Folha de S. Paulo
A frente do 'não' também é a do 'sim' à
civilização
Estaríamos, como país, dando um passo
civilizatório a mais se uma frente ampla tivesse se formado, de caráter
duradouro, tentando levar adiante um programa de, vá lá,
"modernização" do Brasil. Essa palavra escrita entre aspas é sempre
complicada, e eu não ignoro os sortilégios que traz, assim, embrulhada em papel
de presente. "Modernos" à moda Paulo Guedes —esses
reacionários que se vestem de liberais em festinhas, mas praticam canibalismo
social em festins— acham "moderna", por exemplo, a não
obrigatoriedade de corrigir o salário mínimo pela inflação.
Entendem que tal imposição legal seria uma forma de tabelamento da mão-de-obra, o que inibiria os investimentos. Sei. Num país em que pelo menos 34% dos trabalhadores ganham até dois mínimos —a depender da métrica, esse índice passa dos 50%— e em que 51,2% dos adultos (69,5 milhões) não concluíram o segundo grau, fazer pregação contra a correção é conversa de nababos que concentram renda enquanto os pobres flutuam só ao sabor do mercado.
Veio a público nesta quinta, enquanto
escrevo esta coluna, o apoio
explícito do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à candidatura de Lula.
Ela se segue à declaração de voto de praticamente todos os economistas que
desenharam ou que cuidaram do Plano Real. O PSDB da social-democracia —pouco
restou daquela história no aparelho partidário remanescente— se junta ao líder
maior do PT, numa união que a história se esqueceu de celebrar há mais de 20
anos.
Se eu me dedicasse à atribuição de
responsabilidades para chegar às causas de tal "esquecimento",
estaria a abrir um oceano de mágoas. Por que o PSDB precisou do PFL para
implementar o Real, em vez de fazê-lo com os progressistas do PT? Por que o PT
teve de buscar o Centrão para a ampliação dos direitos sociais, em vez de
contar com o suporte dos tucanos? Todos os países têm uma história de glórias e
conquistas no capítulo das coisas que poderiam ter sido e que não foram...
O que não se conseguiu operar em tempos de
maior fartura democrática, convenham, realiza-se agora à beira do abismo. E,
insisto, não faço essa observação com os olhos de um Catão a vituperar contra
os erros do passado. O moralismo é sempre reacionário. Miro o futuro.
Precisamos tentar compreender por que metade dos que votam — pouco mais ou
pouco menos, e isso fará uma diferença enorme — condescende, quando não
compactua, com a truculência, com a discriminação e com a necropolítica.
Haveremos de identificar o que eu ousaria
chamar de a "genealogia da impiedade". É evidente que a história do
Brasil sempre foi mais cruel do que a beatitude de manual. Mas não há como
ignorar que, a partir de um determinado ponto, também se foi perdendo o pudor.
E, como escreveu Castro Alves em "O Navio Negreiro", os desgraçados,
hoje, não encontram na sociedade, com frequência, mais do que o "rir calmo
da turba que excita a fúria do algoz".
A
mais recente pesquisa Datafolha e outras que a antecederam não nos
permitem antecipar se a maioria dos votantes escolherá a resistência
democrática ou dará mais quatro anos (só isso?) ao arruaceiro que ataca o
estado de direito e ambiciona o autogolpe. Bolsonaro cometeu uma penca
impressionante de crimes na boca da urna (também) para voltar a ser
competitivo. E seus esbirros aplaudem o seu destemor e a sua determinação em
transgredir os limites que lhe impõe a Constituição.
Assim, seria perfeitamente justificável que
se tivesse criado uma frente ampla que, em princípio, se afirmasse apenas
negativamente. Não haveria nada de errado em que as pessoas se unissem contra o
que não querem. A alternativa é a autocracia com "bolsolão".
Na
"Carta para o Brasil do Amanhã", Lula escreve: "O
Brasil não pode ficar entregue a pessoas que questionam nosso processo
eleitoral, procurando criar condições para golpes e aventuras totalitárias. O
Brasil não pode estar submetido a um governante que agride sistematicamente o
STF e o TSE e já ameaçou fechar o Congresso".
Ou pode? Assim, o que se tem também é uma
frente ampla do "sim". Sim à civilização.
Esse Jegue é revoltante; todo mundo sabe como enriqueceu e como foi o pai mandado do Pinochet, veio com aquele snobismo todo para cima dos brasileiros porque o burraldo do bozo não entende de economia e de nada valorizando o Jegue e ele começou a se achar o tal. Não é nada o coitado, não fez nada que prestasse e veio com suas ideias macabras de vampiro morto de fome de dólares. Acha que só ele pode ser rico . Sai falando mal da economia em Washington, no futuro governo Lula. Nem para falar bem do país ele presta. A sua professora (o) em Chicago,
ResponderExcluirnem lembra- se dele . Tomara que o Lula o bote para correr do Brasil e que a gente nunca mais ouve falar dele. Em tudo ele embute um imposto ou, passa por cima das leis. Além de ser feio como o Diabo.
Puxa saco do Bozo e pau mandado do Pinochet, a pior ditadura que já existiu, que assassinou o Allende mesmo gele tendo sido eleito para presidente do Chile. Uma vergonha inesquecível.
ResponderExcluirIsabel Allende sobrinha do Allende conta a história em seu magnífico livro: “Casa dos espíritos”.
ResponderExcluirBem que vc avisou sobre o bozo , vc.
ResponderExcluirfoi o primeiro a saber o tipinho que ele é.
"Precisamos tentar compreender por que metade dos que votam — pouco mais ou pouco menos, e isso fará uma diferença enorme — condescende, quando não compactua, com a truculência, com a discriminação e com a necropolítica."
ResponderExcluirSe isto não é a banalização do mal, não sei o que é...
É a banalização do mal,claro.
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