O Globo
Elas vão mostrando cada vez mais o conteúdo
que o algoritmo escolhe em detrimento das pessoas que nós escolhemos
Você lembra quando entrou no Facebook pela primeira vez? Ou no Instagram? No Twitter? Essas são experiências que nunca mais voltarão. Hoje, a vida com as redes sociais é francamente ruim. O Facebook é um grande vazio, o Twitter deixa de mau humor, e o Instagram é pura ansiedade. Mas não era assim. Aliás, era bem o contrário: eram ambientes realmente agradáveis. Ambientes que nos arrancavam sorrisos com facilidade. O veterano analista desse mundo digital Scott Rosenberg sugere que a Era das Redes Sociais tenha, com as últimas mudanças no Insta, acabado. Passou como a Era dos Blogs ou, antes, a Era dos Sites Pessoais. Rosenberg está possivelmente certo.
A grande surpresa sentida por todo mundo
quando entrou pela primeira vez no Face foi o encontro de amigos das antigas.
Gente da escola, da faculdade, talvez alguns casinhos que passaram. Rostos
havia muito não vistos. Era o que fazia, da rede, social. Um jeito de
acompanhar gente de quem gostamos, mas que o tempo ou a geografia afastou. Um
lugar para encontros. A diferença essencial, naquele Facebook que não existe
mais, é que tínhamos pleno controle sobre quem acompanhávamos. Não é à toa que
a expressão usada naquela rede era “fazer amizade”. Cada visita era, de alguma
forma, uma busca por contato.
O Twitter era outra coisa, completamente
diferente. No Twitter, “seguíamos” as pessoas, e a palavra era precisa.
Primeiro porque era unilateral, diferentemente do Face. Você seguir alguém não
quer dizer que esse alguém o seguisse. Depois porque, no Twitter, o objetivo
mesmo era acompanhar o fluxo de ideias ou informações que algumas pessoas
traziam. Uma rede para se informar sobre o mundo centrada, evidentemente, em
pessoas.
O Instagram, de certa forma, juntou os dois
conceitos. Uma rede para seguir os outros, mas não para notícias. Uma rede para
compartilhar os momentos da vida. Tinha, claro, um quê de revista de moda — um
tom aspiracional. Aquela vida que gostaríamos de ter. Um lugar para sonhar
acordado que, evidentemente, logo criou suas próprias celebridades. A ideia de
influenciador nasce com o Insta. E aquilo tinha valor comercial nítido sem, no
entanto, perder sua característica de ser uma rede lenta.
Nada dessas coisas existe mais. O
Instagram, como o Facebook, está mergulhando no modelo TikTok, e é isso que fará
com que deixem de ser redes, ora, sociais. No TikTok não adianta muito seguir
pessoas, não se faz amizade, a experiência é passiva. O algoritmo, muito
eficiente, descobre do que cada um gosta e começa a mostrar. O trabalho de quem
entra é deslizar o dedo pela tela, um vídeo curto após o outro. O Insta está
ficando assim. Aquela rede de fotografias quadradas de há muito, hoje, está
virando TikTok.
A mudança é lenta. Quem trabalha para
conquistar seguidores, no Insta, só consegue de um jeito: fazendo reels.
Aqueles vídeos curtos com potencial de chiclete. É uma maneira de forçar quem
mexe profissionalmente com as redes a se readequar. Basta clicar num vídeo
desses e somos tirados daquela tela onde estão os que seguimos. Entramos num
ambiente completamente distinto em que deslizamos o dedo passivamente.
O Instagram seguirá o Facebook para se tornar a mesma coisa. Aquelas redes vão mostrando cada vez mais o conteúdo que o algoritmo escolhe em detrimento das pessoas que nós escolhemos. A busca ativa se torna um assistir passivo. E, assim, vão morrendo as redes sociais. Sobrou o Twitter, claro. A experiência não é mais aquela, da descoberta. Mas, bem, não é só lá que o mundo está violento.
A eleição do presidente Bolsonaro foi exatamente a escolha pela violência, verbal, armada, machista e preconceituosa!! Quando um canalha deste tipo, ou similar como Trump, é escolhido "democraticamente", é um sinal claro da aceitação da violência pela sociedade (ou pelo menos pela maioria desta).
ResponderExcluirA política da violência sempre foi a única capacidade de Bolsonaro: xingar, ameaçar, agredir, perseguir, armar as milícias, atacar os governadores e ministros do STF!
ResponderExcluirNão curto rede social,eu uso a internet para ler.
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