Folha de S. Paulo
Candidato à reeleição, governador do Rio
foge das perguntas sobre escândalo da Ceperj
No Rio, quem não se beneficiou com a lista
do Ceperj pode
ter feito parte dela sem saber. Irrigada com R$ 193 milhões do leilão da Cedae,
a folha secreta de pagamentos do órgão revelou a presença de funcionários da
Câmara Municipal, da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Deputados, todos
ligados a políticos de diferentes legendas, que também receberam o pagamento e,
por coincidência, apoiam a candidatura de Cláudio Castro.
O esquema —que apadrinhou 27 mil pessoas, entre as quais 250 presos ou ex-presos— lembra o do clã Bolsonaro na hora de comprar imóveis: saques em espécie na boca do caixa dos bancos. A suspeita é que os funcionários fantasmas faziam uma espécie de "rachadão", devolvendo a maior parte do dinheiro, e atuavam como cabos eleitorais.
Na teia de clientelismo há o grupo do
milhão, dez privilegiados que sacaram, cada um, o total R$ 992 mil. Uma mulher,
que nunca trabalhou para o governo estadual e retirou R$ 21 mil, disse que
recebeu uma "indicação" para buscar a grana. O vice-presidente do
Ceperj ganhou de presente uma Mercedes-Benz blindada e com teto solar.
Entre os peixes da folha secreta está
Alexandre Motta, laranja do sargento reformado da PM Ronnie Lessa, denunciado
como autor da morte da vereadora Marielle Franco. Motta —que escondia em casa
117 fuzis— fez dois saques que somam R$ 6.000. Outro participante da farra é o
modelo Bruno Krupp,
preso por matar um adolescente atropelado e réu por estelionato.
O governador foge das perguntas sobre o
escândalo. Como se tudo fosse normal e ele não devesse explicações. Pior: pôs
sob sigilo a documentação do órgão. Tampouco se abala com a ficha suja do
ex-prefeito de Duque de Caxias e vice na chapa da reeleição, Washington Reis, cujo
endereço é sabido de cor pela PF. Reis é investigado por desvios na Saúde. É o
crime que levou Wilson Witzel ao impeachment e Cláudio Castro ao poder.
Lambança generalizada.
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