domingo, 25 de setembro de 2022

Cacá Diegues - Falta uma semana

O Globo

Há mais de cinco séculos procuramos um rumo de nação decente para o Brasil, mas sempre somos traídos pelos acontecimentos

Agora só falta uma semana. Domingo que vem, estaremos todos votando no primeiro turno de uma nova eleição presidencial. A coisa vai estar entre a reeleição do presidente Jair Bolsonaro e a volta ostensiva do ex-presidente Lula da Silva. Que o próximo governo possa sanar os males que sofremos nesses últimos quatro anos.

Não posso esquecer do que dizia o filósofo e cientista político Mangabeira Unger, depois da eleição de Bolsonaro, em 2018: aquela era uma “resposta tosca” à aspiração legítima de um Brasil profundo. Passei grande parte do tempo tentando descobrir que “aspiração legítima” era essa. O eleitor se encantara com o estilo, não com o recado do novo presidente. Acho que era isso.

O Brasil sempre foi um país onde as coisas aconteceram de um modo intempestivo. É como se precisássemos disfarçar nossa história, contá-la de um jeito difícil de se entender logo. Parece que não queremos ser conhecidos, que não fazemos questão de que nos entendam. Pegue o carnaval de rua, uma roda de samba, a arquibancada do Maracanã, qualquer conversa de intelectuais na beira da praia, tudo isso sorrindo. Vivemos um certo surrealismo, sem permitir comparações. O que nos acontece, contado por nós mesmos, mais parece uma narrativa para enganar os trouxas. Mas é tudo verdade.

O herói de nossa Independência foi um príncipe português, filho do rei de lá, a metrópole europeia que nos havia colonizado. E quem assinou o decreto que formalizava a Independência foi a mulher do príncipe, dona Maria Leopoldina, princesa austríaca. Sessenta e sete anos depois, a República era proclamada por um dos mais íntimos amigos do imperador, um general que se arrependeu do que fez. Um golpe de estado contra a maioria da população, a República era uma desforra dos senhores de terras contra a libertação dos escravos assinada por Isabel, filha do Imperador.

A revolução liberal de 1930, feita para encerrar tempos oligárquicos, acabou produzindo a primeira expressa ditadura no país, o Estado Novo, que durou 15 anos. Em 1945, o ditador foi deposto e aí o povo elegeu um ministro como primeiro presidente da nova democracia. E este, por sua vez, seria sucedido pelo próprio ditador deposto, que voltava ao poder pela vontade do povo. Uma nova ditadura imposta por civis e militares a partir de 1964 só terminaria 21 anos depois, sob a presidência de um político que fora dirigente máximo do partido do regime autoritário. E que era, de fato, o melhor entre os que tinham seu retrato no muro dos futuros candidatos.

Agora temos uma semana para escolher o que fazer. Para que nossa memória não se constranja, nem se contagie, assistimos à destruição de toda lembrança de grandeza, de todos e de tanto incêndio(s) histórico(s), da Cinemateca Brasileira (onde o fogo destruiu 270 títulos de filmes aos quais nunca demos bola), à recente tragédia devastadora do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Por ironia, diretores de museus, especialistas e curadores estão marcando um encontro regular para discutir o assunto nas dependências do Museu do Amanhã, bela criação cujo título nos alivia com os sonhos do futuro, onde sempre podemos inventar à vontade sobre o meteorito Bendegó, sobre as múmias egípcias, insetos e borboletas, além da mulher mais antiga da história americana.

Há mais de cinco séculos procuramos um rumo de nação decente para o Brasil, mas somos constantemente traídos pela insanidade de nossos acontecimentos históricos. Como acabar com essa maldição? Agora só temos uma semana para começar a resolver essa parada com lágrimas nos olhos e dois dedos de qualquer das mãos fazendo o V de vitória da democracia. É o que temos de melhor a oferecer.

8 comentários:

  1. O traidor do povo o Lula ladrão será escorraçado pelo voto popular, irá pra lata de lixo da história de forma vergonhosa , foi tirado da cadeia por ministros do STF, mas será jogado no buraco negro do desprezo dos brasileiros

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  2. Estou envergonhado em ter um
    ex presidiário candidato a Presidência da república
    O Brasil chegou no fundo do poço.

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  3. Lula ladrão seu lugar é na prisão!

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  4. Concordo com o anônimo acima, não é só vergonha sua , é uma vergonha de toda a nação
    A imprensa e o Judiciário principalmente, são responsáveis por esse bandido está aí solto fazendo campanha para presidente da república
    Que país é esse?

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  5. Cholem mais! LULA LÁ!

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  6. Exatamente como me sinto, a corte nos roubou o direito de eleger e escolher nosso próximo presidente. Isso vai ficar na memória coletiva do nosso país, como uma usurpação de nosso direito de escolher gente como a gente, que ama nosso país . A maioria desses políticos de hoje não tem ideais, só querem enriquecer, roubar e tapear. E essa cortezinha leis abriu mão da honestidade e determinou que ser honesto é um pagode, sem sanfona, que devemos todos roubar que isso é normal. As escolhas dos candidatos a ministro e a juízes deveriam ter uma ficha limpa, freita após uma investigação profunda. Lembram do juíz Lalá? No Brasil isso é muito comum.

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  7. Estou envergonhado de ter um FUTURO PRESIDIÁRIO na presidência do país, um sujeito tão mentiroso quanto seu ídolo Pato Donald Trump... Tão asqueroso quanto ele, os 2 afundaram seus países na pandemia, combatendo as recomendações da OMS, difundindo remédios ineficazes (que Trump nem usou quando pegou Covid). O futuro presidiário depende de se reeleger pra escapar dos processos a partir de 2023, por isso está tão desesperado, embora seja também tão DESPREPARADO! Felizmente, a maioria da população já não acredita numa palavra do que o mentiroso inventa, e nem seus papagaios conseguem enganar mais os eleitores! A derrota no primeiro turno será humilhante! Não terão nem como tentar o golpe tão prometido e ameaçado pelo genocida! O STF e a Democracia brasileira resistiram aos ataques bolsonaristas!

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  8. A esquerda e a direita deviam se amar como irmãos,eu rezo muito pra isso acontecer,fiquem todos na paz.

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