Folha de S. Paulo
Autorização de gastos extras dará pistas
sobre relação com Lira e disciplina de possíveis aliados
O terceiro governo Lula começou pelo
Congresso. A primeira medida da equipe de transição foi uma proposta para
contornar o teto de gastos e garantir o pagamento do que os
petistas voltaram a chamar de Bolsa Família. A votação desse projeto será o
teste político inaugural da gestão do futuro presidente.
Dirigentes dos principais partidos da
Câmara e do Senado entendem que uma proposta que tem como objetivo a
sustentação de um programa social tende a enfrentar resistência limitada. Eles
apontam, no entanto, que as negociações podem ser determinantes para antecipar
movimentos políticos que só seriam feitos a partir de 2023.
A votação força o estabelecimento de uma relação de boa vontade entre o futuro governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ainda que o deputado não tenha sinalizado ser contra a proposta, ele tem nas mãos o poder de ditar o ritmo de sua tramitação. Petistas têm pressa porque a folha de pagamento de janeiro do Auxílio Brasil roda já em dezembro.
Durante a campanha, Lula criticou Lira e
falou que o país tinha o pior
Congresso da história. A eleição não mudou o
rol de deputados e senadores do país de maneira significativa,
o que sugere que o próprio Lula pode ser obrigado a mudar.
O plano original do PT era driblar o
centrão, formar uma aliança alternativa e desalojar Lira. Agora, alguns
integrantes do partido falam em aceitar uma composição com o atual presidente
da Câmara, sob novos critérios. A votação da proposta que autoriza gastos
extras pode dizer até que ponto uma relação amistosa é viável —e qual será o
custo.
No mesmo processo, legendas interessadas em
fazer parte da base de Lula (MDB, PSD e União) poderão dar uma amostra da
disciplina que são capazes de obter em suas bancadas para entregar votos.
Por fim, será possível ter uma dimensão da
oposição sistemática feita por bolsonaristas, além de mapear o
comportamento de partidos que sustentam o governo (PL, PP e
Republicanos) e, agora, podem se dividir.
Pois é,Bolsonaro,tudo passa...
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