O Globo
O Datafolha saiu no início da noite de
quinta-feira informando que o placar estava em 50% para Lula e 36% para Bolsonaro
e que 85% dos eleitores já haviam decidido seus votos. O debate da Globo
terminou de madrugada, e é razoável supor que não serviu para mexer os
ponteiros. Vai daí, só no fim do dia de hoje ou na madrugada de amanhã vai-se
saber o resultado do primeiro turno.
Desde que John Kennedy derrotou Richard
Nixon no primeiro debate transmitido pela televisão, em 1960, muitos candidatos
arrastaram as fichas nessas ocasiões. Na França, François Mitterrand moeu seu
adversário. Nos Estados Unidos, Ronald Reagan se impôs. Todos os grandes
momentos desses debates tiveram o ingrediente da seriedade associada à presença
de espírito.
Em 1981, o presidente francês Giscard
d’Estaing achou que tinha uma pegadinha letal e perguntou a Mitterrand o preço
do pãozinho.
“O senhor não é meu professor, e eu não sou
seu aluno”, respondeu o candidato socialista. Arrastou as fichas.
Lula e Bolsonaro foram para o debate com tamanha agressividade que perderam a calma.
Ganha uma coleção de sermões do Padre
Kelmon quem for capaz de repetir uma ideia nova e boa de Bolsonaro ou de Lula
apresentada durante o debate. O capitão continua repetindo patranhas de 2018,
mesmo sabendo que os ventos favoráveis que o elegeram viraram poeira na eleição
municipal de 2020.
Os 15% que poderiam mudar de voto na
pesquisa do Datafolha decidirão se a fatura será liquidada neste primeiro
turno.
Miro no tempo da civilidade
Hoje os eleitores poderão restabelecer o
primado da civilidade nas relações políticas nacionais. Os bons modos evitam
brigas de conveniência, e, quando as crises entram no palácio, saem menores.
Quando há elegância no convívio, o impossível acontece.
Aqui vão duas histórias, ambas envolvendo o
deputado Miro Teixeira.
Em 1980, Lula estava preso. Era um líder
sindical de barba negra e discurso a um só tempo novo e amedrontador. A
ditadura agonizava com o último general no Planalto. Thales Ramalho era um
deputado do MDB conhecido pela sua intransigente moderação. Conversava com
generais (poucos, porém relevantes), e a ala mais radical da oposição
detestava-o. Uma jovem e ilustre figura chegou a negar-lhe o cumprimento.
Thales nada tinha a ver com Lula, mas, de Brasília, telefonou a Miro, que
estava no Rio, pedindo-lhe que fosse a São Paulo, como deputado e advogado,
para cuidar das condições carcerárias do preso.
Miro desceu em São Paulo e, numa pequena
delegação, foi ao carcereiro de Lula. Era o delegado Romeu Tuma, outra figura
do mundo de bons modos. O policial disse-lhes que não poderiam visitar o preso,
mas se a sua mulher, Marisa Letícia, quisesse trazer algumas roupas, talvez o
delegado do próximo plantão não soubesse as normas da incomunicabilidade desse
preso. Dito e feito, Marisa visitou Lula. Thales agiu sem deixar suas
impressões digitais no lance.
Um ano depois, o caso de Lula seria julgado
no Superior Tribunal Militar (STM). Dessa vez, a operação foi conduzida por
Tancredo Neves, que nada tinha a ver com Lula. Ele chamou Miro, pedindo-lhe que
o acompanhasse ao STM, para mostrar a importância do julgamento. Dito e feito.
O Tribunal decidiu que o caso não era da alçada da Justiça Militar, e a ação
prescreveu.
Era o exercício da política com gestos,
poucas palavras e muita civilidade.
Lula devia aprender com Lula
Durante o debate da TV Globo, Lula perdeu a
calma com o Padre Kelmon, da igreja ortodoxa do Peru, ex-petista, hoje no PTB,
do deputado Roberto Jefferson. Onze entre dez cidadãos também perderiam, mas
Lula estava lá como candidato à Presidência da República.
