O Globo
É preciso mais que um pênis ereto para
debelar a fome de 33 milhões e a insegurança alimentar de quase 100 milhões
Sei que é uma pergunta batida, mas, na
comemoração dos 200 anos da Independência, é razoável perguntar que país é
este.
O que nos diz o presidente Bolsonaro
subindo no palanque e gritando que é imbrochável? O que nos diz a multidão que
o segue? O que nos diz o presidente comparando sua mulher com a do rival?
Estava meio perdido na melancolia de um
desfile militar quando comecei a fazer essas perguntas. Como um velho delirante,
concluí que estávamos quase prontos para participar da Segunda Guerra Mundial,
embora até para isso os equipamentos tenham me parecido um pouco obsoletos.
No momento em que um grupo fez acrobacias
com a própria arma, jogando-a para o ar, rodando-a febrilmente, pensei: isso é
uma preparação para dias difíceis, um trampo diante dos sinais luminosos de
trânsito?
Na verdade, enquanto Bolsonaro exorcizava aos gritos seu pavor da castração, a fumaça das queimadas na Amazônia começava a chegar a São Paulo. O cheiro de fumaça sempre teve um efeito de despertar consciências adormecidas, sobretudo quando acompanhado de calor.
Pouca coisa acontece. O presidente beijou
sua mulher na boca, a conselho do marketing. Alguns vizinhos saem vestidos de
amarelo com a bandeira do Brasil. Ignoram que um grande porta-aviões, o São
Paulo, navega pelo mundo, carregado de substância tóxica, o amianto, e é
rejeitado por todos. Venderam para a Turquia, e os turcos se uniram na praia
com cartazes: não somos a lixeira do mundo. O Reino Unido proibiu que navegasse
pelo Estreito de Gibraltar, e ele segue, solitário e rejeitado, para
consumir-se no seu veneno, possivelmente na Ilha das Cobras.
A fumaça de nossa futura ruína continua
chegando às metrópoles do Sudeste, e tudo o que presidente pode nos dizer é
isto: “Sou imbrochável”. É preciso mais que um pênis ereto para debelar a fome
de 33 milhões de brasileiros e a insegurança alimentar de quase 100 milhões.
Segundo Vinícius, o homem que diz sou não
é, o homem que diz “tou” não “tá”. Os gritos de Bolsonaro na esteira de um
desfile militar não são de bom-tom, diante do grande consumo de Viagra pelas
Forças Armadas.
Na véspera desse espetáculo, em Copacabana,
se você gritasse o clássico “joga a chave, meu amor”, era capaz de cair um
paraquedista. Trazidos pelo vento, andaram se embaralhando nas árvores.
Felizmente ninguém se feriu, exceto a confiança na eficácia de nossa defesa.
Foi um aniversário melancólico, se olhamos
para a saúde de nossa democracia arranhada por Bolsonaro, para a integridade de
nossas florestas, ardendo com o sopro de uma política destruidora.
Continuo acompanhando a saga de nosso
porta-aviões, vendido como ferro-velho, expulso de portos onde tenta ancorar, e
fico me perguntando se isso não é o Brasil ou apenas o símbolo de uma época,
cujo veneno ainda pode durar muito e demandará paciência e habilidade para
neutralizá-lo.
Se nosso limitado presidente fosse visitar
Paquetá e refletir um pouco sobre José Bonifácio, certamente aprenderia alguma
coisa — pelo menos a lição elementar de que a História não é algo que se
conquiste com um pênis ereto, mas uma construção coletiva que nos tornou uma
das importantes nações econômicas do mundo, com suor, coração e cérebro. Em
outras palavras, estamos comemorando 200, e não 12 anos. Não é possível que,
agitando tanto a Bíblia, ainda não tenha deparado com a “Primeira carta de
Paulo aos Coríntios”: quando era menino, pensava como menino, agia como menino,
agora que sou grande, dei de mão às coisas de menino.
No fim da tarde, quando saí para o
trabalho, vi alguns vizinhos de Ipanema voltando com suas bandeiras, um pouco
desfeitos pelo calor da primavera que se anuncia.
Pensei: este é o nosso país. Sobreviveremos
ou seremos destruídos por uma política suicida? Duzentos anos de independência,
não imaginava conviver com essas dúvidas. Muito menos, que estadistas como José
Bonifácio fossem substituídos por fanfarrões gritando “imbrochável,
imbrochável”.
Formidável esse artigo. Se a independência, foi causada por uma diarreia há 200 anos atrás, que tal um independência ou morte provocado por Viagra nesse país ignóbil?
ResponderExcluirPaís dó Bolsonaro, quero dizer, e não o Brasil país, lógico.
ResponderExcluirExcelente reflexão do colunista, que pergunta: "Sobreviveremos ou seremos destruídos por uma política suicida?" Já estamos sendo destruídos pela política genocida do Bolsonaro, mas sobreviveremos!
ResponderExcluirO capitão do CENTRÃO
ResponderExcluir- Arthur Lira?
- Jair Bolsonaro?
- Ambos. Dividem o mesmo posto! Lira manda, Bolsonaro obedece e paga a conta! Com o nosso dinheiro...
Seu texto é maravilhoso Lula lá
ResponderExcluirÉ vergonhoso que um jornalista esclarecido que trilhou o caminho do terrorismo na luta armada na década de 60 tentando impor aqui uma ideologia marxista-leninista importado da Rússia que graças aos homens de bem dessa nação foram derrotados hoje em querem voltar a tentar destruir o nosso legado republicano democrático em que na liberdade tem como seu principal pilar
ResponderExcluirPensar nas gerações futuras pelo -1 vez em sua vida tira essa máscara do cinismo reconheça que o Lula representa um passado dolorido para a nação brasileira de corrupção violência e degradação das nossas instituições republicanas
Tente a partir de agora reescrever a sua história se comprometendo de uma vez por todas com progresso a liberdade e a união da nossa pátria Brasil
Bolsonaro representa um presente trágico e doloroso que a população brasileira nunca mais vai repetir. Pesquisa IPEC de hoje: Lula 46 x genocida 31. A rejeição a Bolsonaro é enorme.
ResponderExcluirComo é que pode, o cara lê a matéria e saiu ofendendo o jornalista. Lugar de débil mental e junto com o Bolsonaro, vai procurar sua turma ser ignóbil.
ResponderExcluirFalando ninguém acredita,é de uma tristeza sem fim.''Tristeza não tem fim,felicidade sim'',letra de Vinicius também.
ResponderExcluirVocê é um fanático do Lula não sabe falar outra coisa senão xingar as pessoas respeite a nossa praça de debate
ResponderExcluirEstá ganhando quanto do PT pra fazer o patrulhamento dos textos e se achar o revisor do blog do Gilvan Cavalcanti?
Dia sete de setembro os milhões de brasileiros nas ruas já deram um amostra do que que eles vão fazer nas urnas
Lula vai pra lata de lixo da história como traidor do povo brasileiro
Pode xingar, esbravejar, mentir e caluniar ;
presidente reeleito!
Eu pagaria pro PT se fosse preciso pra poder ler as matérias deste blog! Felizmente o autor do blog nos disponibiliza elas gratuitamente.
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