O Globo
Ciro e Tebet praticamente desapareceram da
cena, abandonados por eleitores que, na última hora, sufragaram Bolsonaro
As urnas falaram, mas em língua
incompreensível para a maioria dos analistas. As sondagens eleitorais dos
institutos sérios indicavam a hipótese — na margem de erro — de triunfo de Lula
no primeiro turno. No lugar disso, os eleitores produziram um segundo turno
competitivo entre Lula e Bolsonaro. O que deu errado?
O mapa do voto traz a resposta fundamental.
O presidente extremista saiu-se muito melhor do que indicavam as pesquisas no
Sudeste e no Sul. Ao longo de diversas eleições, o PT produziu “ondas
vermelhas” de última hora. Desta vez, foi o bolsonarismo que deflagrou o
movimento inesperado, uma onda espraiada por todo o Centro-Sul em eleições para
governadores e o Congresso.
Ao que parece, as filas diante das seções
eleitorais não se deveram, apenas, ao procedimento de certificação digital.
Nelas, havia eleitores que, em tese, não iriam votar. Mais: o feitiço do “voto
útil” voltou-se contra o feiticeiro. Ciro Gomes e Simone Tebet praticamente
desapareceram da cena, abandonados por eleitores que, na última hora,
sufragaram Bolsonaro.
Qual foi a mágica?
Um mergulho no oceano de dados do Datafolha oferece uma explicação. A rejeição geral a Bolsonaro, pouco superior a 50%, é puxada para cima pelo eleitorado mais pobre, de renda inferior a dois salários mínimos (s/m). A rejeição geral a Lula, que gira ao redor de 40%, é puxada para baixo pelo mesmo estrato dos eleitores. Contudo, em todos os demais estratos, inclusive na classe média-baixa (2 a 5 s/m), a rejeição de Lula não só é superior à de Bolsonaro, como situa-se em torno do perigoso patamar de 50%. O Brasil não tão pobre saiu para votar — contra Lula.
Durante quatro anos, Bolsonaro concentrou
sua artilharia contra o voto livre, secreto e limpo garantido pela democracia
brasileira. Seus adversários entrincheiraram-se na defesa de nosso sistema
eleitoral. Nessa longa jornada, repetiram sem cessar a primazia da vontade
popular. Hoje, depois do espanto, não vale voltar atrás. É preciso respeitar o
voto — todos os votos, inclusive aqueles destinados ao presidente
antidemocrático.
Não adianta gritar “fascistas!”. A prática
disseminada nas redes sociais tem o efeito contraproducente de fechar as portas
ao diálogo e à persuasão. Respeitar significa entender as motivações de uma
massa imensa de brasileiros que não se confundem com o núcleo minoritário de
saudosistas da ditadura militar. O voto anti-Bolsonaro, como se sabe, decorre
da memória dos quatro anos de seu desastroso governo. O voto anti-Lula,
anti-PT, também deriva de uma memória, não apenas de camadas de preconceitos.
O PT nasceu em São Paulo e alcançou seus
primeiros grandes triunfos no Centro-Sul. Ao longo de quase duas décadas,
tornou-se o partido preferido por largas camadas das classes médias urbanas. O
cristal só se partiu bem mais tarde, sob os governos de Lula, fragmentando-se
inteiramente no inverno dilmista.
Hoje se sabe que Sergio Moro e seus
procuradores-militantes converteram o sistema de Justiça em ferramenta de um
projeto político. Mas a revelação não apaga o mensalão e o petrolão, cuja
existência é inegável. A memória dos escândalos de corrupção entrelaça-se à da
depressão provocada pelas políticas econômicas populistas inauguradas por Lula
e radicalizadas pela sucessora. A rejeição tem raízes políticas, não é um fruto
envenenado distribuído por atores demoníacos.
Lula sabe de tudo isso, ainda que seus
fiéis não saibam. Sua tentativa de circundar o obstáculo foi montar a aliança
com Geraldo Alckmin e chamar à formação de uma frente ampla democrática. A
iniciativa, um gesto político genial, permaneceu incompleta. Faltou dar-lhe
substância por meio de uma revisão crítica dos erros colossais do passado. O
candidato até ensaiou fazê-lo na sua entrevista ao Jornal Nacional, mas logo
recuou para sua redoma habitual. O Lula da frente ampla acabou muito parecido
com o presidente triunfalista do passado.
Agora, resta menos de um mês. O tempo curto
é suficiente para dizer que Lula 3 não será a reprodução de um filme antigo.
Sem girar o timão, Lula corre o risco de sofrer a mais dura das derrotas. E de
deixar o Brasil à mercê de um bárbaro.
Cara de pau , bárbaro é esse ladrão que comandou uma quadrilha que assaltou Brasil de dentro do Palácio do Planalto saqueando todas as estatais e seus fundos de pensão
ResponderExcluirO jornalismo brasileiro da velha mídia está uma vergonha, virou um panfleto de esquerda , vocês fazem campanha e torcem pelo Lula com a cara mais deslavada, o cinismo virou uma máscara permanente
O Instituto Datafolha e o IPEC tem que fechar as portas e pedir desculpa ao povo brasileiro
Os seus erros grosseiros intencionais que acabaram induzindo o eleitor em dúvida, a votar no ladrão
O Ministério Público Federal tem que investigar e punir os responsáveis por esses institutos fajutas
Entre o bárbaro e ladrão, só há uma escolha.
ResponderExcluirEntre o genocida e o ladrão, a escolha é óbvia!
ResponderExcluirO eleitorado de Bolsonaro é mais obstinado a votar.
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