quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Bernardo Mello Franco – O capitão e a padroeira

O Globo

Presidente privilegiou evangélicos durante quatro anos; CNBB critica uso político da fé

Jair Bolsonaro vai ao santuário de Aparecida. Quer aproveitar o feriado para cortejar fiéis e produzir imagens de campanha. O capitão passou o primeiro turno em romaria por templos evangélicos. Agora tenta recuperar o tempo e os votos perdidos entre os católicos.

A ofensiva começou no último sábado, quando ele foi a Belém para o Círio de Nazaré. Viajou como candidato, mas usou a condição de presidente para desfilar num navio da Marinha. Em duas horas a bordo, não chegou nem perto da imagem peregrina. Seus interesses eram outros — e bem mais terrenos.

Bolsonaro não será o primeiro presidenciável a buscar votos no dia da padroeira. A diferença é sua condição de cristão híbrido. Ora se apresenta como católico, ora posa de evangélico. Em 2016, ele foi até Israel para ser batizado pelo Pastor Everaldo nas águas do Rio Jordão. Os caminhos da dupla se bifurcaram: um acabou em Bangu, o outro acabou no Planalto. Ao menos por enquanto.

O Episcopado já farejou a tentativa de uso político da fé. Na semana passada, o arcebispo de Belém informou que a Igreja não convidou nenhuma autoridade para a maior festa católica do país. “Não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio”, reforçou.

Ontem a CNBB emitiu uma nota ainda mais dura. “Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno”, afirmaram os bispos.

Enquanto esteve por cima, Bolsonaro nunca deu bola à Igreja Católica. No primeiro ano de mandato, alegou estar ocupado e não foi ao Vaticano para a canonização da Irmã Dulce. Esnobou o Papa Francisco e prestigiou personagens como o bispo Macedo e o pastor Malafaia, convertido em cabo eleitoral pela reeleição.

A primeira-dama transformou o palácio em local de culto, e o presidente aparelhou o Supremo com um ministro “terrivelmente evangélico”.

No subterrâneo das redes, sua campanha explora o nome de Deus e tenta enganar fiéis. Diz que o adversário é satanista e o acusa de planejar o fechamento de igrejas. Tudo delírio, mas há quem acredite. Hoje o candidato que espalha mentiras vai a Aparecida beijar a santa — a mesma que seus aliados já chutaram na TV.

4 comentários:

  1. Todo mundo sabe q o genocida instrumentaliza a religião, q explora os fiéis e q seu negócio é maçonaria pois ele mesmo já disse q "evangélicos são duros, nós precisamos do dinheiro dos maçons".
    Ve-se q palerma da República engana os dois.

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  2. PASTOR EVERALDO, eu tinha esquecido desta figura... Grande cúmplice do GENOCIDA, outro dos tantos PASTORES SAFADOS que fazem parte da quadrilha bolsonarista! O pastor Everaldo antecedeu Bolsonaro no presídio, mas o GENOCIDA logo vai encontrá-lo dentro do presídio!

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  3. Pastor Everaldo e seus dois filhos foram presos por corrupação,como se vê,Bolsonaro foi bem batizado.

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  4. Este é o tipo de família que realmente interessa a Bolsonaro, quando os filhos aprendem os crimes do pai e continuam agindo do mesmo jeito, e a quadrilha familiar se constitui numa FAMILÍCIA... Família que ROUBA UNIDA permanece unida...

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