Folha de S. Paulo
Depois de melhorar com evangélicos, classe
média e Sudeste, presidente enfrenta limites de recuperação
A flutuação das intenções de voto
registrada pelo Datafolha indica
que o arsenal usado por Jair
Bolsonaro (PL) nos últimos meses encontra uma certa resistência nesta
etapa da campanha.
Depois de melhorar seus números em
segmentos importantes como evangélicos, classe média e o eleitorado do Sudeste,
a reta final do primeiro turno testa os limites de sua recuperação nesses
grupos.
As três faixas são consideradas cruciais
pelos coordenadores da campanha pela reeleição porque concentram uma grande
quantidade de eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018 e, até os primeiros
meses do ano, mantinham certa distância de sua candidatura.
As curvas traçadas desde então mostram que
o presidente colheu algum retorno de seus investimentos para recuperar esses
votos. Os sinais das últimas semanas, no entanto, apontam para uma estagnação
em três critérios considerados fundamentais para Bolsonaro: as intenções de
voto, a rejeição a Lula (PT) e
sua própria rejeição.
Designado como principal
campo de batalha pela equipe do presidente, com 4 de cada 10 eleitores do
país, o Sudeste é o principal exemplo dessas trajetórias.
Em pouco mais de 100 dias, Bolsonaro ganhou sete pontos percentuais em intenções de voto na região, encontrando Lula numa situação de estabilidade. Mas um recorte mais limitado tem o presidente variando no mesmo patamar há cerca de um mês, agora com 34%.
O mesmo ocorre nos dados sobre rejeição.
Bolsonaro apostou no aumento dos números negativos de Lula no Sudeste a partir
da intensificação do discurso contra a corrupção. Ele até conseguiu levar esse
índice de 36%, em maio, para 44% no início de setembro. Essa curva mudou e,
agora, a rejeição ao petista está em 41%.
O que Bolsonaro não conseguiu foi reduzir o
percentual de eleitores desses estados que dizem não votar nele —uma métrica
considerada essencial por seus aliados para avançar na região.
Desde maio, o presidente teve sucesso em melhorar
os índices de avaliação do governo no Sudeste. A rejeição na hora do voto,
entretanto, é praticamente a mesma desde aquele mês, tendo voltado a superar a
marca de 50%.
Um freio na recuperação
dos indicadores da classe média também deve frustrar a campanha pela
reeleição. Bolsonaro chegou a avançar sete pontos percentuais nas intenções de
voto no segmento com renda de dois a cinco salários mínimos, mas patina na casa
dos 40% há cerca de um mês, empatado com Lula.
Aliados do presidente também acreditavam
que esse segmento seria mais sensível às investidas de Bolsonaro contra o
petista na seara da corrupção, o que elevaria a rejeição ao adversário. Isso
chegou a ocorrer: os índices negativos de Lula subiram nove pontos de maio a
setembro nesse grupo, mas agora estão parados.
A rejeição a Bolsonaro, que vinha numa
trajetória de queda, observou um repique nessa faixa média de renda: subiu de
45% para 49% o percentual de eleitores que dizem não votar nele de jeito
nenhum.
É cedo demais para saber se a campanha pela
reeleição atingiu um teto nesses segmentos. Os números fazem soar um sinal de
alerta porque o tempo para retomar a trajetória anterior fica mais escasso.
A dificuldade fica evidente no eleitorado
evangélico, em que Bolsonaro esperava
encontrar praticamente um monopólio para compensar sua desvantagem em
relação a Lula em outros grupos.
Os dois adversários saíram de um empate
técnico em maio entre esses fiéis para uma vantagem de 23 pontos a favor de
Bolsonaro. O presidente, no entanto, orbita o mesmo patamar de intenção de
votos desde a metade de agosto. Agora,
a diferença é de 17 pontos.
Os números indicam ainda que Lula pode ter
interrompido uma trajetória de queda entre os evangélicos, estagnado na casa
dos 32%.
A notícia mais relevante para o petista
talvez seja o freio em sua rejeição (em
altíssimos 53%) e um leve crescimento do índice negativo de Bolsonaro nesse
grupo. Desde a pesquisa passada, subiu de 31% para 36% a proporção de eleitores
evangélicos que dizem não votar no atual presidente de jeito nenhum.
As explicações para esse quadro abrem
espaço para uma hipótese. Bolsonaro colheu números melhores entre os
evangélicos graças a uma estratégia agressiva em templos, com o apoio de bispos
e pastores. Essa atuação, entretanto, também pode ter disparado um incômodo
entre alguns fiéis, que reprovaram a exploração política de sua religião. As
próximas pesquisas dirão se esse sentimento terá um impacto significativo nessa
faixa do eleitorado.
A movimentação de Bolsonaro para reativar o
antipetismo e transformá-lo numa onda de crescimento passou a ser determinante
para sua campanha porque os disparos feitos em outras direções não deram os
resultados que ele esperava.
A redução
dos preços dos combustíveis e a melhora
nos números do emprego ajudaram o presidente a ganhar algum terreno na
classe média, mas essa trajetória não foi suficiente para permitir que ele se
descolasse de Lula —e menos ainda para compensar a enorme vantagem que o
petista registra entre os mais pobres.
O torpedo
do Auxílio Brasil, até aqui, também não mostrou um efeito político
consistente, e mesmo a agitação
produzida pelas manifestações de 7 de Setembro parece ter ficado para
trás.
O arsenal de maldades de Bolsonaro está limitado... Já usou grande parte na pandemia, sabotando todas as políticas do seu Ministério da Saúde e provocando a morte de centenas de milhares de brasileiros que continuariam vivos sob qualquer governo menos incompetente que o dele.
ResponderExcluirNão vejo a hora que tudo isso passa.Vai passar pela avenida um samba popular...
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