Valor Econômico
Planalto vê Supremo blindado pelo Senado
A segunda principal preocupação de uma ala
do governo é a sucessão no comando do Senado em fevereiro do ano que vem. A
primeira delas é, obviamente, a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em
outubro. Já a certeza entre integrantes desse grupo de que Arthur Lira será
reconduzido para um novo mandado na direção da Câmara é cristalina como a água.
Esta ala governista, que é majoritária, não se conforma com eventual reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para mais dois anos no comando da Casa. A avaliação de alguns integrantes do primeiro escalão do time bolsonarista é de que Pacheco “não joga junto” com o Palácio do Planalto, em contraponto ao presidente Arthur Lira, que se tornou um aliado de primeira hora do governo - que em troca, generosamente, viabilizou um “orçamento secreto” de R$ 19 bilhões para 2023.
Por isso, se for reeleito, integrantes
dessa ala do governo defendem que Bolsonaro não reedite o apoio àquele que já é
chamado nos gabinetes palacianos de “ex-aliado”. A ala governista que manifesta
contrariedade com Pacheco alega que o senador mineiro não demonstrou
solidariedade ao presidente Bolsonaro em nenhum episódio da série de embates
travados pelo chefe do Executivo com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado se o presidente do Senado
deveria ter determinado a abertura de um processo de impeachment contra algum
dos 11 integrantes do STF para contemplar Bolsonaro, um integrante do primeiro
escalão negou que tal medida fosse necessária. Mas observou que Pacheco poderia
ter feito, ao menos, um gesto, articulando a convocação do ministro Alexandre
de Moraes para que ele prestasse depoimento aos senadores sobre decisões
polêmicas de sua autoria.
No início de agosto, a Comissão de
Transparência, Fiscalização e Controle aprovou um requerimento do senador
Eduardo Girão (Podemos-CE) para realizar audiência pública para discutir o
“ativismo judicial” e o inquérito das “fake news”, relatado por Alexandre de Moraes
do STF.
Foram convidados para o debate, além de
Moraes, juristas e representantes do Ministério Público Federal. O evento foi
realizado no dia 30 de agosto, mas Moraes não compareceu. Participaram do
debate o ministro da Advocacia-Geral da União, Bruno Bianco Leal, o
ex-procurador da República Deltan Dallagnol, o jurista Ives Gandra Martins e o
deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF e depois anistiado por
Bolsonaro.
A audiência pública acabou se transformando
em palco para críticas à mais recente decisão de Moraes, que uma semana antes,
havia determinado a busca e apreensão contra empresários bolsonaristas,
inclusive Luciano Hang, flagrados em um grupo de WhatsApp defendendo um golpe
de Estado. Além de Girão, reforçaram o coro contra o STF os senadores Guaracy
Silveira (Avante-TO), Luiz Pastore (MDB-ES), e dois candidatos a governos
estaduais, Esperidião Amin (PP-SC) e Styvenson Valentim (Podemos-RN).
Depois, na tribuna do plenário, Eduardo
Girão cobrou a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF,
verbalizando o que ministros e aliados de Bolsonaro defendem nos bastidores.
Segundo o senador do Podemos, desde que tomou posse, em 2019, já seriam 58
pedidos de impedimento contra integrantes da Suprema Corte e ressaltou que dois
deles são de sua autoria. “Este Senado é o único Poder que tem a prerrogativa
de investigar abusos que estejam acontecendo naquela Corte”, protestou. “Nós
somos o tribunal do tribunal”, ressaltou.
Em agosto do ano passado, no auge do
acirramento das relações entre Planalto e STF, Bolsonaro protocolou um pedido
de impeachment de Alexandre de Moraes, por meio da AGU. Cinco dias depois,
Pacheco rejeitou o requerimento.
As relações de Pacheco com o Planalto
começaram a se esgarçar após a instalação da CPI da Covid. Uma incompreensão,
na avaliação de aliados do presidente do Senado, porque ele adiou o quanto pode
o funcionamento do colegiado e somente cedeu diante de determinação do ministro
Luís Roberto Barroso do STF.
Antes disso, entretanto, o clima já era de
desconfiança porque o PSD havia lançado a pré-candidatura presidencial de
Pacheco, que acabou não se viabilizando. O azedume do Planalto com o presidente
do Senado atingiu o ápice em julho, quando Pacheco recebeu o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e o seu candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, para
um almoço na residência oficial.
Aliados de Pacheco vêm com ceticismo
qualquer movimentação do Planalto para lançar um nome alternativo ao do senador
mineiro para a sucessão ao comando da Casa. Apesar da força política de
Bolsonaro, que voltaria revigorado em virtude de eventual reeleição, Pacheco já
consolidou uma rede de apoios suficiente para torná-lo favorito no pleito
interno de fevereiro. Desde já, ele conta com os votos do PSD - que poderá
superar o MDB como maior bancada - além dos votos da esquerda e de senadores do
centro.
Um interlocutor de Pacheco argumenta que o
Planalto não tem por que reclamar do presidente do Senado, que ajudou a
encaminhar várias propostas de interesse do governo. O exemplo mais recente é a
votação da PEC das bondades, que liberou R$ 41 bilhões para gastos para mitigar
os impactos da alta dos combustíveis e para viabilizar o aumento do Auxílio
Brasil para R$ 600, trunfo eleitoral de Bolsonaro.
Pacheco articulou para evitar a instalação
da CPI do MEC, proposta pela oposição na esteira da prisão do ex-ministro da
Educação Milton Ribeiro, que prejudicaria a imagem do governo às vésperas da
eleição.
Um interlocutor de Pacheco argumenta que
ele recebe reclamações de governistas e da oposição o tempo todo. Por isso,
tenta seguir a lição que ouviu do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de
Sousa, durante visita ao país no ano passado: que ele deve buscar se manter
“acima do muro”, para olhar os problemas do alto e, de lá, tomar as melhores
decisões para o país”. Se ficar “em cima do muro”, levará pedradas dos dois
lados.
O problema do senador Rodrigo Pacheco não é apenas político, ele na verdade é de direita e conservador , mas o que está em jogo são ações bilionárias que correm no STF e que tem o seu escritório de advocacia como representante da Vale do Rio doce, no desastre ocorrido em Brumadinho, com centenas de mortes e prejuízos incalculáveis para natureza e as propriedades ribeirinhas.
ResponderExcluirDependendo do humor do ministro do ST F que vai julgar o pedido de indenização de 8 bilhões de reais para os atingidos, pode haver ou não esse lucro bilionário do escritório do Rodrigo Pacheco
O presidente do Senado, o senador Pacheco , além de covarde é um canalha que coloca o seus interesses pessoais à frente dos interesses da nação, o resto é conversa fiada
Hoje ele é uma marionete na mão dos togados do Supremo
O problema do Pacheco é ele ser interessado em processos bilionários que estão no STF e por isso não tem isenção em relação ao Supremo.
ResponderExcluirPacheco foi xingado naquele desfile da Independência,sinal que está agindo certo.
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