Folha de S. Paulo
Atos insanos ameaçam a governabilidade do
país
Desde a redemocratização, "nunca antes
na história deste país" se viu tanta mentira, tanta violência (política,
de gênero, nas relações pessoais), tanta violação às regras do jogo, tamanho
desrespeito às instituições quanto neste pleito de 2022.
Como se sabe, o vale tudo pelo poder incluiu ofensas pessoais a ministros da Suprema Corte, assédio eleitoral, uso indiscriminado de verbas públicas e promessas sem lastro. Nem mesmo a fé professada pela maioria do povo (50% dos brasileiros se declaram católicos) foi respeitada.
Em que pese o fato de o Estado brasileiro ser laico, pareceu absolutamente adequado quando o papa Francisco evocou a intercessão divina da padroeira do Brasil em favor do nosso povo, pedindo que Nossa Senhora "Aparecida livre os brasileiros, do ódio, da violência e da intolerância."
Sobretudo agora que a votação acabou, mas deixou como saldo uma nação dividida de maneira sem precedentes e envolta numa névoa de suspeição criada artificialmente por boatos e mentiras fabricados e disseminados sem parar.
Em respeito à soberania do voto e à vontade da maioria, é preciso abrir mão dessa realidade paralela na qual a esfera dos desejos se sobrepõe aos fatos. Chega de fabricar dossiê, de criar denúncias sem fundamentos, de fazer ameaças, de alimentar a animosidade, de se deixar levar por mentiras sem pé nem cabeça, de cometer atos insanos que colocam em risco a governabilidade do país.
Deixar de lado as divergências em respeito ao Estado democrático de Direito é
imperativo. Mas a tarefa fica mais difícil quando se está entorpecido e
determinado a tratar o oponente como inimigo.
Por isso a hora é de demonstrar o apoio recorde declarado à democracia por 79% dos brasileiros, que afirmaram ao Datafolha que essa "é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo." É tempo de colocar o "Brasil acima de tudo", para o bem de todos. É preciso saber perder.
É preciso saber perder... Fato!
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