil,depois de certa idade é comum,eu,por exemplo,tenho.
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