Folha de S. Paulo
Com holofotes sobre PT, presidente quer
evitar eleição como plebiscito sobre continuidade do governo
A campanha de Jair
Bolsonaro conseguiu uma jogada importante nas 48 horas iniciais do
segundo turno: fez com que uma potencial resistência à volta do PT ganhe mais
espaço como fator de decisão de voto. O presidente vinha enfrentando uma
eleição com ares de plebiscito sobre a continuidade do governo, mas agora tenta
usar o recomeço da disputa para buscar um equilíbrio.
Dois fatos políticos de destaque nesta terça (4) contribuem para seu esforço. O governador mineiro Romeu Zema declarou apoio à reeleição do presidente com um discurso baseado na rejeição ao PT. Em São Paulo, Rodrigo Garcia se alinhou ao bolsonarismo numa decisão fincada no antipetismo histórico do estado.
O segundo turno muda alguns parâmetros da
busca pelos votos que continuam em disputa. Lula vai insistir na expansão de
seu eleitorado sob o argumento de que é preciso evitar mais um mandato de
Bolsonaro, enquanto o presidente tenta convencer o país de que é mais
importante evitar o retorno do petista.
O cenário apresenta a Lula um novo desafio.
O ex-presidente saiu do primeiro turno em vantagem e conseguiu votos que já
representavam um repúdio a Bolsonaro. Para continuar à frente, ele precisa
garantir que esses eleitores voltem às urnas, conquistar novas adesões e evitar
que o antipetismo se sobreponha ao desejo de derrotar o presidente.
Nessa batalha de rejeições, Bolsonaro
trabalha para reforçar suas próprias defesas. Nos últimos dias, o presidente
anunciou a antecipação de pagamentos do Auxílio Brasil e prometeu criar novos
benefícios dentro do programa. É uma tentativa de reduzir a sensação de
mal-estar com o governo, com o objetivo de manter a campanha no terreno da
política e da ideologia.
A frente antipetista que Bolsonaro tentou
apresentar na largada do segundo turno pode não ser suficiente para virar o
jogo, mas deixa o presidente numa situação menos desconfortável. Agora, Lula
também terá que convencer o eleitor de que não é o alvo principal da disputa.
Falta humildade em ambos candidatos. demasiado ego no jogo dos dois pilantras. Tudo farinha do mesmo saco.
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