O Globo
Presidente eleito concentra expectativa,
mas tem de fugir de velhos vícios
A ida de Luiz Inácio Lula da Silva à COP27,
no Egito, é a melhor síntese, até aqui, das enormes expectativas e dos
complexos desafios apresentados diante do petista para seu terceiro mandato. Os
olhos dos líderes mundiais estão todos voltados para o presidente eleito, como
se Jair Bolsonaro, cujo paradeiro é incerto e irrelevante, a esta altura, já
fosse página virada.
Prova disso foi o discurso melancólico, de
fim de feira, proferido pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em que,
em tom irônico e ressentido, voltou a minimizar a emergência climática ao
chamar os discursos de “ufanistas" e “populistas”.
A verdade é que ele era um estranho naquele ninho, designado a participar de uma cúpula para a qual seu chefe nunca deu a mínima, que dirá agora, quando está num misto de negação e incentivo velado ao golpismo que tomou as ruas desde que foi derrotado por Lula, a estrela da festa egípcia.
Diante desse contraste, ampliado pelo
reconhecimento reverente do mundo a Marina Silva no evento, fica evidente que
existe uma enorme responsabilidade para o governo Lula na seara climática e
ambiental. Sim, é verdade que suas gestões foram marcadas pela criação do
arcabouço de fiscalização de crimes ambientais e pela redução dos níveis de
desmatamento.
Mas também é verdade que houve choques
entre Marina e as áreas de energia e infraestrutura do governo, Dilma Rousseff
à frente, que isso levou à demissão do maior símbolo brasileiro em matéria
ambiental e que o governo Dilma escancarou essa opção por um vetor de
desenvolvimento que muitas vezes viu o meio ambiente como obstáculo. Essa visão
ficou para trás no mundo, e será um erro grave, gerador de frustração entre os
tomadores de decisão que agora estendem o tapete vermelho ao presidente eleito,
se ele se perder nessa ambiguidade.
Se superar o negacionismo de Bolsonaro e de
seus ministros opacos é a obrigação de alguém eleito, entre outras razões, para
se contrapor a isso, o sarrafo está mais alto, as exigências são mais
sofisticadas e de difícil execução, e só pedir dinheiro aos países ricos não
adiantará sem que o Brasil saia do falatório e parta para a ação,
principalmente retomando de pronto a governança sobre a Amazônia.
É correto que Lula leve à COP o discurso de
que não são incompatíveis as ações para responder aos riscos climáticos e a
necessária superação do flagelo da fome e da miséria, agenda central de sua
campanha e da gestão que continua.
As formas de compatibilizar as duas urgências
representarão o pulo do gato da volta ao tabuleiro diplomático, em matéria
climática e nos demais fóruns, e a ação condizente com uma realidade em tudo
diversa da que o próprio Lula conheceu em seus dois governos anteriores.
Essa constatação parece óbvia, mas algumas
das escolhas da transição mostram que o presidente eleito para sua terceira
jornada ainda tem a boca torta pelo vício de velhos cachimbos. A começar pela
em tudo desastrada “carona” a bordo do jatinho do empresário José Seripieri
Junior, investigado e preso na Lava-Jato.
A opção descuidada por topar o mimo revela
que Lula e o PT até hoje não têm a dimensão exata de que grande parcela da
sociedade não relevou as acusações de corrupção que pesaram contra os governos
dos partidos, em que o compadrio com empresários amigos foi parte fundamental.
Os desvios da Lava-Jato e a inclinação
política de varrer o PT do mapa eleitoral, evidenciada pelos desdobramentos
posteriores da operação, reabilitaram o petista a voltar ao poder e realizar o
mais difícil entre os mandatos para os quais foi eleito.
Estar à altura da dimensão épica desse
desafio começa por entender que nada será como antes. Começando pela
camaradagem com favores de lado a lado com companheiros, passando por temas
complexos como a pauta climática e culminando na “tal” estabilidade.
Mais uma que queria que Lula num avião 'vistoriado' pelo nanoGeneral Heleninho, o Pulha!
ResponderExcluir(Teori, Ulisses, Eduardo, JK...)
Nunca aprendem!
Tanta imaginação! Comparável às teorias de conspiração do Trump. Brasil sempre copiando, não é a toa que somos igualados a macaquitos . Atraso!
ResponderExcluirSe a referência a corrupção dói não deveria ter praticado.
ResponderExcluirO ministro Joaquim Leite é tão canalha e criminoso quanto seu antecessor e guru Ricardo Salles, apeado do cargo por excesso de denúncias e total falta de confiança da sociedade, do MPF e do Judiciário, depois de ser acusado pela polícia americana. O boiadeiro foi eleito depois de ser demitido, mas deixou seu cúmplice e auxiliar Joaquim Leite pra fazer o serviço SUJO que não havia sido finalizado! Ministros do Meio Ambiente CANALHAS que confessam não priorizar a fiscalização e ainda se ORGULHAM de cometer tantas OMISSÕES!
ResponderExcluirReinaldo Azevedo disse que Lula não cometeu nenhuma ilegalidade ou imoralidade indo viajar de jatinho particular.
ResponderExcluirO que o Reinaldo fala é a pura verdade
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