Folha de S. Paulo
Escolha agora é entre a esperança ou o
agravamento da barbárie
Entre justiça e injustiça, não se pode ser
neutro. Com termos semelhantes a esses, que evocavam a posição de Rui Barbosa
na Primeira Guerra Mundial, escrevi artigo publicado nesta Folha pouco antes do
segundo turno de 2018 ("O
dever dos neutros", 11/10/18).
Encontro-me na mesma posição, com a
diferença de escrever antes do primeiro turno. Na época, afirmei que não podia
ser neutro entre valores e contravalores, democracia e autoritarismo, meio
ambiente e devastação. Tudo o que temia se revelou mil vezes pior. À luz da
experiência dos horrores destes quatro anos, nem eu, nem ninguém, tem o direito
de não escolher entre a esperança de um governo que salve o pouco que sobrou
dos ideais da Constituição de
1988 e a continuação e o agravamento da barbárie que estamos sofrendo.
O princípio de uma terceira via não está em jogo porque ela não existe mais. Existiu antes e se chamou Marina Silva, mas foi triturada pelo moinho dos marqueteiros. Em 2018, ainda se podia ignorar que Jair Bolsonaro encarnaria a mais grave contestação ao sistema eleitoral democrático. Agora não, depois da repetição infinita da ameaça do presidente de não reconhecer nem o resultado do primeiro turno. A prudência aconselha evitar condições propícias à contestação. Quanto mais cedo e mais decisiva for a vitória da democracia, menos espaço haverá para seus inimigos.
Já inquieta
a transição demasiada longa para a transmissão do poder.
Não é mais a loucura da República Velha, que elegia o presidente em março para
empossá-lo em 15 de novembro. A espera atual continua longa demais. Favorece os
conspiradores, como se viu na eleição de Juscelino
Kubitschek em 1955, a primeira em que votei. Quem garantiu então o
respeito ao resultado foi um general legalista no Ministério da Guerra. Não
preciso dizer que hoje não se pode contar com a mesma situação.
Votar, porém, não basta. Ao escolher
a chapa Lula-Alckmin,
é preciso deixar claro que votamos em favor de aliança suprapartidária em favor
da democracia, não para consagrar a volta de um partido ou de políticas
envelhecidas. Ao se aliar ao ex-governador paulista, Lula reconheceu
que sozinho nem ele nem seu partido tem força para ganhar, ou no caso de
vitória, para governar.
No Brasil atual, nenhum partido, nenhuma
posição pura de esquerda e direita, goza de hegemonia. O que existe é maioria
em favor de temas cruciais: democracia, Estado de Direito, Constituição de
1988, combate à fome, à pobreza, à desigualdade, ao desemprego, ao racismo e ao
machismo; proteção aos indígenas, promoção do acesso de todos à educação, à
saúde, à cultura e à ciência; crescimento sustentável com redistribuição e
responsabilidade fiscal.
Deve servir-nos de alerta o exemplo da
monarquia, em que todos eram contra a escravidão,
mas não chegavam a acordo sobre quando e como aboli-la. O consenso sobre os
fins é sempre mais fácil que sobre os meios. O futuro governo terá de
empreender a árdua tarefa de reconstruir sobre a terra arrasada. Terá de
governar num mundo e país que não são mais os mesmos de 2003.
Contará com a oposição de algo antes
inexistente: uma extrema
direita aguerrida, armada e
com apoio em influentes setores sociais. Terá, por exemplo, de enfrentar
na Amazônia a
resistência do lobby ruralista, de grileiros, garimpeiros, madeireiros ilegais.
Precisará negociar com o Congresso novo pacto orçamentário que elimine as
emendas secretas e sem racionalidade. Não poderá adiar novamente uma reforma
tributária que abra caminho à redistribuição da excessiva concentração de renda
no topo. Tampouco atingirá tal objetivo sem reforma profunda do sistema
político, partidário e eleitoral.
Nada disso será possível sem ampla aliança
que supere o sectarismo partidário ou ideológico. O governo não poderá se dar
ao luxo de desperdiçar nenhuma colaboração no
esforço paciente de construir consenso sobre meios, prioridades e prazos.
Depois de quatro anos de demolição, é preciso abertura de espírito para acolher
todos os que se disponham a trabalhar na reconstrução do Brasil.
*Diplomata, é ex-embaixador do Brasil em Washington (1991-1993) e Roma (1995) e ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda (1993-1994 e 1994, governo Itamar Franco); titular da Cátedra José Bonifácio, da USP
Mais um cara de pau que já deu posse ao Lula o ladrão , o traidor da Pátria, que assaltou de dentro do Palácio do Planalto os cofres públicos do Brasil dizendo defender os trabalhadores, que vergonha
ResponderExcluirapoiar um velho decrépito, cachaceiro que já provou que não tem a menor condição de governar a nossa nação e foi parar na cadeia de tantos crimes cometidos e de lá tirado pelo seus amigos do STF pra hoje está aí debochando da cara do brasileiro em campanha para presidente, e infelizmente com apoio do consórcio de imprensa marrom, outrora a grande imprensa nacional
E vc é mais um idiota a acreditar em mentiras e a não reconhecer que o País era melhor e mais respeitado quando Lula era Presidente!
ResponderExcluirTenho certeza de que a maior parte desse assunto está sendo discutido na Escola Superior de Guerra o que está com a impressão diabólica é a ignorância dos dirigentes de Estado em relação ao tamanho atual da máquina pública e a vontade Popular de encontrar um estadista na cidade de concreto abstrato de Brasília.
ResponderExcluirComo pode um país ser mais respeitado com Lula se os escândalos em seu governo mensalão impetrou não foram de conhecimento internacional
ResponderExcluirO juiz Sérgio Moro virou herói internacional por combater a corrupção galopante no Brasil do Lula toma jeito seu fanático
O Brasil não estava melhor, o Brasil foi assaltado pelo PT , caí na real, virou chacota internacional inclusive Obama botou em seu livro que Lula foi corrompido por bilhões de dólares
O ladrão cachaceiro vai ser jogado na lata de lixo da história
Democracia X Bolsonaro! O diplomata tem razão na sua argumentação! O genocida fez mil vezes o pior que se esperava dele. Com mais 4 anos de DESgoverno Bolsonaro, a barbárie estará normalizada em nosso país! Cadeia para o genocida!
ResponderExcluirBolsonaro vara curta na cadeia!
ResponderExcluirPode já ir se acostumando presidente reeleito!
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