Valor Econômico
Distribuição de recursos indica prioridades
dos partidos
As eleições de 2014 foram as mais caras da
história. Num tempo em que as doações de empresas eram permitidas, grandes
grupos como JBS, as construtoras Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, UTC e
Odebrecht, os bancos Bradesco e BTG e mais as cervejarias Ambev e Petrópolis
(para ficar apenas nos top ten) investiram pesado no financiamento de
candidatos e partidos.
O custo final das eleições de 2014 foi de
R$ 4,4 bilhões - ou R$ 7 bilhões em dinheiro de hoje, corrigido pelo IPCA.
Este ano ficará muito próximo daquele recorde. As doações de empresas foram proibidas, mas a classe política tratou de manter os cofres dos partidos irrigados, só que com dinheiro público. Para este ano são R$ 4,962 bilhões de fundão eleitoral e mais R$ 984 milhões de fundo partidário. Com praticamente R$ 6 bi assegurados, o que vier de doação privada será lucro.
Cada partido teve um quinhão diferente na
distribuição desses quase R$ 6 bilhões de recursos públicos para financiar a
campanha deste ano, em função do seu desempenho nas eleições passadas.
No modelo brasileiro de financiamento
público de campanhas há uma grande liberdade para as legendas distribuírem os
recursos recebidos entre seus candidatos. Com as exceções da reserva de 30%
para candidaturas femininas e do respeito à composição racial de sua nominata,
os partidos ficam livres para aplicar o dinheiro nos cargos, Estados e candidatos
que considerarem com mais chances de serem eleitos.
Estamos a 20 dias do primeiro turno e os
partidos, até agora, já alocaram 63,2% do total recebido pelos fundos
partidário e eleitoral. Mergulhar nos dados sobre essa distribuição é um
exercício interessante para identificar as estratégias e prioridades de cada
agremiação.
O primeiro ponto é o ritmo. Percebe-se que
os partidos da base de Jair Bolsonaro foram os mais ágeis na destinação do
dinheiro entre seus candidatos. Seu partido, o PL, já distribuiu 97,3% dos
recursos recebidos dos fundos eleitoral e partidário. PP (com 92,7%) e
Republicanos (88,7%) vêm logo atrás.
Os partidos que compõem a federação de Lula
estão bem mais lentos: PT, PCdoB e PV são, respectivamente, o 10º, 11 º e 12º
colocados no despacho do dinheiro para seus candidatos (média de 62,5% do
dinheiro recebido).
Uma hipótese para velocidades tão
diferenciadas pode estar na necessidade de cada bloco. Enquanto a coligação de
Bolsonaro precisava reduzir a desvantagem nas pesquisas e, assim, foi forçada a
ser mais eficiente na entrega dos recursos, o time de Lula pode ter guardado um
saldo considerável para ser despejado na reta final da campanha.
Por falar em estratégias das candidaturas
presidenciais, chama a atenção como o PT tem apostado alto na vitória de Lula.
Até aqui, a direção da sigla já destinou R$ 86 milhões para o custeio da
campanha do ex-presidente, o que representa 24% do total distribuído a todos os
candidatos do partido.
Em termos comparativos, a segunda campanha
presidencial mais cara até aqui, de Simone Tebet, consumiu R$ 33,25 milhões, o
equivalente a 10,6% do caixa do MDB utilizado até agora. A campanha de
Bolsonaro, por sua vez, custou até agora R$ 10,09 milhões - apenas 3,2% do
orçamento gasto pelo PL.
A estratégia dos petistas de priorizar Lula
pode acabar canibalizando recursos que poderiam ser utilizados para impulsionar
candidaturas a deputado federal e senador.
Como pode ser visto no gráfico, a maioria
dos partidos tem priorizado a disputa para o Legislativo federal, seja para
fins de atendimento à cláusula de barreira, para garantir um naco maior dos
fundos partidário e eleitoral nos próximos quatro anos ou para ter grande
influência na nova legislatura.
A média de investimento dos partidos nos
cargos de deputado federal e de senador é de, respectivamente, 55,6% e 6,2% do
total. No caso do PT os percentuais são bem menores (42,5% e 4,6%), o que pode
impactar os planos do partido de constituir uma boa bancada no Congresso em
2023.
Vale a pena também atentar para as prioridades
de cada partido nos Estados. Até o momento as campanhas mais caras para
governador são: Fernando Haddad (PT-SP, R$ 24 milhões), Rodrigo Garcia
(PSDB-SP, R$ 19 milhões), Alexandre Kalil (PSD-MG, R$ 16 milhões), Anderson
Ferreira (PL-PE, R$ 11,3 milhões), Danilo Cabral (PSB-PE, R$ 10,4 milhões),
Marcelo Freixo (PSB-RJ, R$ 9,5 milhões) e Tarcísio Freitas (Republicanos-SP, R$
9,3 milhões).
A ver quem vai conseguir dobrar as apostas
e se sair vencedor nas três próximas semanas.
*Bruno Carazza é mestre em economia e doutor em direito, é autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”.
A campanha oficial de Bolsonaro custou tão pouco porque todos os gastos de Bolsonaro e sua comitiva nos deslocamentos são pagos pelo Governo Federal. Uma parte muito significativa dos gastos eleitorais é com transportes e estadia dos candidatos, assessores e direções partidárias, que Bolsonaro debita nos ombros do povo.
ResponderExcluirÉ o Pix que é o IOF com imposto aumentado em caráter obrigatório, está esquecendo isto? Um negócio tão rendoso que mesmo o Estados Unidos dizendo não, o insaciável Paulo Guedes conseguiu através dele o seu desejável CPFM . Decidido na surdina do Congresso com ajuda do incorrigível Centrão, tá louco. O Guedes sabe que os Estados Unidos não aceitará e que condicionou a entrada ao OMCD com a extinção desse imposto que acabou com o turismo dos brasileiros, cartão de crédito 6% de IOF. Tudo nesse governo tem face dupla, é um governo baseado no fingimento, hipocrisia e a destruição das Leis. Enfim, o Guedes concordou em extingui-lo em 2029. Certamente pensando que a eleição seria ganha. No papo dos papagaios, sim, nos votos vamos ver….
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