Folha de S. Paulo
Conversa menos mole vai começar com
composição do Congresso, que não deve ser lá muito diferente do que saiu da
eleição municipal de 2020
Nos últimos dias, tem causado algum zunzum
a adesão de "personalidades", quadros da elite, "famosos"
ou "influencers" à
candidatura de Lula da Silva, em especial de muita gente
que jamais foi simpática ao PT ou que sempre demonstrou aversão ao
partido e a seu líder máximo, em palavras e atos.
É meio previsível, ainda mais em fim de
campanha destes tempos de redes sociais e em uma eleição de caráter
plebiscitário figadal. Se esses "influenciadores" vão influenciar
algum voto é menos provável. Talvez possam ser sintoma de um movimento
eleitoral mais amplo, do que apenas vamos saber no sábado, com pesquisas de
véspera de votação —e olhe lá.
Por ora, é possível que cerca de 22 milhões ainda possam mudar o voto, estimativa precária baseada no percentual de eleitores "voláteis", segundo o Datafolha, no eleitorado potencial e no comparecimento às urnas de 2018. Milhões desses eleitores não prestam atenção ao noticiário ou a tretas e conversas políticas de redes sociais. Talvez se decidam em trocas de mensagens de última hora pelo celular.
Faz pelo menos uma dezena de dias, como
se registrou nestas colunas, também políticos de partidos variados,
inclusive do núcleo do centrão bolsonarista (PL e PP), mandam
"recados" adesistas. Quadros "técnicos" oferecem seus
préstimos, alguns descaradamente.
Ao menos no que diz respeito à política
econômica, não pode ser adesão a um programa, que não existe. Há quem diga que
tal embarque na candidatura ora favorita significa dar "carta branca"
a Lula (até ontem, essas pessoas concediam uma "carta cinza" ou mesmo
suja, a Jair
Bolsonaro). Alguns outros afirmam que um segundo turno obrigaria o petista
a negociar apoios e, assim, a explicitar um programa.
Caso sobrevenha um segundo turno, Lula
deverá ter tido quase 50% dos votos. Seus adversários relevantes, além de
Bolsonaro, devem somar uns 12%, de resto votos que esses outros candidatos não
controlam. Portanto, há muito pouco o que negociar por aí.
A conversa menos mole vai começar quando se
souber da composição do Congresso, que não deve ser lá muito diferente do que
saiu da eleição municipal de 2020. Isto é, predomínio da direita mais marcada,
de partidos negocistas, da dúzia de sublegendas do centrão. Será preciso
verificar se as atuais lideranças políticas terão mantido sua força. Um ou
outro resultado de eleição estadual pode ser relevante, mais como sinal
—governadores não comandam rebanhos políticos.
Esses partidos fazem qualquer negócio.
Estavam aboletados no governo "desenvolvimentista" de Dilma Rousseff.
No entanto, o clima ideológico no país mudou desde o desastre que explodiu
entre 2013 e 2015, ainda mais depois que a direita mais extrema ousou gritar
seu nome. Tanto que os credores do governo, "o mercado", parecem
acreditar que algum acordo tolerável vai se arranjar, com tranquilidade
surpreendente. É o que transparece nos indicadores
financeiros relativamente tranquilos (dada a situação horrível das
contas públicas e da economia).
Donos de dinheiro dizem que o fato de Lula não ter um programa significa apenas que, caso eleito, vai ver para onde o vento sopra. Lula 3 seria, então, uma resultante da voz rouca das ruas com realismo, a pressão da feia necessidade econômica. Inventaria um programa palatável a partir daí, quase do zero. A "carta branca" seria, na verdade, uma carta em branco. As adesões seriam até mais um impulso para um acordo mais amplo, que começou a ser sinalizado desde a adesão de Geraldo Alckmin. Pode ser mero pensamento desejante, mas é o tema de muita conversa de elite.
O colunista esqueceu as adesões recentes de outras personalidades a Bolsonaro: Ronnie Lessa, Fabrício Queiroz, dr. Jairinho, Guilherme de Pádua, Silas Malafaia, Valdemar Costa Neto, Donald Trump, Vladimir Puttin. Já os amigões de Bolsonaro, Abraham Weintraub e Sergio Moro, não estão mais dispostos a apoiar seu ex-cúmplice!
ResponderExcluir"Nos últimos dias, tem causado algum zunzum a adesão de "personalidades", quadros da elite, "famosos" ou "influencers" à candidatura de Lula da Silva, em especial de muita gente que jamais foi simpática ao PT ou que sempre demonstrou aversão ao partido e a seu líder máximo, em palavras e atos"
ResponderExcluirVerdade. Ainda bem q abriram os olhos.
Daí porque LULA LÁ!
"Há quem diga que tal embarque na candidatura ora favorita significa dar "carta branca" a Lula (até ontem, essas pessoas concediam uma "carta cinza" ou mesmo suja, a Jair Bolsonaro)"
ResponderExcluirBingo! Adorei a "carta suja" ao bozo. O apoio ao biroliro é sujo, daí o embarque na candidatura do LULA.
Se a abstenção não for alta...
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