Valor Econômico
Adotar políticas que fracassaram levará o
Brasil a passar por pelo menos 10 anos de baixa expansão e inflação alta
O ex-presidente Lula deixa claro que o seu
eventual governo terá por principal objetivo a melhoria do bem-estar da
população mais desfavorecida. As diretrizes para o programa de reconstrução e
transformação do Brasil divulgadas pelo PT sugerem que o governo Lula combaterá
a pobreza de forma abrangente, com ações em educação, saúde, saneamento básico
e segurança pública.
A evolução da qualidade da educação básica é a forma apropriada de melhorar as condições de vida da população carente de forma permanente. Para fortalecer os seus efeitos, o Bolsa Família precisa pedir contrapartidas dos beneficiários, com exigência, por exemplo, de que os menores de 18 anos frequentem cursos regulares ou de formação técnica. Na área da saúde, a ampliação do SUS precisa ser perseguida para expandir o atendimento à população. A criação de um programa nacional de saneamento básico, em conjunto com os entes regionais, aprimoraria esse atendimento, melhoraria o bem-estar da sociedade e estimularia os investimentos. A adoção de uma política de segurança pública, também em associação com estados e municípios, aumentaria a proteção e o respeito às camadas mais vulneráveis.
Ao contrário do imaginado por muitos
analistas, é fácil construir um programa para o governo Lula em linha com essas
diretrizes e que seja muito bem-avaliado pelos participantes de mercado. Esse
programa incluiria:
Rearranjo de políticas públicas:
modificações profundas em diversas frentes, em particular nas áreas ambiental,
institucional, diplomática e de respeito à diversidade.
Modernização do SUS: adoção de um plano
nacional, em conjunto com órgãos regionais, para dotação, coordenação e
estímulo à capacitação técnica dos servidores da área, ao fomento de campanhas
de vacinação, à ampliação da oferta de medicamentos para os mais necessitados e
ao aparelhamento e atualização de hospitais e postos de atendimento.
Fortalecimento do programa nacional de
educação: reversão, juntamente com secretarias estaduais e municipais, do
retrocesso dos últimos anos, com expansão do número de escolas em tempo
integral e empenho na disseminação de experiências e práticas bem-sucedidas.
Aprovação de reforma tributária: a partir
de propostas já em tramitação, aprovação de um código tributário progressivo e
mais simples no Congresso, com a revisão e possível eliminação de abatimentos
do imposto de renda e renúncias tributárias, sendo mantidos apenas os que
melhorem a vida dos mais pobres ou elevem a produtividade no país - o término
de grande parte desses privilégios até o fim de 2026 abriria espaço no
orçamento para aumentar o atendimento dos mais carentes.
Definição de um novo arcabouço fiscal:
substituição pelo governo da regra do teto de gastos possivelmente por metas
plurianuais de resultado fiscal primário e limites específicos de expansão
anual por tipo de despesa - a credibilidade dessas novas regras exige cláusulas
claras que admitam seu descumprimento apenas em situações extremas.
Ajuste no programa de desestatização:
manutenção dos leilões de concessões nos setores de transportes, bem como
estímulo aos municípios para a oferta de concessões no saneamento básico,
visando a retomada dos investimentos em infraestrutura e, principalmente, a
ampliação do atendimento da população mais vulnerável - mesmo com a
privatização dos Correios, da Petrobras e do Banco do Brasil tendo sido
afastada.
Aprofundamento dos ajustes microeconômicos:
continuação das ações dos últimos governos, inclusive no atendimento das
precondições de ingresso na OCDE, objetivando a redução do custo Brasil, a
diminuição da burocracia e a melhoria do acesso às ações do Estado.
Retomada das negociações bilaterais e
multilaterais: empenho diplomático e da Presidência da República para o aumento
da inserção do país na economia global, visando a expansão dos investimentos no
país e a elevação da corrente de comércio.
Manutenção da autonomia formal do Banco
Central.
Os benefícios para os mais pobres seriam
ainda maiores caso o governo Lula adotasse algumas medidas que supostamente
divergem das diretrizes para o programa, entre as quais:
Promoção de reforma administrativa:
valorização dos servidores que mais contribuam para a eficiência do serviço
público, com a eliminação de privilégios distribuídos de forma generalizada e
com a imposição de regras iguais para todos os funcionários, inclusive os já da
ativa.
Fortalecimento dos organismos de regulação:
além da retomada de atividades absorvidas pelos ministérios nos últimos anos,
estabelecimento de regras transparentes sobre a formação de preços de setores
monopolizados ou oligopolizados, evitando tentativas de intervenção nas
empresas estatais.
Ajustes na legislação trabalhista: inclusão
de estímulos à geração de empregos formais para a camada mais vulnerável -
quase 80% dos 5% mais pobres da força de trabalho está desocupada ou
desencorajada.
Abertura unilateral da economia em alguns
setores, com redução de tarifas de importação.
Um plano de governo que englobe todas essas
medidas promoveria recuo da taxa de juros, diminuição de custos, redução do
desemprego, maiores investimentos, ampliação da produtividade e elevação do
crescimento potencial. Nesse cenário, ocorreria uma alta expressiva dos preços
dos ativos domésticos de forma consistente. Um programa de governo dessa
natureza garantiria maior bem-estar para a população carente, redução da
miséria, diminuição da desigualdade e geração de maiores oportunidades para os mais
pobres.
Há riscos, porém, que não podem ser
descartados. Há um grupo que defende o aumento do dirigismo estatal, a
concessão de novos privilégios para setores que estagnaram nos últimos 40 anos,
a reversão das privatizações, entre outras políticas que comprovadamente
fracassaram no país. Embora seja um cenário improvável, caso essa vertente
convença o governo a adotar sua visão, o Brasil passará por, pelo menos, mais
10 anos de crescimento baixo, inflação alta e distribuição de renda vergonhosa.
*Nilson Teixeira, sócio da Macro Capital Gestão de Recursos.
Programa do Lula pode ser lindo, mas sem uma auto crítica e um pedido de desculpa à nação por ter promovido maior esquema de corrupção pública mundial, que quase quebrou a Petrobras com desfalque de mais de 500 bilhões de reais, assalto aos Fundo de pensão das estatais, Petrobras Banco do Brasil, caixa econômica Correios , Eletrobras , O BNDES ter financiado ditaduras na América Latina e na África investindo em torno de 1 trilhão de reais do dinheiro do imposto suado do povo e ter deixado o país após a sua poste Dilma com recessão queda de 7,5% em dois anos e 11 milhões desempregados, fica difícil você acreditar que isso tudo que ele colocou no papel possa acontecer
ResponderExcluirMuito bom o artigo,bobagem ficar cobrando do Lula alguma coisa,o que está aí é muito pior.
ResponderExcluirNenhuma palavra sobre aumento real do salário mínimo?? Mais um economista preocupado com os próprios recursos e em agradar o Deus Mercado!
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