Faz tempo, Lula estava preso no Dops de São
Paulo e foi tirado da cela no meio da noite. No caminho, achou que ia apanhar.
O então dirigente sindical foi levado para
uma sala onde o apresentaram a um assessor da Secretaria de Segurança, que
desejava conversar com ele. Era mentira, o assessor era um oficial do Serviço
Nacional de Informações e havia um grampo na sala.
A conversa durou cerca de uma hora, e a
transcrição circulou em Brasília.
Lula deu um baile no inquisidor. Ele queria
saber se Lula tinha um canal secreto de comunicação dentro do governo e ouviu o
seguinte.
— Durante esse processo, ninguém falou mais
com autoridade do que eu. Reclamamos pela situação do trabalhador, como era que
ele se encontrava (...) A gente sentia a coisa... Ninguém estendia a mão para o
trabalhador, quer dizer, vamos fazer um negócio e colocar na mão do
trabalhador.
Muralha no TSE
Há uma muralha no Tribunal Superior
Eleitoral, formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski,
Cármen Lúcia e Benedito Gonçalves.
Têm votado juntos, sempre contra as
maracutaias.
Observadores da eleição
Estão no Brasil cerca de 30 observadores
internacionais.
Depois de acompanhar a votação e a
totalização do resultado, alguns deles estão prontos para anunciar ao mundo
suas conclusões.
Lula mudou a escrita
Lula alterou a escrita dos candidatos a
formar frentes de apoio às suas campanhas. Pelo protocolo, o apoio de notáveis
era buscado a partir do início da campanha oficial. Por tática ou pelo simples
movimento da roda, Lula recebeu-os no finalzinho do segundo tempo.
Foi o caso das manifestações de Joaquim
Barbosa e do economista André Lara Resende. Barbosa significou uma poderosa
vacina contra o reaparecimento das denúncias de corrupção ocorridas nos
governos petistas.
Só o tempo dirá se o apoio de Lara Resende
significará algo mais do que uma simples declaração de voto.
Vigarista
Chegará às livrarias americanas na
terça-feira “Confidence man” (“Vigarista”, em inglês), da repórter Maggie
Haberman
É uma biografia de Donald Trump, cuja
presidência ela cobriu para o New York Times, e cuja vida ela escarafunchou.
Quem já o leu informa que, para a repórter,
a chave que explica sua presidência está na sua origem na cultura da
malandragem da periferia de Nova York (cidade em que ela foi criada e vive).
Conta outra, doutor
Surfando a onda de promessas da campanha
eleitoral, o ministro Paulo Guedes disse o seguinte:
“Tem um grupo de fora que quer comprar uma
praia numa região importante do Brasil, quer pagar US$ 1 bilhão. Aí você chega
lá, pergunta: vem cá, vamos fazer o leilão dessa praia? Não, não pode. Por quê?
Isso é da Marinha.”
Em 2018, durante a campanha eleitoral,
Guedes já propunha esse feirão de imóveis da Viúva. Dizia que esses imóveis
valeriam R$ 1 trilhão. Admitindo-se que essa carteira existisse, à época ele
foi advertido por um economista de respeito de que a promessa não ficava em pé.
Admitindo-se que, mesmo assim, ele estivesse certo, fica uma pergunta: passados quatro anos, tendo incorporado vários ministérios, ele continua prometendo o mesmo feirão?
LULA PRESIDENTE HOJE!
ResponderExcluirAH, gado, sei q torces pro seu tocador de berrante ir pro 2o turno.
Acontecendo, LULA GANHARÁ LÁ.
VIGARISTAS - Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro.
ResponderExcluirIsso!
ExcluirAs novelas contribui com as mudanças de comportamento das pessoas, com brigas fisicas, principalmente entre mulheres, com xingamentos e baixarias e a internet aperfeiçoa. As boas maneiras estão em fase de extinção. As pessoas dia a dia ficam mais agressivas.
ExcluirÉ,eu sou pela paz,agressividade não resolve nada.
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