O Globo
Alexandre de Moraes deixou claro a
Bolsonaro que não será fácil tumultuar as eleições
Se nossas instituições estivessem
funcionando normalmente, como gostamos de afirmar como que para acalmar os mais
pessimistas, o ministro Alexandre de Moraes não precisaria ter feito o discurso
que fez ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nem
mesmo precisaríamos ter um tribunal superior para cuidar das eleições, espécime
raro que não é encontrado com facilidade noutros países. Mas, numa situação que
os ventos da política criaram, o ministro teve de assumir com um libelo a favor
da democracia e das urnas eletrônicas, tendo a seu lado o presidente Jair
Bolsonaro.
Fez um discurso impressionante, que mexeu com a vida política e repercutiu tanto em Brasília que alguns apressadinhos já falam que ele poderá ser candidato à Presidência da República em 2026, representante de uma direita mais palatável que o extremismo de Bolsonaro. O que também demonstra a disfunção de nossa cidadania: continuamos buscando um “salvador da pátria”. Apesar de ser o responsável por inquéritos caracterizados por abusos autoritários, como acusam os bolsonaristas. Infelizmente os fatos confirmaram a necessidade de uma ação vigorosa do Supremo Tribunal Federal (STF) contra grupos golpistas que continuam a tentar desestabilizar a democracia, não tão estável quanto gostaríamos que fosse. Os vícios de origem dos inquéritos, e os inegáveis exageros, acabaram atenuados pelos acontecimentos golpistas liderados pelo próprio presidente da República.
Moraes, apesar das tentativas de panos
quentes estimuladas pelo Planalto, não contemporizou, não amenizou o discurso;
quis demonstrar ao presidente que não será fácil tumultuar a eleição, chegou
com a faca nos dentes. A plateia foi em boa parte formada pelo empenho pessoal
dele. Teve a presença de 22 governadores, lideranças políticas variadas e,
detalhe que ganhou relevância pelos fatos anteriores, cerca de 50 embaixadores
que, em situação normal, não estariam lá. Os representantes estrangeiros foram
dar apoio à democracia brasileira em número maior que os 40 embaixadores que
compareceram à entrevista coletiva esdrúxula convocada pelo presidente
Bolsonaro para falar mal do próprio país.
Conta-se em Brasília que Bolsonaro não queria
ir à posse, cujo convite lhe foi entregue pelo próprio Moraes e por seu vice, o
ministro Ricardo Lewandowski. Seria um rompimento simbólico muito forte em
tempos de eleição. Além do mais, como presidente, foi-lhe ponderado que estaria
em situação superior a seu concorrente imediato, o ex-presidente Lula, que
ficaria na plateia, enquanto ele na mesa principal. Não deu certo.
Bolsonaro constrangeu-se ao ouvir a defesa
das urnas eletrônicas aplaudida longamente pela plateia, enquanto não tinha
onde colocar as mãos. Também ficou de frente para Lula, o que o impediu de
fingir que nada estava acontecendo. Seu olhar não escondia o desconforto da
situação. Quanto a Moraes, tornou-se o principal assunto das rodas de poder em
Brasília e certamente terá papel relevante na eleição, que, por ação de
Bolsonaro, transformou-se num pleito especial para o futuro da democracia
brasileira. O que também demonstra que nossas instituições ainda precisam de
apoio da opinião pública para permanecer estáveis e atuantes.
A bem da verdade, a atuação do
ex-presidente Donald Trump nas ações golpistas nos Estados Unidos tornou reais
as ameaças de Bolsonaro por aqui. Se foi possível haver na democracia mais
forte do mundo uma situação radical como a invasão do Capitólio, o que não poderia
acontecer entre nós, uma jovem democracia com instituições não tão fortes como
teriam de ser neste momento?
Estamos numa hora política delicada, em que
todas as ações de combate à corrupção foram sendo gradativamente desarticuladas
num movimento “com Supremo, com tudo”, como preconizava o ex-senador Romero
Jucá, que, igual muitos outros, volta às lides eleitorais depois de
envolvimento em processos na Lava-Jato. Ainda por cima, Lula já assumiu o
compromisso de rever a Lei da Ficha Limpa, que considera exagerada. Isso quer
dizer que será alterada, pois é um anseio suprapartidário num Congresso lotado
de fichas-sujas.
Só faltou você dizer como o ex governador Geraldo alckmin, que denunciou historicamente a roubalheira e incompetência do PT “volta Lula, volta Lula para o bem dos trabalhadores do Brasil”
ResponderExcluirQue vergonha Merval Pereira se desmanchando em elogio ao xerife do inquérito do fim do mundo, como disse o Marco Aurélio Mello , que por sinal achou uma verdadeira desgraça o discurso da posse do Alexandre de Moraes de tão agressivo e deselegante para a cerimônia de posse
ResponderExcluirAlexandre de Moraes representa hoje um ditador que não sabe respeitar os limites que separam os poderes, criando uma desarmonia permanente. Ele sim coloca em perigo a democracia brasileira com suas atitudes autor e hoje posa de bom moço defendendo as “instituições democráticas”
O momento falar em liberdade democrática outro outro momento falava perseguição implacável prisão dos oponentes que proferissem as indefinidas Fake News , que não existe na Constituição e muito menos no Código Penal
A imprensa o tem como herói que combate o Bolsonaro , como um verdadeiro líder da oposição
São momentos difíceis para a sociedade brasileira mas nós vamos vencer
Podem Jair se acostumando…
Jair já está acostumado a ser a Tchutchuca do Centrão...
ResponderExcluirAlexandre,o grande.
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