sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Reinaldo Azevedo - Pobres, democracia e imprensa

Folha de S. Paulo

Sociedade está desaparelhada para enfrentar assalto às instituições

O Datafolha vai dizer daqui a pouco se a cruzada criminosa de Jair Bolsonaro no 7 de Setembro interferiu de forma importante na decisão do eleitorado. Estava em curso já um movimento de discreta aproximação entre os líderes das pesquisas. Tendo havido uma aceleração, pode-se especular que a "demonstração de força" tenha surtido efeito.

TSE não vai cassar a chapa encabeçada pelo presidente. Ou sobreviria o caos. O populismo em tempo de redes é novo, mas a prática é antiga: acuar as instituições ou cooptá-las, a exemplo da Procuradoria-Geral da República. Os inquéritos hoje sob a relatoria de Alexandre de Moraes são a única barreira de contenção. Moraes se tornou um dos alvos da imprensa.

A extrema-direita populista que fala diretamente às massas por intermédio das redes sociais, sem qualquer mediação, populariza, como é sabido, teses e pautas as mais obtusas e reacionárias. O algoritmo virou senhor da razão e critério para aferir a verdade.

Nota rápida: se é assim, apor que os ditos "progressistas" não fazem o mesmo? Porque é mais fácil tornar virais as "respostas simples e erradas para problemas difíceis". A Terra plana parece bem mais óbvia do que a física quântica.

Está hoje nas mãos dos mais pobres salvar a democracia no Brasil. A despeito de suas brutais imperfeições, o regime nos permite, ao menos, equacionar as diferenças e buscar modos de corrigir desigualdades. Há aí um aparente paradoxo, não é? As dificuldades materiais eram rotineiramente compreendidas, e isso fazia sentido no mundo pré-redes, como um entrave ao acesso a tecnologias de ponta e, por consequência, à informação qualificada.

Até a semana passada, o mundo bruto que Bolsonaro representa e vocaliza, em que uma pistola é a última expressão do argumento, encontrava na camada da população que recebe até dois salários mínimos o seu limite. Num outro corte, que não é o de renda, mas que também conhece a exclusão, as mulheres constituíam uma barreira importante —aquelas mesmas evocadas em palanque pelo presidente dito "imbrochável", que fez de Michelle mero instrumento da sua autoglorificação. E, como também evidenciavam os números, o Nordeste era outro território inóspito para o destruidor de instituições.

Como resta óbvio, é claro que Bolsonaro tem milhões de eleitores em todas essas categorias, mas os números que o separavam de Lula —até a semana passada, reitere-se— tornavam impossível a sua vitória. Nesses casos, a vida ela-mesma tem se sobreposto ao Brasil paralelo das redes, que obviamente se traduz também em pessoas concretas, ou não estaríamos nesse lamaçal legal e institucional. A esmagadora maioria dos beneficiários do Bolsa Família ("Auxílio Brasil" é bolsonarês), por exemplo, não haviam trocado os R$ 200 suplementares (até dezembro) por seu voto.

Sim, leitoras e leitores: a sobrevivência do regime de liberdades públicas e individuais depende hoje, em larga medida, do voto dos pobres no geral —e das mulheres pobres em particular. No mais, constata-se, de maneira um tanto aterradora, que as instituições do Estado e mesmo as da sociedade civil estão desaparelhadas para enfrentar o assalto à democracia.

Vimos, por exemplo, parte da imprensa a transmitir em tempo real —e parcela dela o fez por ingenuidade, não por adesão ideológica— os comícios ilegais de Bolsonaro, ecoando a voz da barbárie. A agressão à Lei Eleitoral e à Constituição ampliava, assim, o seu público. E que se note: um dos inimigos da massa que foi reverenciar o seu "duce" era justamente a imprensa. Não por acaso, um cartaz sórdido, pendurado num guindaste, demonizava de maneira covarde e asquerosa a jornalista Vera Magalhães.

Mais: aqui e ali, articulistas convidaram os leitores, espectadores, ouvintes e internautas não bolsonaristas a reconhecer, afinal, a força do "Mito", condescendendo com o criminoso contumaz porque, afinal, não foi tão golpista assim —só um pouco. Está em curso um processo de normalização da política do ódio.

