Folha de S. Paulo
Após 30 anos pedindo votos, ele ainda não
sabe que existem pobres no Brasil
Em política sempre é cedo. Mas, faltando
menos de duas semanas para o primeiro turno e com a possibilidade de não haver
o segundo, a dúvida é saber qual é o maior desastre: se a campanha da reeleição
ou se o desempenho de Bolsonaro nela. Prenuncia-se o fracasso
daqueles que tiveram na mão a faca (a máquina estatal) e o
queijo (a aliança comprada ao centrão) e estão sendo comidos.
Esqueça os marqueteiros do PL, eles não apitam. Na condução da campanha —em cujos cofres já entraram cerca de R$ 21 milhões, cinco vezes mais do que os gastos declarados em 2018—, há dois bicudos vaidosos que não se beijam. Dois inimigos fraternos, o senador Flávio e o vereador Carlos. O primeiro defende uma estratégia inexequível: exaltar as qualidades de Bolsonaro e seus acertos na Presidência. Uma obra de fantasia, baseada no conceito da suspensão de descrença, impossível de dar certo.
O segundo tem uma ideia fixa: atacar Lula.
Com verdades ou mentiras, não importa. Um único site, que reúne conteúdo
negativo ao ex-presidente, está embolsando R$ 7 milhões para impulsionar o
trabalho sujo. Apontado pelo próprio Bolsonaro como principal responsável por
sua chegada ao Palácio do Planalto, Carlos comanda as ações na rede. Só não
contava em ter de enfrentar um adversário do mesmo peso na categoria golpe
baixo: o deputado André Janones, convertido ao lulismo.
Mais perdido que os filhos está o pai. Após
30 anos pedindo votos, ele descobriu que existem pobres no Brasil. Pobres com
direito a título de eleitor. São eles que engrossam a rejeição de 53%. Mesmo
assim, o mecanismo de autodestruição dentro do governo não para.
Nos últimos dias, antes de passar (e nos
fazer passar) vergonha no funeral da rainha Elizabeth 2ª, Bolsonaro fez cortes
em projetos sociais e no programa de enfrentamento à violência contra a mulher.
Se o Ciro não ficasse no caminho, a vaca já estaria no
brejo.
A boiada do Bolsonaro, que antes era tocada pelo Ricardo Salles, está estacionada no brejo onde ele deixou todo o país. Aproveitando seus passeios pela Europa e pelos EUA, o genocida concluiu: The cow went to the brejo!
ResponderExcluirExiste um Ciro no meio do caminho,senão a fautra seria no primeiro turno.Quer dizer,se as pesquisas forem confiáveis,até são,mas tem aqueles que não vão votar por medo da violência e/ou dificuldade de locomoção.
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