terça-feira, 4 de outubro de 2022

Cidadania deve ser o primeiro partido a anunciar apoio a Lula

Roberto Freire anuncia que será favorável a que o partido declare apoio ao ex-presidente

Por Vandson Lima / Valor Econômico

Cidadania deve se tornar nesta terça-feira um dos primeiros partidos concorrentes a anunciar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial.

Junto com MDB, PSDB e Podemos, o Cidadania fez parte da aliança que lançou Simone Tebet (MDB) à disputa pelo Palácio do Planalto. Nesta segunda-feira, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que na reunião da Executiva Nacional, que ocorre nesta terça-feira, defenderá que o partido feche apoio ao candidato do PT.

Freire também tem defendido que os aliados, que se autodenominaram “centro democrático” na eleição, sigam uma posição conjunta em favor de Lula e contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao Valor, Freire disse que a adesão à candidatura petista não quer dizer aliança para governar. “Posição é posição, mesmo que para depois não ser base no Congresso”, disse.

A posição do Cidadania deve coincidir com a de Tebet, que anunciará apoio a Lula até quarta-feira, mas diverge dos outros partidos aliados da chapa. No PSDB, a tendência é liberar para que cada um apoie quem quiser. Isso porque o PSDB terá quatro nomes concorrendo a governos estaduais no segundo turno — Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Como as realidades locais são diversas, o partido teria dificuldade em ter posição única.

O MDB também está dividido. Os caciques da sigla, em especial no Nordeste, já estavam com Lula mesmo no primeiro turno. Mas a ala sulista do MDB, que é forte, tem posições bem mais alinhadas a Bolsonaro, e um apoio formal ao petista pode significar uma debandada futura.

O Podemos tende a liberar seus integrantes a se posicionarem como quiserem. Internamente, contudo, a leitura é que a maioria tende se a declarar a favor da reeleição de Bolsonaro.

Tebet, apesar de já ter definido o que fará, não queria se posicionar antes dos partidos que compuseram a chapa para não constranger os aliados. Mas, como ela mesmo disse, não vai se omitir.

“Tomem logo a decisão, porque a minha está tomada”, afirmou Tebet no domingo, logo após a apuração. No palco, ela estava acompanhada da sua candidata a vice, Mara Gabrilli (PSDB) e de Roberto Freire. “No máximo em 48 horas vocês decidam, porque eu vou me pronunciar. Roberto, acelere a decisão do Cidadania. Peço ao MDB, ao PSDB e ao Podemos que façam o mesmo. Só não esperem de mim, que tenho trajetória de vida, de luta pelo país, não esperem de mim omissão.”

Para Freire, “Simone emerge como uma liderança nacional que terá voz ativa e participação nos processos decisórios que terão desenlace a partir desta terça-feira e se aprofundarão a partir de 31 de outubro de 2022. A Justiça Eleitoral e nossas instituições saem fortalecidas”.

A senha do posicionamento de Tebet, que já é conhecido entre aliados mais próximos, foi dada ao dizer: “eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Só espero que vocês entendam: este não é qualquer momento do Brasil. Este é, muito mais do que qualquer outro, um momento de decisão e de ação”, afirmou.

A senadora tem uma série de divergências de ordem programática com Lula, mas deve apoiá-lo como forma de evitar um retrocesso democrático e dos direitos das mulheres. “Representamos uma grande parte do eleitorado e da população brasileira, que são as mulheres.”

A emedebista tem sido cotada para assumir um ministério em um eventual governo petista, com várias pastas como Justiça, Educação, Cidadania e Direitos Humanos sendo sondadas. Tal possibilidade começou a ser ventilada antes mesmo do primeiro turno, mas naquele momento, Tebet rechaçou a aproximação.

Nascida no Mato Grosso do Sul e de família ligada ao agronegócio, Tebet teme que uma aproximação ao PT, ainda mais com o ingresso em um governo Lula, afete seu projeto político futuro – seu eleitorado é majoritariamente liberal e/ou conservador.

2 comentários:

  1. A saia justa de Simone Tebet
    A ex-candidata é uma mulher de fibra, mas está mesmo num dilema: seu eleitorado próprio é predominantemente conservador, mas sua posição pessoal é rechaçar o autoritarismo/machismo bolsonarista e apoiar a democracia que cada vez mais gravita em torno de Lula. Mas, se participar do provável novo governo Lula, vai se incompatibilizar com seus eleitores no MS. Admiro sua atuação a partir da CPI da Covid, tomara que encontre o melhor caminho!

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    1. Impressiona q um político tenha posições rechaçadas por seus eleitores. Ou ela erra ou seus eleitores.
      Não é uma decisão difícil.
      POR COERÊNCIA, Simone deve manter a sua opinião. Simples. E abrir mão de eleitores q não pensam como ela.
      Outra opção é desonestidade.

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