Salvando a democracia, os pobres contribuirão também para salvar a imprensa.

 

11 comentários:

  1. Anônimo9/9/22 08:17

    Você está aturdido, não fala coisa com coisa, onde já se viu depender dos pobres que ganham até um salário mínimo pra salvar uma nação , essas pessoas de baixo ensino, que vivem pela sobrevivência
    foram vítimas de políticas do PT lá traz , que teve oportunidade de distribuir renda e melhorar a qualidade de ensino e de trabalho de uma população e nada fez.
    O Lula de dentro do Palácio do Planalto organizou o maior assalto aos cofres públicos da história do Brasil, tudo isso dizendo defender os trabalhadores
    Os milhões e milhões de brasileiros nas ruas em todo território nacional festejando a independência do Brasil e clamando por liberdade e apoiando o presidente Bolsonaro foram mostras eloquente da vontade soberana do povo
    Instituto de pesquisa futura já. Bolsonaro a frente com 41,8% contra 35,7% do Lula
    A cúpula do PT está apavorada o barco está fazendo água e afundando rapidamente
    O povo vai dar um tremendo não ao traidor da Pátria, o Lula ladrão!

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  2. Anônimo9/9/22 11:53

    Cruzada criminosa de Jair Bolsonaro! De primeiro de janeiro de 2019 a 9 de setembro de 2022!

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  3. Anônimo9/9/22 13:49

    O Lula, o bandido que assaltou o Brasil dizendo defender os trabalhadores , está descontrolado depois do sete de Setembro. Dizem que teve até pesadelo, sonhou que ele mesmo colocava faixa presidencial no Bolsonaro
    Foi acordado pela Janja gritando:
    Não , não , não , ele não!
    Desde então, se comenta que ele não está bem da cabeça
    Pode Jair ise acostumando
    Presidente reeleito!

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  4. Anônimo9/9/22 14:06

    Puniu Moro apesar das provas, corte faz de conta, no Brasil só da esse tipo de coisa. Mais desmoralização e chacota para o mundo ver.

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  5. Anônimo9/9/22 14:16

    Com a aquiescência militar, barbáries que ele usa para acabar com tudo no Brasi. Aos poucos ele está conseguindo acabar com o Brasil, e assim realiza sua fixação quando tentou explodir uma unidade das forças. Esse cara é a encarnação do Hitler. Cuidado com ele.

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  6. Anônimo9/9/22 14:20

    Com a aquiescência militar, mais barbáries que ele usa para acabar com tudo no no país Aos poucos ele está conseguindo acabar com o Brasil,e assim realiza sua fixação quando tentou explodir uma unidade das forças. Esse cara é a encarnação do Hitler. Cuidado com ele, é uma bomba em movimento que vai explodir.

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  7. Anônimo9/9/22 15:01

    Xingamentos, bravatas, desvaneios, piração são comportamentos de fanáticos da seita da missa negra que veneram o guru o Lula, o ladrão!
    O povo saiu às ruas no sete de Setembro pela vida, contra as drogas, pela liberdade, pela família , pela pátria e por Deus!
    Não querem a volta do traidor da Pátria , o corrupto que assaltou o Brasil dizendo defender os trabalhadores
    E o povo canta a uma só voz:
    Lula ladrão seu lugar é na prisão!
    Ele já sentiu o baque pós manifestações, já está descontrolado , bebe muito e não fala coisa com coisa, vai acabar que nem um Napoleão de hospício!
    Castigo de Deus para esse grande fariseu!

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  8. Anônimo9/9/22 17:05

    Os papagaios bolsonaristas fanáticos do "minto" acham que mudam o voto dos brasileiros repetindo à exaustão as suas mentiras... O povo já não aguenta as mentiras e toda a incompetência do genocida!

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  9. Incrível... O papagaio bolsonarista vem num blog de política que reúne os principais colunistas da imprensa escrita brasileira e, ao invés de se informar lendo as opiniões e análises dos especialistas, prefere tentar espalhar suas mentiras. Fico com tanta dúvida se concordo com o papagaio anônimo ou com o jornalista sério e com décadas de experiência...

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  10. Está tudo de cabeça pra baixo.

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  11. Anônimo aqui é sacanagem, ainda mais quando mente a soldo. Vc não precisa disso...

    MAM

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