quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Cristiano Romero - “Frente ampla” antevê um Lula mais liberal

Valor Econômico

Apoios de Meirelles e Reali Jr. fortalecem governo de coalizão

Nos últimos dias, interessados em assegurar a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno da eleição, políticos identificados historicamente com a centro-direita decidiram declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À esquerda de Lula, o candidato Ciro Gomes, por sua vez, está sendo "cristianizado" por correligionários de seu próprio partido, o PDT.

Aos que se surpreendem com a adesão de seções regionais do PSDB à candidatura do petista, não custa lembrar que, quando Geraldo Alckmin se transferiu para o PSB e aceitou ser candidato a vice na chapa de Lula, o significado da aliança foi justamente o de unir, pela primeira vez no mesmo campo político, petistas e tucanos (ainda que, formalmente, o ex-governador tenha se filiado a uma legenda de esquerda, historicamente aliada ao PT).

A 11 dias da eleição, emergiu um senso de urgência na classe política. Marina Silva (Rede) deixou o PT no segundo mandato de Lula na Presidência (2007-2010), inconformada com o "pragmatismo" de Dilma Rousseff no trato das questões ambientais, bandeira histórica cara aos petistas. Na segunda-feira, anunciou apoio entusiasmado a Lula.

A declaração de apoio a Lula do ex-prefeito César Maia (PSDB-RJ), político que ao longo de sua trajetória transitou do brizolismo à centro-direita do DEM (hoje, União Brasil), mostra que vai se tentando formar, na véspera da votação, uma "frente ampla", como talvez nunca se tenha visto na história do país _ pode-se dizer que Fernando Collor foi afastado da Presidência pela maioria absoluta dos partidos com representação no Congresso e que seu sucessor, Itamar Franco, fez raro governo de coalizão.

Duas manifestações de apoio feitas a Lula já no primeiro turno da eleição têm um simbolismo que dá algumas pistas de como o petista governará, caso seja eleito: a do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e a do jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reali Jr., autor do pedido de impeachment de Dilma Roussef.

Quando Meirelles, então filiado ao PSDB, aceitou abrir mão, em dezembro de 2002, do mandato de deputado federal por Goiás, para o qual tinha acabado de ser eleito, para assumir a presidência do Banco Central (BC), ninguém, a não ser quem o conhece muito bem, apostou que ele se sustentasse no cargo por mais de três meses. A rejeição das hostes petistas era enorme, afinal, diziam, ele reunia duas características "inaceitáveis": ser tucano e banqueiro (o primeiro brasileiro, diga-se de passagem, a presidir um banco americano nos Estados Unidos).

Antes de aceitar o convite, Meirelles arrancou de Lula o compromisso da autonomia informal. Até os Dois Candangos, eternizados em escultura de Bruno Giorgi localizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, sabem que compromisso de político feito de boca, e desamparado por correlação de forças, não tem muita serventia. De qualquer forma, era o que Meirelles e o próprio Lula tinham para aquele momento.

O fato é que Henrique Meirelles presidiu o BC durante os dois mandatos de Lula, tornando-se o mais longevo dirigente da instituição desde a sua fundação, no derradeiro dia de 1964. Não foi uma gestão nada pacífica porque petistas, por meio do "fogo amigo", tentaram inúmeras vezes desestabilizá-lo e quase sucederam em abril de 2008, quando Lula, por muito pouco, não foi convencido a demitir Meirelles, como parte de estratégia que anteciparia, em três anos, a adoção da chamada Nova Matriz Econômica (NME)

A NME, inspirada na experiência da Turquia que depois se viu malsucedida, resultou na mudança do "mix" de política econômica (em vez de câmbio apreciado, real desvalorizado; no lugar de juro alto, taxa Selic abaixo do juro neutro (aquele que estimula a economia sem provocar inflação); na área fiscal, corte brutal das metas de superávit primário (conceito que exclui juros) de todo o setor público. O Brasil vivia, na ocasião, momento mágico. A economia crescia 6% na margem e a inflação, embora tenha iniciado o ano pressionada, estava sob controle.

