sábado, 26 de novembro de 2022

Alvaro Costa e Silva - Golpista demais se atrapalha

Folha de S. Paulo

Brasil adota o cambalacho como nova identidade nacional

Aviso aos internautas: há um novo golpe, de simples funcionamento, envolvendo nudes. Homens recebem fotos e depois passam a sofrer chantagem e extorsão, para que não sejam denunciados por pedofilia. Uma única quadrilha movimentou mais de R$ 5 milhões, fazendo vítimas em todo o país. É outra das bem-sucedidas vigarices virtuais que substituíram os contos do vigário aplicados nas ruas.

O Brasil não tem a exclusividade do cambalacho, mas ocupa atualmente um lugar de vanguarda e experimentação. É como se tivéssemos abandonado antigos comportamentos de nossa identidade caseira — o jeitinho, a carteirada, a cervejinha do guarda — para passar à condição de golpistas de fama internacional. A prova foi a prisão nos Estados Unidos de uma mulher que se dizia guru espiritual e namorada de Leonardo DiCaprio; na verdade, ela comandava uma rede de prostituição.

Na política já ganhamos a Copa, exportando táticas usadas mundo afora. Toleramos um presidente —se é que se pode chamar assim um charlatão — que passou quatro anos atuando fora das quatro linhas, para usar uma expressão do seu agrado, e tramando para se tornar um ditador de republiqueta. Não conseguiu, perdeu nas urnas, mas não quer largar o osso. A fim de não se comprometer, age em silêncio covarde para incentivar "manifestações" — como os atos antidemocráticos e violentos são chamados na lógica da velhacaria.

Não se pode dizer que falta diversidade ao bando. Reúne deputados, generais, empresários, exploradores da fé, policiais, advogados de porta de cadeia, desembargadores de pijama, milicianos e terroristas a soldo, influencers, doidos varridos e um ministro do TCU.

Até o presidente do partido que elegeu a maior bancada do Congresso pediu a anulação de milhões de votos sem apresentar provas. Levou uma invertida: multa de quase R$ 23 milhões e bloqueio do fundo partidário. Golpista demais se atrapalha.

 

2 comentários:

  1. "A fim de não se comprometer (referindo-se ao bolsonaro) , age em silêncio covarde para incentivar "manifestações" — como os atos antidemocráticos e violentos são chamados na lógica da velhacaria."

    Verdade. O genocida é covarde e usa o gado descartável q cometem crimes em seu nome. São vários os casos mas destaco o PRF Silvinei e o PL Valdemar, ambos encrencado com a Justiça.

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  2. "Não se pode dizer que falta diversidade ao bando. Reúne deputados, generais, empresários, exploradores da fé, policiais, advogados de porta de cadeia, desembargadores de pijama, milicianos e terroristas a soldo, influencers, doidos varridos e um ministro do TCU."

    Diverso, de fato. Impressiona a facilidade com q foram cooptados a fazer o mal por procuração.
    Afinidade explica. A-FI-NI-DA-DE ideológica. Dinheiro e poder estão dentro disso.

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