sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Bruno Boghossian - Sempre cabe mais um?

Folha de S. Paulo

Apetite demonstrado por partidos dá corpo a disputa azeda que inclui o próprio PT

Depois que as peças mais sensíveis do futuro governo começaram a se encaixar, uma disputa azeda ganhou corpo entre aliados de Lula. Mesmo com a provável expansão da Esplanada dos Ministérios para além de 30 pastas, o excesso de candidatos aos cargos mais vistosos alimentam um mal-estar dentro e fora do PT.

A partilha de ministérios ficou mais apertada nesta semana com o apetite demonstrado por novos aliados. Lula conversou com grandes partidos e deixou o balcão aberto para que cada sigla indique ao menos dois nomes para o primeiro escalão.

Não se sabe ainda como acomodar os interesses de todas as legendas —e dos grupos dentro de cada sigla. No MDB, por exemplo, há uma disputa entre os senadores Renan Calheiros e Eduardo Braga por uma das indicações. Braga, aliás, quer o Ministério de Minas e Energia, mas o PT também gostaria de ocupar a pasta.

União Brasil e PSD também devem ficar com dois ministérios cada, mas os partidos também querem avançar sobre outros espaços. A primeira legenda pretende manter o controle da Codevasf, estatal que se tornou símbolo das emendas do centrão. A segunda quer emplacar um dos principais aliados do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, numa empresa pública de peso.

O xadrez preocupa petistas que acompanham a montagem do governo. Eles relatam que algumas siglas tentam driblar a divisão de espaços. O PSB considera Flávio Dino uma escolha pessoal de Lula e reivindica outras duas pastas. O MDB também não inclui Simone Tebet entre as indicações do partido.

Há outros fatores em jogo. Lula sinalizou que vai seguir critérios de gênero, raça e região para formar o retrato completo da Esplanada. Se o cearense Camilo Santana (PT) for escolhido, a também cearense Izolda Cela (PDT) perde força (e vice-versa).

O aperto pode afetar o espaço do PT no governo. Lula disse a aliados que não há vaga garantida nem para a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante.

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