sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Bruno Boghossian - Uma base aliada em construção

Folha de S. Paulo

Com sequelas das negociações partidárias, petista precisará manter negociações para ter base sólida

Os lances feitos por Lula para acomodar aliados na Esplanada dos Ministérios deram cara à base governista, mas também devem engordar um time de dissidentes no Congresso. As articulações com a União Brasil, que ganhou três pastas, vão deixar sequelas na relação entre a legenda e o novo presidente.

Quando um partido recebe as chaves de espaços cobiçados no governo e se recusa a vestir o boné de aliado, é sinal de que algo deu errado. Integrantes da União indicaram ministros da Integração, das Comunicações e do Turismo, mas dirigentes dizem que as bancadas do partido serão independentes no Congresso.

O anúncio é resultado de uma divisão que o próprio Lula ajudou a aprofundar. O presidente eleito privilegiou o senador Davi Alcolumbre na escolha dos ministros da União Brasil, deixando de lado outros grupos de poder dentro do partido.

Até alguns integrantes da cúpula da legenda ficaram de fora das conversas. O grande escanteado foi o líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento. O deputado chegou a ser convidado para ser ministro da Integração, mas foi desconvidado menos de uma semana depois.

Lula azeitou a máquina do governo para ter o apoio dos 10 senadores da União, mas comprou um problema com o coordenador dos 59 deputados do partido. Nas palavras de um dirigente, Elmar ficará com o veto a seu nome entalado na garganta.

O desarranjo pode pôr em risco a maioria de Lula na Câmara. Se a bancada da União decidir retaliar, o governo terá uma base sólida com apenas 228 das 513 cadeiras da Casa.

O quadro vai exigir de Lula novos acertos políticos em 2023. Um deles será uma negociação no varejo com deputados da União, que serão atendidos na liberação de verba dentro das pastas controladas pela legenda.

Aliados do petista também não descartam uma mudança ministerial precoce para atrair mais aliados, como o Republicanos. Com pouco espaço livre no primeiro escalão, Saúde e Educação já são cobiçados para uma futura partilha de cargos.

 

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