Folha de S. Paulo
Ninguém foi à lona no encontro da Globo,
principal motivo para a realização destes eventos
De tédio ninguém morreu, apesar da duração
excessiva do espetáculo. O último debate
presidencial antes do primeiro turno no próximo domingo (2), na Rede
Globo, foi marcado por um grau de agressividade que há muito não se via num
encontro de candidatos ao Planalto na TV.
Claro, o tempo passa: saiu Leonel Brizola
gritando com Paulo Maluf e entraram Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e Jair
Bolsonaro (PL), apoiados por um séquito de
candidatos no
fim da fila das pesquisas.
Lula recuperou-se da atuação apagada no debate Folha/UOL/Cultura/Band e
conseguiu escapar da maldição de 1989, quando foi abatido pela afobação no
embate final na Globo com Fernando Collor —noves fora a polêmica da edição
posterior na TV. Escorregou, contudo, ao bater boca com um nanico.
Assertivo no limite da agressividade, o ex-presidente quase saiu da linha na inusitada e interminável sucessão de direitos de resposta trocados com Bolsonaro no primeiro bloco do evento. Mas alinhou-se e conseguiu encaixar uma linha de golpes no ocupante do Planalto, a quem pespegou um "cara de pau" com tom de indignação crível.
Não que ele não tenha sofrido
arranhões. Bolsonaro conseguiu
relembrar o caso Celso Daniel, um incômodo que acompanha o PT desde
2002, ainda que tenha sido submetido a uma compostura pela senadora Simone Tebet
(MDB), que se mostrou boa de debate como nas outras duas edições deste
primeiro turno.
Afinal de contas, como é uma eleição em que
rejeições estão em jogo, e este é um item em que Bolsonaro está mal das pernas,
o debate de ideias basicamente inexistiu. É de se questionar inclusive o
formato: se a audiência quer pão e circo, melhor pensar em reeditar o
"telecatch",
a luta livre marmelada da TV dos anos 1960.
Como nas edições anteriores, Soraya
Thronicke (União Brasil) garantiu seus memes. Saiu
o "cutucou com sua vara curta" contra Bolsonaro no sábado e
entrou o "candidato padre" à linha auxiliar do presidente, Padre
Kelmon (PTB).
O autoproclamado religioso virou
"padre de festa junina" e alguém que não teme ir ao inferno. Foi o melhor
momento de um moroso segundo bloco. A presença de Kelmon, uma obrigatoriedade
legal já que o ambiente era o de uma concessão pública e o PTB tem
representatividade mínima, deixou
para trás o folclore do sábado, ficando apenas o nada inocente
personagem de escada do presidente.
Tanto foi assim que ele cumpriu seu papel
central no terceiro bloco, quando Bolsonaro teve a oportunidade e recuou de
questionar o ex-presidente diretamente —revelando Felipe D'Ávila (Novo) como
seu escada. Kelmon provocou Lula, que caiu e bateu boca com um desconhecido.
Thronicke também trouxe a
questão do golpismo bolsonarista à tona no debate, mas não foi respondida.
Bolsonaro arriscou ao atacá-la, dado que tem entre as mulheres um dos grupos
que mais o rejeitam, segundo o Datafolha.
A chamou de laranja e disse que ela queria
cargos no governo. Thronicke foi mal na réplica, abandonando o tema do golpe e
questionando se o presidente havia se vacinado contra a Covid-19, abrindo outra
frente que ficou no ar.
Ciro Gomes (PDT), um
bom debatedor, saiu-se mal. Colocou Lula na parede na primeira questão da
noite, mas foi rebatido com eficácia. Depois, sumiu, voltando para uma
altercação correta sobre cultura com o presidente, que foi seu chefe.
No mais, o debate se prolongou demais, por
conveniências da Globo, obrigando o público resistente a ver Bolsonaro fazer
mais uma dobradinha com Kelmon, propagandear dois candidatos e ainda questionar
"isto é cultura?" ao falar sobre o tema com o padre. Os presentes
estavam cansados, a alta voltagem caiu no último bloco.
Isso dito, ninguém saiu na lona do ringue,
que é o objetivo final dos debates. Bolsonaro arriscou-se mais, sendo ele
mesmo: estava bastante agressivo e irritado, o personagem que funcionou em 2018
e que lhe garante 36% de
votos válidos segundo o Datafolha desta quinta (29). Não é pouco, mas
até aqui insuficiente para reeleger o presidente.
Ao fim, Lula venceu por pontos. É pouco,
mas o suficiente para ele a esta altura do jogo.
"Ao fim, Lula venceu por pontos. É pouco, mas o suficiente para ele a esta altura do jogo"
ResponderExcluirNa minha opinião, não foi pouco. Percebam q era um jogo de 6 contra LULA (bozo tinha vários laranjas).
Concordo q LULA tenha vencido o q o põe AindA mais próximo da vitória no PRIMEIRO TURNO.
LULA LÁ!
Kelmon, padreco safado e candidato laranja, cabo eleitoral e cúmplice do genocida, é tão mentiroso que considerou o Felipe Dávila como de ESQUERDA... Até as duas senadoras (de centro-direita ou centro) foram tachadas pelo padreco como de ESQUERDA... É mais um adorador do Bezerro de ouro, pau mandado do criminoso Roberto Jefferson... Não lembro de ter visto nos meus 63 anos religiosos tão perigosos quanto estes bandidos e picaretas que acompanham Bolsonaro e fazem parte da quadrilha dele, ABENÇOANDO suas maldades!
ResponderExcluirO folclórico candidato Palhaço Kelmon era vice do grande ex-deputado Roberto Jefferson, cuja candidatura foi impedida pelo TSE. Com a impugnação da candidatura à presidência do criminoso Jefferson, o palhaço Kelmon foi elevado à posição de candidato... Os eleitores do PTB não perceberam a troca, e os demais candidatos nem sabiam o nome certo do palhaço errado. Mas o palhaço Kelmon e o palhaço Broxonaro trocaram figurinhas nos intervalos do debate, combinando as palhaçadas que fariam em dupla durante o debate de ontem!
ResponderExcluirO padre de quermesse é uma piada.
ResponderExcluirLembrei de quando dançava Quadrilha,Olha o padre! É mentira!
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