Ex-presidente enfrenta o desafio de convencer alguns segmentos do eleitorado, como aqueles de camadas de renda média e alta
Por Marlen Couto e Sérgio Roxo / O Globo
Ao deixar o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) com pouco mais da metade dos votos válidos (51%), o resultado
da última pesquisa Ipec/TV Globo deu novo fôlego ao debate sobre
a possibilidade
de o petista vencer a disputa presidencial no primeiro turno. Para atingir
o objetivo e evitar mais quatro semanas de eleição contra o presidente Jair
Bolsonaro (PL), a
campanha de Lula já se movimenta e mira o chamado voto útil, fenômeno que,
para pesquisadores, foi observado na reta final de pleitos anteriores, mas deve
enfrentar o desafio de convencer segmentos do eleitorado, como aqueles de
camadas de renda média e alta, com menor adesão ao ex-presidente e nos quais o
antipetismo é mais forte.
O Ipec e Datafolha indicam que, embora 80%
e 77%, respectivamente, dos eleitores brasileiros digam estar decididos em quem
irão votar para presidente, a alta convicção está restrita a quem já apoia Lula
ou Bolsonaro. Os dados apontam que mais da metade (52%, no levantamento Ipec e
54% no Datafolha) dos eleitores de Ciro, que tem 7% dos votos, dizem que ainda
podem mudar de candidato. Nos casos dos demais nomes, sem considerar Lula e
Bolsonaro, o índice chega a 60% no Ipec.
A pesquisa espontânea, modalidade de pergunta em que não são apresentados os nomes em disputa, aponta ainda que 12% dos eleitores não têm um candidato na ponta da língua e afirmam não saber em quem votar, no caso do Ipec. No último Datafolha, esse índice foi estimado em 17%.
— Faz parte do comportamento do eleitor
brasileiro se voltar para um voto útil. Essas pessoas querem sentir que estão
participando do processo votando em alguém que tenha chances — explica a
cientista política Luciana Santana, professora da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL).
Na ciência política, a opção dos eleitores
em abandonar o candidato por quem têm maior preferência pessoal por outro que
apresente mais chances de vitória é conhecida como efeito bandwagon (ou
manada).
Professora de ciência política da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart defende que quanto
mais polarizada uma eleição, maior a tendência de voto útil. Um dos principais
fatores, na avaliação dela, para esse fenômeno é a rejeição aos candidatos.
Mayra chama a atenção para desafios de Lula, especialmente com eleitores que
estão com Ciro. Embora o candidato do PDT dialogue com a centro-esquerda e
tenha sido ministro de Lula, seu eleitorado tem perfil mais distante da base
política do petista:
— O desafio de Lula é o antipetismo. O discurso de Ciro se dirige mais a um perfil de camadas do eleitorado que têm afinidade com Bolsonaro. Da mesma forma que Bolsonaro não consegue reverter a dificuldade com classes populares, nem mesmo com o pagamento do Auxílio Brasil, Ciro tem dificuldade de falar com eleitores que são de uma classe média escolarizada.
Histórico
A última pesquisa Datafolha traz alguns
indícios sobre essa dificuldade. Entre os eleitores de Ciro, Lula é citado como
segunda opção tanto quanto Bolsonaro (veja acima).
Em eleições anteriores, uma comparação
entre o resultado da pesquisa Datafolha na véspera do pleito e os votos
contabilizados nas urnas aponta para movimentos que podem sinalizar, ao menos
em parte, o efeito do voto útil. Em 2018, enquanto Bolsonaro e Fernando Haddad
(PT) tiveram, respectivamente, seis e quatro pontos a mais no primeiro turno
que o apontado na pesquisa um dia antes da votação, Ciro Gomes (PDT), Geraldo
Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) somaram juntos quase oito pontos a menos.
Em 2014, Aécio Neves (PSDB) teve 7,5 pontos a mais nas urnas do que o apontado
pelo Datafolha na véspera da eleição, enquanto Marina teve 2,6 a menos.
