Folha de S. Paulo
Estes quatro anos aprofundaram praticamente
todas as nossas mazelas
Incerteza econômica, emergência
climática e novas tensões geopolíticas dão o tom da conjuntura
mundial, bem diferente daquela de apenas duas décadas atrás. Mesmo esse quadro
sombrio, porém, não deve estiolar as oportunidades para uma nação como o
Brasil, grande produtor de alimentos, muito rico em reservas de água —um bem
que vai se tornando escasso— e abrigando em seu território um patrimônio
incalculável de cobertura florestal e biodiversidade.
Esses podem ser os vistos no passaporte do país na sua jornada em busca de posição vantajosa no sistema internacional em transição, ampliando as condições objetivas para o combate a seus enormes problemas domésticos. Estes são tudo menos triviais: crescimento rastejante; governos enredados em limitações fiscais crônicas; intimidade entre máquina pública e interesses privados; degradação ambiental; e, sobretudo, extensa e abjeta pobreza na qual se ancoram violência e desigualdades superpostas de renda, raça, gênero, região, acesso a educação, saúde e tudo o mais que faz parte da proteção social devida aos cidadãos.
Os quase quatro anos do desgoverno
Bolsonaro aprofundaram praticamente todas essas mazelas. Mas mostraram também a
resiliência das instituições democráticas —Suprema
Corte, Tribunal Superior Eleitoral, Federação e Congresso multipartidário—
bem como da imprensa e da sociedade organizada em face dos arreganhos da
extrema direita.
Atestaram ainda que elites cívicas —hoje
mais plurais, mais nacionais e menos brancas— aprenderam com a experiência de
resistir ao desmonte de políticas e capacidades estatais fomentado pelo Palácio
do Planalto.
Se a campanha presidencial se desenrola ao
ritmo de promessas vagas, não faltam propostas sérias para lidar com os mais
renitentes problemas brasileiros: da sustentabilidade ambiental ao resgate da
educação; do fortalecimento do SUS ao impulso à ciência e tecnologia; da
questão fiscal às prioridades de investimento; da cultura à luta contra a
violência sem replicá-la.
Esse aprendizado se provará nas urnas.
De hoje a três dias, uma ampla coalizão
democrática, unindo lideranças usualmente rivais e eleitores de diferentes
simpatias políticas, do centro-direita às esquerdas, desafiará o atraso, a
truculência, a boçalidade e o autoritarismo que Bolsonaro encarna —e que
tentará impor à força se as urnas lhe mostrarem o merecido cartão vermelho.
Sua derrota —se calhar, já no primeiro
turno— abrirá uma fresta através da qual, não sem dificuldades, nem da noite
para o dia, talvez se possa construir, tijolo a tijolo, um país mais decente.
*Professora titular aposentada de ciência
política da USP e pesquisadora do Cebrap
"Estes quatro anos aprofundaram praticamente todas as nossas mazelas"
ResponderExcluirVerdade!
Bozo piorou tudo no Brasil. TUDO!
LULA RECONSTRUIRÁ O PAÍS E VOLTAREMOS A SER FELIZES.
LULA LÁ E NO 1o TURNO!
"Sua derrota ("do bozo") —se calhar, já no primeiro turno— abrirá uma fresta através da qual, não sem dificuldades, nem da noite para o dia, talvez se possa construir, tijolo a tijolo, um país mais decente"
ResponderExcluirSerá com muitas dificuldades, sim.
Mas o Brasil piorou tanto, tanto com bozo q é garantido q o país MELHORARÁ.
Oxalá no 1o turno!
Outro Brasil é NECESSÁRIO! Com o genocida na cadeia, pra começar!
ResponderExcluirNão ficou pedra sobre pedra.
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