O Globo
Presidente transformou a pasta mais
importante de um governo num parque de diversões negacionista
O relatório do Tribunal de Contas da União
entregue ao governo de transição com o estrago provocado pelos quatro anos de
Jair Bolsonaro na Saúde é uma mostra do que deverá ser radiografado em quase
todas as áreas da administração: ideologia demais, gestão de menos.
Bolsonaro transformou a pasta mais
importante de um governo num parque de diversões negacionista. Trocou um
ministro que entendia do assunto, Luiz Mandetta, no início de uma pandemia,
porque ele lhe fazia sombra ao dar entrevistas diárias e porque não endossava
seu boicote ao distanciamento social e às demais medidas protetivas.
Loteou a pasta entre militares e olavistas,
com os resultados conhecidos. Tanto vilipendiou as vacinas, sem nenhum ganho
político evidente, só por seguir uma cartilha da extrema direita internacional
de destruição da ciência, que o Plano Nacional de Imunizações, um orgulho
nacional, está em petição de miséria.
Não foi à toa o chilique do presidente quando questionado no primeiro debate do pool de veículos de imprensa, no primeiro turno, a respeito da baixíssima cobertura vacinal para todas as doenças, inclusive algumas já erradicadas, e da relação que isso guarda com os ataques sem fundamento às vacinas contra a Covid-19. Bolsonaro sabia a bagunça que deixava enquanto só se preocupava com a reeleição a qualquer preço (e bota preço nisso; alô, defensores do teto de gastos feito letra morta em nome de votos!).
O governo Lula terá de trabalhar sobre
escombros para reerguer o PNI, reorganizar o SUS e restabelecer a cooperação
com estados e municípios, transformados em inimigos pela gestão atual. Terá de
fazê-lo sem que a pandemia tenha terminado e diante da evidência de que novas
ondas e novas variantes do coronavírus estarão à espreita por um bom tempo, o
que demandará uma política permanente e um protocolo seguro para vacinação
periódica e campanhas de conscientização.
Tudo diferente do que o governo continua
fazendo, não tendo aprendido absolutamente nada com 700 mil brasileiros mortos.
A simples fotografia da reunião da transição, com o time atual sem máscara e o
que chega mascarado, é um símbolo gráfico e imediato da mudança de mentalidade
que haverá na pasta a partir de janeiro.
Mas a que preço? Se em todos os ministérios
excesso de fanatismo ideológico custa, na Saúde esse preço se conta em
cadáveres. Graças a Augusto Aras e seu gabinete, os crimes cometidos na gestão
da emergência sanitária seguem sem investigação. Em qualquer país, em qualquer
momento da História, uma administração que se recusasse a comprar vacinas no
primeiro momento diante de um vírus descontrolado e letal, que demorasse a
socorrer cidades com oxigênio e que investisse contra medidas baratas, simples
e eficazes como o uso de máscara só para fazer guerrilha política seria julgada
de imediato.
O trabalho feito na Saúde — o time atual e
o novo frente a frente, com os órgãos de controle fornecendo material técnico
para a prospecção de dados — deveria ser exemplo para todos os grupos da
transição.
Não há tempo a perder com correção de
representatividade agora, quando a missão é apenas subsidiar quem assumirá com
o maior número de informações possível, inclusive sobre os dispositivos-bombas
a ser revogados de imediato após a posse.
A discussão acurada que garanta a mulheres,
pessoas negras e indígenas, LGTBTQIA+ e aos grupos políticos não petistas que
apoiaram Lula assento numa gestão que precisará ser ampla e eficaz, sob pena de
ser constantemente emparedada pela extrema direita não democrática, tem de ser
feita em paralelo, por Lula e Geraldo Alckmin.
Dos grupos técnicos se espera acuidade na
mineração. Pois há muitas minas terrestres no caminho e muito pouca
transparência onde quer que se cave.
"O governo Lula terá de trabalhar sobre escombros ..."
ResponderExcluir"...há muitas minas terrestres no caminho e muito pouca transparência onde quer que se cave."
O genocida destruiu o Brasil. Deixou terra arrasada.
O canalha deixou morreu mais de 400 mil pessoas cuja morte era evitável, se o GENOCIDA não tivesse sabotado o seu próprio ministério da Saúde. Os brasileiros que sobreviveram enfrentam hoje e continuaram sofrendo nos próximos anos as consequências da MILITARIZAÇÃO do ministério da Saúde durante a pandemia. Que país do mundo teve um GENERAL como ministro da Saúde no AUGE DA PANDEMIA? O que Pazuello entende de SAÚDE? Ele só obedecia o que o GENOCIDA mandava... E o que Bolsonaro entende de SAÚDE pra querer mandar neste ministério?? Agindo com tamanha incompetência e irresponsabilidade, a ação de Bolsonaro tem que ser vista como GENOCIDA, sim! Ele sabia que estava condenando à morte milhares e milhares de brasileiros!
ResponderExcluirSó por Deus.
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