Folha de S. Paulo
Senadora votou com o governo até meados do
mandato
Talvez seja evidente que Simone Tebet
venceu o debate de
domingo (28). Não só porque Lula estava apagado (e perdeu a
chance de chamar Bolsonaro de corrupto num dos poucos momentos emocionantes) e
não só porque Bolsonaro foi novamente misógino (agora com Vera Magalhães, com
quem os candidatos homens tardaram em se solidarizar).
Tebet ganhou por seu próprio mérito: clara, concisa e imagética, enquanto outros usavam siglas incompreensíveis, empregavam credenciais internacionais e jogavam números ao léu. Um desfile de homens brancos brigando pelo bezerro de ouro do dito voto feminino, sem trazer nenhuma política concreta para esse público —num debate em que não havia nenhuma jornalista negra.
O show de horror se consolidou com Lula
rejeitando um compromisso de paridade de gênero nos ministérios, a contrário do
que fizeram Boric no
Chile e Trudeau no Canadá e do que deve fazer Haddad em São Paulo.
O problema, no entanto, é que debates não
são um jogo de ganhar ou perder. No mundo real, eleições e as escolhas
políticas que elas encerram são mais complexas que um ringue.
De que vale o feminismo de Tebet para as
mulheres guarani-kaiowás, cuja existência as políticas latifundiárias por ela
defendidas destroem? Tebet defende indenização em dinheiro a proprietários e
suspensão de demarcação de terras indígenas objeto de ocupação.
De que vale o feminismo de Tebet,
"contra o aborto, salvo nos casos permitidos por lei", para as
mulheres negras e pobres que ou morrem de aborto inseguro ou saem direto do
leito para o banco dos réus, denunciadas pelos próprios hospitais, para os
quais a separação entre legalidade e ilegalidade depende do CEP e da cor?
De que vale seu feminismo quando até a
metade do mandato de Bolsonaro ela votou com o governo em 86% das matérias no
Senado? De que vale quando mulheres se tornam um bloco concreto de ouro
—monolítico, reduzido e silenciado, mas desejado por todos os presidenciáveis?
Artigo oportunista, racista,militante. Não vale nada.
ResponderExcluirMAM
Ela não é feminista-raiz.
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