Meirelles desenvolveu com Lula relação especial. Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), instância do BC que toma decisões sobre a taxa de juros, ele ia ao Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes, conversar com o chefe. Nesses encontros, fazia exposição sobre a conjuntura econômica e, sem revelar exatamente que decisão emergiria do Copom, dava a lógica do trabalho do BC, procurando sempre mostrar a Lula que a melhor política monetária é a que produz resultados ao longo do tempo, sem provocar solavancos na economia.

Em 2005, no auge do escândalo do mensalão, Meirelles assegurou a Lula que, no ano seguinte, quando ele disputaria a reeleição, a inflação estaria rodando abaixo da meta, com a economia acelerando o ritmo ao longo do período eleitoral. Dito e feito, o IPCA de 2006 foi o segundo menor da história (3,14%) e o PIB avançou 4%. Meirelles convenceu o presidente a aprovar o pagamento antecipado da dívida com o FMI, medida criticada por economistas à esquerda e à direita, mas que, no fim, mostrou-se acertada, uma vez que ajudou o país a normalizar sua relação com a comunidade financeira internacional _ em maio de 2008, justamente quando Meirelles era fritado em fogo alto, a agência S&P concedeu o selo de bom pagador ao país, e Lula, diante do pedido de Meirelles para ir embora, decidiu: "Esquece isso, Meirelles".

Nos estertores do governo Dilma, quando a presidente tentou salvar seu mandato nomeando Lula para o cargo de ministro da Casa Civil, o ex-presidente ligou para duas pessoas, enquanto aguardava o "Bessias" chegar com o seu ato de nomeação para assinar: Antônio Palocci e Henrique Meirelles. Palocci, que possivelmente já vinha sendo fustigado pela Lava-Jato, recusou o convite e disse ao ex-presidente que aquilo só serviria para piorar de vez a situação política do governo. Já Meirelles jantaria com Lula, em São Paulo, na quarta-feira para definir um plano de salvação para a economia _ o jantar foi desmarcado porque, no início da noite, a Lava-Jato vazou os diálogos de Dilma com Lula, inviabilizando a entrada do ex-presidente no governo.

 

6 comentários:

  1. O caro Jornalista já lançou o Lula
    “ O ladrão liberal!”
    Você já deu posse a ele, e por você ele já está governando…
    So tem um pequeno detalhe , o povo sabe quem ele é :
    A favor do aborto
    A favor das drogas
    A favor das invasões do MST
    A favor da ideologia de gênero nas escolas e universidades
    É contra as igrejas e a família tradicional
    Por isso o brasileiro honesto trabalhador e que tem família, não vai votar no Luladrão e sim no Bolsonaro e aí eu quero ver o que que vocês vão falar depois do dia 2 de outubro

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  2. Vai votar no Bolsonaro GENOCIDA? A maioria já não acredita numa palavra do MINTO... Lula pode ter aprontado algumas, mas deixou o povo numa situação muito mais favorável, sempre valorizou o salário mínimo, a Educação, seguiu as recomendações do seu ministério da Saúde, jamais boicotou vacinas ou debochou de doentes ou mandou invadir hospitais. Lula tem muitos defeitos, mas não é miliciano armamentista e nem assassino! CADEIA para o genocida!

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  3. Fora broxonaro e seus cúmplices!

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  4. O 1o anônimo mente como todo bolsonarista.
    Mas eu preciso entender este comportamento, afinal o biroliro nada, NADA, tem a apresentar de bom, só de ruim.

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  5. Um Bando de fanáticos comunistas falando besteira sem a menor noção do que seja
    Pode Jair se acostumando

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  6. Henrique Meirelles é o cara certo,na hora certa,adoro.

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