sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Mariliz Pereira Jorge - A esquerda cirandeira não aprende

Folha de S. Paulo

Se eleição dependesse de famosos, Freixo seria governador e Molon, senador, pelo Rio

Recebi um vídeo lindo, produzido pela Companhia das Letras, em apoio a Lula. Escritores abrem livros e formam a letra L com páginas tão bem escritas. Sou fã de muitos deles, mas me perguntei onde, diabos, estão com a cabeça. O zap da tia Neide inundado de fake news e a esquerda faz produção "good vibes". Calma que piora.

No começo da semana, a deputada eleita Erika Hilton (PSOL-SP) me disse que Simone Tebet está certa ao aconselhar que as pessoas parem de cantar que vai dar "PT". Fato, é preciso conquistar aquele que é mais antibolsonarista do que antipetista. A realidade? Será lançado um novo jingle da música Lula-lá. Mas no clipe, a maioria dos artistas deve abandonar o vermelho e vestir branco. Agora vai.

Essa esquerda cirandeira não enxerga o tamanho da encrenca. Não entende que perdeu capacidade de influenciar o eleitor, não muda um único voto e ainda passa uma postura elitista e arrogante. Se eleição dependesse de famosos, Freixo seria governador e Molon, senador, pelo Rio.

A campanha de Lula também parece perdida e não ganha pontos. Mesmo diante da fala criminosa de Bolsonaro sobre as venezuelanas, ele cresceu nas pesquisas, que apontam tendência de empate técnico. Os eleitores não se comovem com nada, sinal de que o populismo reacionário pode virar o resultado.

Seu Agenor, marceneiro que trocou a minha porta, me mandou vídeos que mostram como o PT vai transformar o país numa ditadura comunista, gayzista, cheia de pedófilos, maconheiros e abortistas. Não sei mais o que dizer, mas por enquanto ele não me bloqueou.

Vamos acordar. Lugar de artista é onde o povo está. Vão às ruas conversar com as pessoas, batam às portas, sentem-se no bar com desconhecidos e mostrem a tragédia de um segundo mandato de Bolsonaro. Jane Fonda, aos 85 anos, diagnosticada com câncer, continua ativa politicamente. E você, o que tem feito além de ativismo de sofá?

 

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