Roberto Freire anuncia que será favorável a que o partido declare apoio ao ex-presidente
Por Vandson Lima / Valor Econômico
O Cidadania deve se tornar nesta terça-feira um
dos primeiros partidos concorrentes a anunciar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no
segundo turno da eleição presidencial.
Junto com MDB, PSDB e Podemos, o Cidadania
fez parte da aliança que lançou Simone
Tebet (MDB) à disputa pelo Palácio do Planalto. Nesta
segunda-feira, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que na
reunião da Executiva Nacional, que ocorre nesta terça-feira, defenderá que o
partido feche apoio ao candidato do PT.
Freire também tem defendido que os aliados,
que se autodenominaram “centro democrático” na eleição, sigam uma posição
conjunta em favor de Lula e contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao Valor, Freire disse que a
adesão à candidatura petista não quer dizer aliança para governar. “Posição é
posição, mesmo que para depois não ser base no Congresso”, disse.
A posição do Cidadania deve coincidir com a de Tebet, que anunciará apoio a Lula até quarta-feira, mas diverge dos outros partidos aliados da chapa. No PSDB, a tendência é liberar para que cada um apoie quem quiser. Isso porque o PSDB terá quatro nomes concorrendo a governos estaduais no segundo turno — Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Como as realidades locais são diversas, o partido teria dificuldade em ter posição única.
O MDB também está dividido. Os caciques da
sigla, em especial no Nordeste, já estavam com Lula mesmo no primeiro turno.
Mas a ala sulista do MDB, que é forte, tem posições bem mais alinhadas a
Bolsonaro, e um apoio formal ao petista pode significar uma debandada futura.
O Podemos tende a liberar seus integrantes
a se posicionarem como quiserem. Internamente, contudo, a leitura é que a
maioria tende se a declarar a favor da reeleição de Bolsonaro.
Tebet, apesar de já ter definido o que
fará, não queria se posicionar antes dos partidos que compuseram a chapa para
não constranger os aliados. Mas, como ela mesmo disse, não vai se omitir.
“Tomem logo a decisão, porque a minha está
tomada”, afirmou Tebet no domingo, logo após a apuração. No palco, ela estava
acompanhada da sua candidata a vice, Mara Gabrilli (PSDB) e de Roberto Freire.
“No máximo em 48 horas vocês decidam, porque eu vou me pronunciar. Roberto,
acelere a decisão do Cidadania. Peço ao MDB, ao PSDB e ao Podemos que façam o
mesmo. Só não esperem de mim, que tenho trajetória de vida, de luta pelo país,
não esperem de mim omissão.”
Para Freire, “Simone emerge como uma
liderança nacional que terá voz ativa e participação nos processos decisórios
que terão desenlace a partir desta terça-feira e se aprofundarão a partir de 31
de outubro de 2022. A Justiça Eleitoral e nossas instituições saem
fortalecidas”.
A senha do posicionamento de Tebet, que já
é conhecido entre aliados mais próximos, foi dada ao dizer: “eu tenho lado e
vou me pronunciar no momento certo. Só espero que vocês entendam: este não é
qualquer momento do Brasil. Este é, muito mais do que qualquer outro, um
momento de decisão e de ação”, afirmou.
A senadora tem uma série de divergências de
ordem programática com Lula, mas deve apoiá-lo como forma de evitar um
retrocesso democrático e dos direitos das mulheres. “Representamos uma grande
parte do eleitorado e da população brasileira, que são as mulheres.”
A emedebista tem sido cotada para assumir
um ministério em um eventual governo petista, com várias pastas como Justiça,
Educação, Cidadania e Direitos Humanos sendo sondadas. Tal possibilidade
começou a ser ventilada antes mesmo do primeiro turno, mas naquele momento,
Tebet rechaçou a aproximação.
Nascida no Mato Grosso do Sul e de família ligada ao agronegócio, Tebet teme que uma aproximação ao PT, ainda mais com o ingresso em um governo Lula, afete seu projeto político futuro – seu eleitorado é majoritariamente liberal e/ou conservador.
A saia justa de Simone Tebet
ResponderExcluirA ex-candidata é uma mulher de fibra, mas está mesmo num dilema: seu eleitorado próprio é predominantemente conservador, mas sua posição pessoal é rechaçar o autoritarismo/machismo bolsonarista e apoiar a democracia que cada vez mais gravita em torno de Lula. Mas, se participar do provável novo governo Lula, vai se incompatibilizar com seus eleitores no MS. Admiro sua atuação a partir da CPI da Covid, tomara que encontre o melhor caminho!
Impressiona q um político tenha posições rechaçadas por seus eleitores. Ou ela erra ou seus eleitores.
ExcluirNão é uma decisão difícil.
POR COERÊNCIA, Simone deve manter a sua opinião. Simples. E abrir mão de eleitores q não pensam como ela.
Outra opção é desonestidade.