Membro da Associação Americana para
Pesquisa de Opinião Pública (AAPOR, na sigla em inglês) e diretor no Institute
for Social Research da Universidade de Michigan, o estatístico Raphael
Nishimura pondera, porém, que as diferenças podem ser explicadas pela
dificuldade de capturar a decisão do voto feita mais próximo ao pleito. Ele explica
que não há dados no país sobre o comportamento do voto útil, mas que é
pertinente questionar se é um contingente capaz de alterar de fato o resultado
do pleito:
— Pesquisas não são prognósticos. Mesmo a
pesquisa divulgada na véspera começa a ser feita dias antes. Entre um dia e
outro, muitos eleitores estão talvez ainda se decidindo e esse levantamento
pode não capturar o processo. Por isso, vemos diferenças entre as pesquisas e o
resultado.
O candidato do PT defendeu ontem, durante
encontro reservado com mais de seis mil apoiadores, que seja feito um esforço
para que ele possa conquistar a vitória no primeiro turno.
— Tem gente que tem vergonha... “Ah, não
vamos falar que vai ganhar no primeiro turno porque parece soberba”... Não,
gente. Eu nunca fiz eleição para ganhar no segundo turno.
No entorno do ex-presidente, a avaliação é
que a pesquisa reforça o entendimento de que a melhor estratégia no momento é
buscar o voto útil, especialmente de pessoas que hoje optam por Ciro Gomes
(PDT) e Simone Tebet (MDB). Juntos, os eleitores que escolhem algum candidato
sem ser Lula ou Bolsonaro, no momento, representam 14% do total. Esse grupo se
mostra, diz as pesquisas, mais disposto a mudar o voto.
De olho nessa fatia do eleitorado, o PT e
seus apoiadores turbinarão uma série de ações planejadas para a reta final da
campanha, focadas em atrair o voto útil e de eleitores de centro, informou
a colunista do GLOBO Bela Megale.
Além de explorar o apoio firmado com a
ex-ministra Marina Silva (Rede), a campanha de Lula investirá na gravação e
distribuição de vídeos com personalidades, como o ex-jogador Raí e a
ex-jogadora de basquete e medalhista olímpica Marta Sobral.
Em paralelo, a campanha prepara
mobilizações de rua nos 13 dias que antecederão o primeiro turno.
(Colaboraram Jeniffer Gularte e Bruno Góes)
Lamentável , parece um teatro dos horrores, você enaltecer um bandido tirado da cadeia depois de ser condenado há mais de 20 de prisão, por assaltar o Brasil dizendo defender os trabalhadores, o Lula hoje é apoiado por toda a mídia tradicional, o Judiciário / STF e parte do Congresso.
ResponderExcluirEstamos vivendo um tempo de horror. Ver vocês jornalista tratando isso com naturalidade realmente é de espantar, esse período da história será retratado como uma hipnose coletiva, em que muitos vestiram a máscara do cinismo.
As pessoas que viveram a vida inteira as custas do dinheiro público fácil, se uniram para retomar as tetas estatais, e o Lula ladrão era única opção mesmo já estando velho e decrépito.
Para o bem de todos nós brasileiros e na graça de Deus, Bolsonaro vai ser reeleito, e esse circo do horror irá para a lata de lixo da história como um período sombrio da democracia brasileira
Ontem saiu o resultado da pesquisa de intenção eleitoral do Instituto Paraná pesquisas colocando Lula com39.5% e Bolsonaro com 36.6%
ResponderExcluirDiferença de 3 pontos, no empate técnico
Como vê, fora desses institutos de oposição, os resultados que surgem de outros institutos são bem diferentes porém ignorados
O IPEC é o antigo IBOP, que de tanto cometer erros grosseiros nas últimas eleições municipais de 2020 caiu em total descrédito da população teve que fechar dar um tempo e agora ressurge com esse novo nome IPEC
Instituto Datafolha pertence ao jornal Folha de São Paulo que tem no seu editorial deis do primeiro dia da posse do presidente feito oposição ferrenha , usando de todos os artifícios, inclusive Fake News, para prejudicar o governo e o Bolsonaro
Exatamente são essas duas pesquisas que o jornalismo centra seus comentários, deixando os outros vários institutos de pesquisas sem nenhuma divulgação do seus resultados e muito menos comentários
Lula lá!
ResponderExcluirIsto é pra ver o tanto que o Bolsonaro e seu chupa isso Guedes são ruins.
ResponderExcluirChupa isso Guedes
ResponderExcluirChupa osso Guedes
ResponderExcluirEu sou pelo voto útil,chega de ser inútil,basta o Roger,rs.
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